segunda-feira, 23 de março de 2009

Recortes femininos de Suzy Alam

Suzy Alam é artista plástica, professora e arteterapeuta pelotense, apaixonada pela fotografia. Nos últimos anos, tem realizado exposições em torno a temas humanos, urbanos e naturais, como a amostra Santa Bela Casa, em 2007.

Suzy organizou um ensaio com 15 imagens, sob o título Recortes femininos: uma imagem re-des-construída. Tendo como ponto de partida a fotografia de mulheres e de moda, a artista busca novas percepções estéticas usando a intervenção digital. “É a multiplicidade do visível, das inúmeras maneiras de ver uma mesma imagem e de recriá-la”, explica a artista.
O universo feminino, que é o seu também, conserva seu mistério e sua magia, mesmo sofrendo manipulações como: recorte de detalhes, sobreposição de cores, reformulação de contrastes, desestruturação de partes.
Lábios, corações, flores, mãos, pele, unhas, ornatos. Gestos, sombras, sentimentos, pausas, texturas, olhares. A mulher está sempre aí, convidando a novas interpretações.
A partir de fotos já concebidas para books femininos, Suzy faz uma releitura poética das mesmas. “Desconstruo e recrio as imagens inúmeras vezes, até chegar ao resultado esperado”, conta.
Às vezes o resultado se aproxima à pintura, desfazendo a própria essência da fotografia, como uma mixagem gráfica. Hoje em dia, a manipulação digital permite criar, em instantes, efeitos que antes exigiam demorados e complicados processos de edição manual.
As colorações podem ser desfeitas e refeitas, perdem-se as linhas, as sombras têm vida própria, fora da "realidade". A fotografia pós-moderna combina fragmentação e identidade, trazendo a experiência alucinatória do mundo contemporâneo. Texturas, cores, espaços e formas se mesclam e se multiplicam, iluminando e dinamizando as imagens.
Até na moda, com a evolução estética, "a fotografia passou a ocupar a função, não somente de retratar a roupa, mas antes, de retratar uma atitude, um estilo”, comenta Suzy.
A intervenção digital se vale do poder intrínseco das imagens e expande as fronteiras da fotografia e da arte. No caso que se comenta aqui, se acrescenta a proposta de desconstruir e reconstruir o conteúdo feminino. Será isto possível?
O campo de pesquisa é amplo e instigador: até que ponto o feminino pode fragmentar-se sem perder sua natureza? O infinito parece ser o limite, como a imaginação humana.
Visitação até dia 1º de abril, diariamente das 7h às 22h no Hospital-Escola UFPel/FAU (Rua Prof. Araújo, 538). A entrada é franca; somente se pede usar um crachá de visitante.
Fotos 1 e 3: divulgação do Corredor Arte. Foto 2: F.A.Vidal.

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