domingo, 1 de março de 2009

Concentração dos cinemas no Brasil

O Plano Nacional de Cultura (PNC, p. 35 - veja o texto da 2ª ed.) apresenta alguns diagnósticos da realidade cultural brasileira, como parte de uma discussão que deverá ocorrer em diversos âmbitos. Na informação sobre o cinema, aparece o seguinte:

Os 1.095 estabelecimentos de cinema existentes no país estão presentes em apenas 8,7% dos municípios. Ficam localizados, em sua maioria, nas regiões metropolitanas – especialmente, nos shoppings e bairros de alto poder aquisitivo.
Em comparação, 82% das cidades brasileiras têm videolocadoras.

Conforme a pesquisa DATABASE Brasil - 2006, realizada pela empresa especializada em cinema Filme B, as casas de exibição do País abrigavam 2045 salas de projeção em 2006. Como sabemos, hoje os cinemas incluem uma ou mais salas. Tudo isto na mesma quantidade de municípios: 484 com cinemas versus 4562 com locadoras de filmes. A informação contida no PNC provém de relatório do IBGE (veja o texto).
No eixo Pelotas-Rio Grande, há 3 estabelecimentos (um CineArt aqui, dois Dunas lá), com 5 salas em total. É preciso fazer notar: nas demais vinte cidades da Zona Sul não há um só cinema; somente locadoras em abundância.
Considerando-se o cinema como entretenimento, fonte de informação e estímulo psicológico, é preocupante que tão poucos brasileiros tenham acesso a este meio cultural. No entanto, o cinema sempre dependeu da situação econômica para sua expansão: quanto mais público pagante, mais sessões e mais salas. O mercado sempre oscila, mas a mente humana sempre nos levará a sonhar e a identificar-nos com certos personagens (mitos, celebridades, governantes, heróis ou vilões).
O paradoxal é que hoje mais pessoas estão dispostas a pagar por ver um filme no telão, mas as empresas exibidoras somente fazem apostas altas (salas de boa qualidade e variadas atrações), para enfrentar as modernas tecnologias que competem com o cinema. Precisam de um grande público para instalar-se, que nos grandes centros comerciais é mais certo e estável.
É com o lucro obtido nesses centros comerciais que, décadas depois - como já começa a ocorrer -, os exibidores se expandirão a setores populares das metrópoles e a cidades de menor porte, onde os shoppings começam a aparecer.
Os planos de grandes empresários nacionais e internacionais apontam à construção de dois centros comerciais em Pelotas. Será preciso estudar o comportamento do pelotense em relação ao cinema - frequência, preferências, costumes, poder aquisitivo, uso de locadoras: se não formos suficientemente confiáveis, teremos que esperar mais algumas décadas por investimentos mais pesados. Mas tudo é questão de tempo: mais dia, menos dia, eles chegarão.
Imagens da web.

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