domingo, 22 de fevereiro de 2009

Porquês e paraquês de um projeto cultural

Em 2008, o novo ministro da Cultura brasileiro, Juca Ferreira, apresentou a segunda edição do Plano Nacional de Cultura (PNC), um importante instrumento para o desenvolvimento humano em nosso país, que tem um ministério especial para a Cultura há poucos anos. O documento está disponível na internet, e espera por novas contribuições.

Esse grande projeto nacional tem um sentido maior neste momento de crise mundial, onde os possíveis investidores precisam de mais estímulos e fundamentos para apostar na cultura. O orçamento do país inclui 0,6% para cultura, mas as atividades dessa área já representam 7% do PIB. Nos próximos dias comentarei algumas das informações contidas no PNC.

O blog Em busca da ignorância perdida, de Jorge da Cunha Lima (ex-diretor da TV Cultura), dá os parabéns ao ministro e justifica a importância do documento com vários porquês (veja o post). Parece óbvio ou vago o que diz, e ainda com muitos termos negativos, mas vejamos como fica se transpomos essas ideias a Pelotas.

Precisamos de um projeto cultural devido a muitos "porquês":

  • porque os valores artísticos nacionais [em Pelotas], não consagrados no mercado comercial da arte, são ainda desconhecidos;
  • porque o acesso à cultura ainda é privilégio de uma minoria absoluta da população;
  • porque não cultivamos os valores nacionais [em Pelotas] nem selecionamos os valores universais;
  • porque as instituições culturais destruidas pelo Collor [capitalismo?] ainda patinam na burocracia do desmanche;
  • porque não existem geografias culturais solidárias, capazes de maximizar os recursos criativos e institucionais de cada [de nossa] região cultural;
  • porque não existem sistemas nacionais [em Pelotas] para organizar os arquivos, os museus, as bibliotecas e os centros culturais;
  • porque ninguém ainda entendeu que não existe educação sem cultura numa nação [numa Pelotas] que se respeita;
  • porque a comunicação privada nos priva de qualquer nível cultural e a comunicação pública se debate na falta de gestão e de recursos.
Essas queixas bem-intencionadas escondem os objetivos propostos. Transformemos os lamentos em frases positivas. Precisamos de uma política cultural nossa para conseguir:
  • conhecer e reconhecer nossos valores e talentos,
  • incluir o máximo de pessoas no acesso às criações culturais,
  • cultivar nossa identidade local, no contexto da cultura universal,
  • dar liberdade aos criadores e fortalecer as entidades culturais,
  • configurar uma geografia cultural solidária, que maximize os recursos da região,
  • instituir um Sistema Regional de Cultura, que articule as instituições e suas atividades,
  • vincular educação e cultura, saúde e cultura, felicidade e cultura,
  • aumentar a 2% o orçamento municipal designado à cultura.

Imagens proporcionadas pelos artistas:
"Charqueada", de Manoel Soares Magalhães.
Ândrea Rodrigues, do Estúdio Unidança.

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