domingo, 29 de novembro de 2009

As palavras de Sartre sobre a existência

O professor da UFPel Luís Rubira deu continuidade ao ciclo Encontros com a Filosofia, falando sobre "Memória e Filosofia" em Sartre e sua última obra, "As Palavras". Na quinta 26, o auditório do Centro do Mercosul ficou quase lotado de pessoas interessadas em trazer o pensamento abstrato para perto da realidade cotidiana (veja a programação).

O ser humano é o que ele faz de si mesmo, e não o que o ambiente determina. No caso do homem, a existência precede a essência, ou seja, primeiro ele existe e então se define e constrói sua realidade e sua essência. Podem as circunstâncias ser limitantes, mas ele é livre em si mesmo.

O próprio Jean-Paul (1905-1980) viveu num corpo pequeno (1m 57) mas com privilegiada capacidade mental, que explorou o mundo de sua época e muitas possibilidades criativas.

Como jornalista, visitou Havana e foi o primeiro a escrever sobre a Revolução Cubana, em 1960. De lá veio para o Brasil, onde passou dois meses com Simone de Beauvoir (abaixo, em Copacabana); não veio ao Rio Grande do Sul, pois a URGS não quis convidá-lo (leia explicação).

Mereceu o Nobel de Literatura de 1964, por seu livro "As Palavras", mas o rejeitou para não perder sua liberdade de pensamento e sua possibilidade de seguir evoluindo, em vez de estagnar-se como um autor "já condecorado".

Sartre aproximou psicanálise e filosofia em suas obras existencialistas, acreditando que as experiências da infância são cruciais na vida da pessoa; no entanto, questionou alguns conceitos sobre o inconsciente. Escreveu "Freud - roteiro para um filme", a pedido do cineasta John Houston, texto que foi levado em parte ao cinema em 1962 (leia comentário), com título que em português ficou: "Freud - Além da Alma".

O professor Rubira soube trazer os elevados temas à compreensão do público, que mesmo assim não fez muitas perguntas. O silêncio é às vezes o efeito de uma palestra sobre psicanálise e, neste caso, as ideias principais podiam aplicar-se à existência de uma cidade como a nossa, que tenta definir-se e refazer-se ao longo da história.

Se já não é fácil para uma pessoa no tempo de uma vida, será possível para uma comunidade recém com 200 anos?
Foto de F. A. Vidal (1)

Nenhum comentário: