terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Terezinha Futebol Clube, 66 anos

Nos anos 40 do século passado, uma ideia norteava as conversas de um grupo de amigos que se reuniam diariamente, no Bairro Santa Terezinha.

A ideia fixa era formar um time de futebol que congregasse os jovens negros da comunidade, já que o time existente não permitia a participação de pessoas “de cor”.
As conversas deram resultado: no dia 23 de janeiro de 1944, o Nico Barbeiro abriu as portas do salão para o primeiro encontro oficial, e nessa data foi fundado o Terezinha Futebol Clube (TFC). Os amigos eram: Jorge e Walter Silveira, João Pedro, João Francisco e Vivico, entre outros.

Walter Silveira (dir.) estava lá, faz 66 anos, e hoje ainda é membro do conselho do Clube. Ele relembra com emoção aqueles momentos, especialmente o amigo Manoel Gomes, que foi fundador, sócio e zelador do Terezinha. Diz o seu Walter:
"A paixão do Manoel era o Terezinha Futebol Clube. A maioria daqueles que amavam o clube não estão mais entre nós, como o massagista Jaime Motta, o cabo Jorge Siqueira e o Neife Bolônia".

O Terezinha Futebol Clube inicialmente teria as cores do manto da padroeira do bairro e da agremiação: branco e marrom. Contudo, devido à escassez de recursos, as camisetas apenas brancas receberam uma fita marrom para homenagear a Santa Terezinha.
Rapidamente, o grupo começou a construir a sede na Rua Santo Antônio, 86. Inicialmente um chalé, nas cores marrom e branco, onde formaram a primeira diretoria social da entidade.

O Terezinha vencia campeonatos e era o orgulho da comunidade negra da Zona Norte. Mas, além de ser um time de futebol, o TFC era uma sociedade de negros, onde as famílias confraternizavam e fortaleciam sua identidade racial, numa época em que o racismo era lei em Pelotas.
Existiam os clubes sociais de negros ― Fica Ahí pra Ir Dizendo (esq.), Chove Não Molha, Depois da Chuva ― e os clubes de brancos (Diamantinos, Brilhante, Comercial). Nos bairros, a rivalidade esportiva coincidia com a social e a racial.

Na Santa Terezinha, o Grêmio Esportivo Sul Brasil representava a comunidade branca. E o maior empenho do Terezinha Futebol Clube era disputar com o Sul Brasil e vencê-lo. Subconscientemente, a vitória era sobre o preconceito e o prêmio, a valorização étnica.
Com o passar do tempo, o TFC quebrou o muro do preconceito racial e nestes 66 anos é mantido pelos filhos, netos, bisnetos, sobrinhos daqueles rapazes que criaram um time de futebol.
O clube ficou fechado por dez anos e a reabertura se deu através de Renato Pinto em 1995. Nos anos consecutivos, Waldir Mendes, Marcos Ferreira (Marcola), Mario Dias e Lenoi Lopes assumiram a presidência e mantiveram ativo o Terezinha (à direita, a velha guarda do Clube).
Precisamos contribuir de alguma forma para que o Terezinha Futebol Clube volte a ser um clube respeitado, e que se mantenha viva a história do futebol amador do nosso bairro. O meu sonho e meu maior orgulho será o dia em que meus filhos vestirem as camisetas do clube e entrarem em campo para defenderem as cores do Terezinha.
Palavras do presidente Marcola (dir., de óculos, com o resto da diretoria), que foi empossado neste sábado (23), nos 66 anos do Clube.
Nesta nova diretoria quase todos são descendentes dos fundadores originais do Terezinha Futebol Clube: Ana Siqueira, Laura Madruga, Vanessa Fonseca, Márcia Madruga e Luiz Heleno Madruga.
Josiane Maciel Carvalho Silva
Em azul, transcrição literal de partes da reportagem de Josiane, publicada no Diário da Manhã (23-01-10)
Fotos de Josiane Maciel (1; 3; 4)

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa sorte ao Santa Terezinha! Vamos acabar com a dupla BRAPEL!