quinta-feira, 22 de julho de 2010

Fotografando e sentindo ausências

Vinícius Silveira Kusma, estudante da UFPel, expôs uma dezena de fotos em preto e branco na Sala Frederico Trebbi, entre maio e junho deste ano.

“Fotografando ausências: uma poética do vazio” era o título de sua proposta, que parecia mostrar, basicamente, imagens de lugares vazios ou com ausências evidentes, como uma praça sem pessoas ou uma bicicleta abandonada. No entanto, seu objetivo foi mais poético e filosófico: pensar e fazer pensar, mediante as imagens.

Segundo ele, a ausência não é um simples componente visual, mas uma condição existencial, um ponto de vista humano - seja individual ou coletivo - ou até mesmo uma escolha pessoal.

Para ele, as ausências atuam de modo transformador, pela subjetividade, sobre os sentimentos e as realidades do ser e do estar. Fotografar ausências, que é a essência de seu projeto, busca que os espectadores possam pensar e perceber o caos de possíveis vazios na vida, a maioria deles inconscientes.

De acordo ao portal de notícias da UFPel, Vinícius cursou as disciplinas de Fotografia e de Projeto Fotográfico do IAD e está no quarto semestre do curso de graduação em História.

Vendo a nave central do saguão, não pude deixar de relacionar a mensagem do artista com o contexto da mostra. O espaço continha um grande vazio no meio, e a falta de pessoas sugeria que as ausências estivessem ali mesmo, na assim chamada casa do povo. Um grupo de visitantes, em vez de passar pela nave central, já vazia, circundou a exposição e se dirigia à escada (esq.).

Por outro lado, a imagem da bicicleta (acima) lembra o trabalhador no chão, e a casa do salva-vidas, o posto alto de um político. Estas associações confirmam a intenção do artista, de chamar a atenção sobre a força subjetiva e a mobilidade das ausências.

Hoje, esta exposição não mais ocupa a Sala Frederico Trebbi, mas parece ser uma presença na memória de quem lá esteve.
Imagens de F. A. Vidal

4 comentários:

Manoel Magalhães disse...

Caro Vidal, excelente texto. Bela proposta a do artista. Dá para sentir a foto gemer de solidão. Um abraço.

Anônimo disse...

Olá Vidal, um ótimo texto. Além da minha proposta artística com um teor filosófico sob a perspectiva de ausências e presenças. Também houve a percepção de um olhar crítico que vai além do que nos "diz" a imagem. Houve de minha parte uma crítica com certeza, porém subjetiva e, de certa forma, como uma segunda realidade do meu trabalho. Fico lisonjeado pelas observações e muito, também, em função de tua forma de ver o que a imagem não textualiza, mas contextualiza com a realidade do caos urbano. Enfim... espero que outros próximos trabalhos meus também sirvam para compôr o cenário de tuas reflexões. Um Abraço. Vinícius Kusma

Anônimo disse...

O texto nos incita a conhecer a exposição e explorar cada ausência suscitada pelo nobre fotógrafo. Fiquei com vontade de ver.

Francisco Antônio Vidal disse...

A mostra recebeu outra menção neste post:
pelotascultural.blogspot.com.br/2010/07/poetica-do-vazio-na-praca-osorio.html