quarta-feira, 22 de abril de 2009

Dois roteiros que levam ao passado

A Revista da Costa Doce nº 4 (p. 12), publicada em fevereiro passado, informa sobre as atividades do verão em 19 cidades e balneários do sul do Estado. Numa das notas sobre Pelotas, apresenta brevemente dois roteiros turísticos em nossa cidade. Chamou-me a atenção o significado do segundo.

Pelotas Colonial
A colônia de Pelotas apresenta uma diversidade étnica rara e muito atraente. Uma formação cultural que mistura às influências portuguesas, os costumes alemães, africanos, italianos e franceses.
Patrimônio Histórico
O patrimônio histórico de Pelotas é outra atração imperdível. São magníficos casarões no entorno da Praça Coronel Pedro Osório e área central da cidade que, restaurados, revivem os tempos da imponente cidade do charque e do Banco Pelotense.

Nosso centro histórico é um verdadeiro museu arquitetônico a céu aberto que nos situa no século XIX. Sem querer ser exato, em torno da praça há umas 8 construções modernas e uma dúzia de prédios anteriores a 1930, a maioria em bom estado.

No entanto, só estão realmente restauradas e abertas à visitação: a Casa 2, a Prefeitura, a Biblioteca Pública, o Teatro Sete de Abril e a antiga Casa da Banha.

Outros casarões quase em ruínas e o Clube Caixeiral esperam a recuperação; o antigo Grande Hotel está em reforma. Uma casa antiga só ficou com a fachada e virou estacionamento (esq.), como se usa em Pelotas e já denunciei aqui no blogue (veja o post). O resto são prédios residenciais ou comerciais que não recebem turistas.

Se vivemos no meio das antiguidades, deveríamos cuidar e organizar o museu-habitação, de modo a usá-lo como cartão de visitas e mostrá-lo dignamente a visitantes e estudiosos do passado. Na imagem abaixo, um bordado que está à venda na loja de lembranças LagoaMania, no Laranjal.

A Prefeitura se encarrega disso a seu ritmo, mas e os pelotenses em geral, o que fazem? Há duas posições extremas, com os indiferentes no meio:
  • Alguns desprezam os símbolos do passado como sendo vaidade inútil ou freio para o progresso; vão embora de Pelotas ou se incomodam ao ver tanta coisa antiga; passando asfalto sobre o velho calçamento se sentem um pouco aliviados;
  • outros assimilam a mentalidade decadente e se identificam com as peças de museu, como se o tempo não mais transcorresse e nenhum futuro pudesse desenhar-se; não só se dedicam ao restauro, mas se angustiam ao ver coisas novas impondo-se; vestem roupas modernas, mas são personagens bicentenários.

Em nosso contexto atual, a conservação e a renovação deveriam unir-se, e poderíamos dar passos progressivos, valorizando nosso patrimônio e nossos recursos humanos, fazendo que renda lucros para o bem comum.
Fotos de F. A. Vidal.

Um comentário:

Cris Carriconde disse...

Vidal essa fachada que sobrou e onde hoje é um estacionamento era do Leiloeiro Oficial da praça - no caso, meu avô José Carlos Araújo. Nâo conheci esse avô que morreu muito jovem. O título passou depois para um tio chamado Arthur e eu não sei que destino teve. Lembro de visitar o leilão algumas vezes na minha infância e mãe sempre comenta sobre a dela que passou aí. É triste ver que acabou assim.

Um beijo