terça-feira, 27 de julho de 2010

CAPS Escola ameniza o sofrimento psíquico e social

Esta terça-feira (20), o CAPS Escola da UCPel celebrou seu nono aniversário e o Dia do Amigo, em festa que reuniu profissionais, usuários e familiares dos sete centros da cidade.

A decoração verde-amarela ressaltou como tema a defesa da brasilidade, segundo informou o sítio da UCPel. A sede ficou pequena para a quantidade de pessoas que chegou. “Em meio a tanta gente não se identifica quem é usuário ou familiar. E essa é a proposta da festa: a inclusão social”, salientou a assistente social Márcia Rodrigues.
A principal atração foi o desfile de criações em vestuário das usuárias do CAPS Escola. A Oficina de Moda tem fins terapêuticos e é orientada por Márcia Belani, aluna do curso de Tecnologia em Design de Moda. A própria Márcia (dir.) participou no desfile modelando uma das criações.

A festa foi animada pelo grupo Feliz Arte, da Oficina de Música, outra técnica de apoio emocional. Um usuário declarou:
Chegamos com muitos problemas pessoais e de família, e a música nos ajuda a voltar para a realidade. Hoje faço música, feira do artesanato aos domingos e apresento programa de rádio. A gente consegue se encontrar; essa é a nova vida que aprendemos a ter aqui.
O aniversário também serviu para fechar o primeiro semestre. Lilian Rodrigues despedia-se do CAPS, após um ano e meio como psicóloga estagiária. Ela explica que, além da teoria, ali se trabalha uma nova proposta para a saúde mental:
Aprendemos a tratar um transtorno desde uma visão conjunta do ser humano. O interessante foi ver a evolução e a inserção de muitos na sociedade e no mercado de trabalho, que passaram a não depender mais do CAPS.
Uma das propostas dos Centros de Atenção Psicossocial é conscientizar a população para que as pessoas com transtornos mentais sejam mais acolhidas, cuidadas e tratadas como sujeitos com direito de estar em convívio social, recebendo apoio especial para sua reinserção na sociedade (leia descrição do projeto).
Com fim terapêutico, os CAPS realizam, além de tratamento psicológico individual e grupal, oficinas de pintura, artesanato, moda, música, programa de rádio, entre outras.
A UCPel já possuía um centro de atendimento clínico, ainda em funcionamento (leia descrição), e abriu o CAPS Escola em 2001, iniciando uma parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, que hoje mantém alguns centros nos bairros. Os governos posteriores não deram tanto apoio a este projeto, que faz parte do processo antimanicomial mundial, destinado a extinguir a hospitalização de doentes mentais.
A coordenadora Valéria Nogueira diz que o CAPS Escola tem ampliado seus serviços.
Além do compromisso dos profissionais com o fortalecimento do modelo de reabilitação psicossocial, essa ampliação deve-se também, à parceria entre a Prefeitura e a UCPel, que possibilita subsídio e a troca de conhecimento, que é mola propulsora de muita produção.
Os CAPS contribuem à saúde mental da sociedade mediante seu trabalho de desfazer preconceitos contra a loucura e de utilizar as próprias forças coletivas do afeto e da sociabilidade. Isso não anula os transtornos mentais (neuroses e psicoses) nem as patologias sociais (como o delito, a mendicidade e a drogadição), mas ameniza seu impacto e reabilita as pessoas mais suscetíveis à ajuda.
Fotos: Wilson Lima (UCPel)

3 comentários:

Anônimo disse...

Francisco passei para conhecer seu blog ele é not°10, show, espetacular desejo muito sucesso em sua caminhada e objetivo no seu Hiper blog e que DEUS ilumine seus caminhos e da sua família
Um grande abraço e tudo de bom
Ass:Rodrigo Rocha

Anônimo disse...

A Reforma Psiquiátrica, malgrado as críticas que a ela possam ser feitas, é um dos grandes avanços em relação aos portadores de transtornos psíquicos/mentais.

Durante o tempo em que dei aulas no então IAD, convivi com profissionais que ministravam cursos de pintura ou outra atividade artística.

Os usuários dos CAPSs, mesmo sem nos conhecer, convidávam-nos [aos professores], entusiasmados, para que assistíssemos a alguma apresentação de coral ou mostra de trabalhos deles.

Pareciam sentirem-se motivados ao mostrar ao público "Olha, eu também sei fazer!", ou seja, eu "Eu sou 'igual' 'a vocês'!", já que durante tanto tempo devem ter ouvido o contrário: "Tu és louco, um 'incapaz', não serves pra nada!".

Excelente postagem para nos questionarmos sobre o sofrimento humano e a sua superação, bem como sobre nossos preconceitos.

Bj, Tê!

Francisco Antônio Vidal disse...

Só quis mostrar aqui o lado positivo deste trabalho, que são os frutos obtidos com quem vai aos centros. Restam centenas que não vão, e milhares que ainda não entendem como manejar a loucura nossa de cada dia e seus fatores sociais.

O processo antimanicomial está dirigido à extinção dos hospitais psiquiátricos, sem eficiência, sendo que o certo seria promover algo pró-saúde (e não antidoença).

Há porção de loucos e psicopatas de complicado tratamento que, estando sem acolhida nem compreensão da sociedade, só causam problemas. A sociedade despreparada (e sem a menor atenção dos psicólogos e psiquiatras, que se consideram profissionais clínicos, e não educativos!) se tensiona e desespera.

Muitos desses loucos soltos terminam no crime violento, no suicídio por drogas, em condutas psicopáticas variadas. Para ver como somos tolerantes e cúmplices dessa loucura, basta ver o que se faz com o crack: suplicamos por tratamento mental para os afetados, e não tocamos nos traficantes e produtores de droga. Afinal, eles têm seus próprios exércitos para que o tumor prolifere.