segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Nesta esquina, pedestre não tem vez

O cruzamento das ruas Félix da Cunha e Lobo da Costa tinha uma sinaleira, até que foi feita uma reforma urbanística na quadra do Teatro Guarani, terminada em maio (veja o post).

Os carros chegavam à esquina provenientes do sul, leste e oeste, mas não era comum haver ali acidentes. A Prefeitura retirou, então, a sinaleira, mas apareceram problemas pelo excesso de veículos.

Dois meses depois, a medida oficial foi inverter o trânsito naquele trecho da Lobo da Costa, deixando-o centro-bairro (esq.), ao leste.

Agora os carros entram no cruzamento somente pelo sul e pelo oeste.

Os que vêm do sul, pela Félix da Cunha (dir.), sabem que a preferência é sua e não param, enquanto os que vêm saindo do circuito da Praça Osório percebem vários sinais de detenção.

Este sábado (29), um ciclista e um motoqueiro cruzaram-se rapidamente (dir.); se os dois tivessem a mesma velocidade, o choque teria sido feio.

Para não prejudicar totalmente os pedestres, foi colocada uma faixa branca tipo zebra. Os regulamentos definem que, em ausência de semáforo, a faixa do pedestre é parada obrigatória para todo veículo, mas na prática, ela fica como enfeite, ignorada pela visão e pela consciência dos motoristas.

Na primeira foto desta sequência (esq.), uma senhora espera pacientemente que os carros passem pela faixa preferencial, pintada ali expressamente para que ela não precise esperar. Aproximam-se quatro carros e, ainda a uma quadra de distância, uma moto, perceptível na imagem seguinte (dir.; clique para aumentar).

O veículo é uma arma, além de meio de transporte, e quem anda a pé fica intimidado e impotente; ao volante, o cidadão mais respeitoso esquece sua ética de respeito e age por instinto e automatismo. Cada um destes motoristas agiu de boa fé, fazendo o que sempre faz, o que todos fazem.

Somente após a passagem de Sua Majestade o motorista (esq.), pode o ser humano sentir-se à vontade no espaço urbano; afinal, ele sabe cuidar de sua segurança.
Fotos de F. A. Vidal

3 comentários:

Anônimo disse...

O "gênio" que projetou a desnecessária e feia (para dizer o mínimo) obra em frente ao Guarani, com reflexos no entroncamento citado, ainda não se apresentou a público.
Gostaria de saber quem é o autor deste horrendo projeto de dilapidação do patrimônio histórico.

Francisco Antônio Vidal disse...

A obra foi projetada e executada pelo Executivo, com seus próprios arquitetos e engenheiros, contratados pelo Município.
Pelo que se tem informado, a intenção da mão única foi preservar os antigos prédios das vibrações de trânsito pela Lobo da Costa, aumentadas pelo ritmo das formaturas e shows no Guarani. As calçadas amplas têm a finalidade de que o povo se adone do espaço, deixando os carros como "visitantes" (já se vê o que ocorre pela Félix). Por essa lógica, deveríamos ter aqui um novo calçadão. A retirada da sinaleira seria pelo escasso trânsito (diminuído pela mão única). Quanto à estética, nenhuma coerência seria possível, pois os prédios já são de épocas diferentes (século XIX e XX). Já critiquei aqui as luminárias, mais adaptáveis a um parque com árvores, e diferentes dos faróis da praça Osório.

É difícil aceitar, mas nem tudo pode ser conservado 100% e é necessário certo grau de renovação. Para ver as mudanças, as fotos nos ajudam: assim era este lugar em 1900, assim ficou em 1920, assim foi em 1950, assim estava em 1970 etc.

Anônimo disse...

Havia no local uma coerência de quase cem anos.
O Guarani é o mais novo dos prédios e tem quase noventa.
Era a única área importante da cidade sem alterações significativas.
Não importa o estílo dos prédios.
O local tinha um ar bucólico (no sentido de gracioso), que foi desmanchado sem nenhuma necessidade a não ser a de uma administração a querer intervir para aparentar presença.
A despulpa de vibrações de trânsito é risível, pois para evitá-la bastava uma corrente e suporte e uma placa "proibido trânsito de veículos ...)
Aos poucos Pelotas vai perdendo sua identidade visula, ficando parecida com outras tantas cidades sem importância.