quarta-feira, 29 de abril de 2009

A estética das tijoletas

A palavra tijoleta não é muito usada no Brasil, sugerindo a ideia de pequena laje ou tijolinho de cerâmica. Em Pelotas ela significa uma coisa só: ladrilho hidráulico - uma lajota de cimento mais ou menos de 20 x 20cm, muito usada para pavimentar calçadas. A Fábrica de Mosaicos exporta tijoletas para o mundo.

Ainda que com atraso, deixo aqui registrada a exposição que termina hoje (29) no Corredor Arte do Hospital da UFPel, justamente inspirada na gráfica dos ladrilhos hidráulicos. Trata-se da primeira individual de André Barbachan, artista que criou para esta ocasião uma série de 15 serigrafias intitulada: "A estética sob meus pés".

As obras são criadas a partir de fotos do calçamento da cidade e, segundo André, não pretendem mostrar o belo, nem períodos históricos, mas representar de uma forma diferente os trajetos que percorremos diariamente para chegar a algum destino.

“Mostro os caminhos que fazem parte dos meus rumos, calçadas com ladrilhos onde brinco de não pisar nas emendas, rachaduras, buracos, até mesmo a profunda escuridão do asfalto que me faz andar em uma rápida linha reta”, diz o autor.

Há dez anos envolvido com artes visuais, André já passou por várias áreas da arte, como serigrafia, vídeos, intalações, stencil, escultura, publicidade e atualmente estuda Artes Visuais na UFPel, habilitação em Gravura, além de tocar no grupo de rock Canastra Suja. Veja mais de seu trabalho no blog Estação da Moda.

“Nossa cidade é rica em detalhes. Se brincarmos com a poética do olhar, seremos tomados por um campo imenso de imaginação. Existe poesia em tudo”, diz o artista.
Sobre o Corredor Arte, projeto de saúde mental dentro do hospital-escola, André comenta: “Acho fundamental um hospital ter um espaço para que as pessoas se desprendam nem que seja por alguns minutos do que as leva ali”.

Visitando o Corredor, não pude deixar de observar que as linhas do chão que o artista transformou em serigrafias estão agora nas paredes, que fazem o papel de calçada. Nossos olhos, então, tomam a função dos pés que caminham pelos ladrilhos, pedras, asfalto e meios-fios.
Imagens: André Barbachan (1-3), F.A. Vidal (4).

2 comentários:

barbachan disse...

obrigado!

Anônimo disse...

muito bom andré. realmente, a poesia só existe nos olhos de quem a vê.
parabéns!
"Karlão"