quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Memorial do São José não foi conservado

Terminando julho passado, aproximei-me do Colégio São José, para saber do memorial que se havia formado em março, como parte das festividades do centenário. Na ocasião, reuniram-se fotos, troféus e diversas lembranças de ex-alunos e ex-funcionários. Seria possível visitar essa mostra e divulgar aspectos da história do Colégio?

Na portaria, a pergunta pelo memorial causou alguma estranheza; ao parecer a escola nunca recebe visitas turísticas. A recepcionista foi averiguar e num minuto voltou com a segura resposta: o memorial tinha sido constituído exclusivamente para o centenário e logo depois se desfez, devolvendo-se as peças às pessoas que as haviam emprestado. Informação clara e precisa, mas que me deixou decepcionado e estupefato.

Apesar de tantas vivências que pode contar, o São José nunca teve um memorial realmente, nem o provisório se conservaria. Faltaria um lugar de exposição? O modernismo oportunista não toleraria um museu com cheiro de século XIX?

Disseram-me que tampouco existe aqui uma associação de ex-alunos, mas quem quiser pedir informações pode telefonar para a secretaria do colégio. Por outra parte, o anúncio de boas-vindas ainda não foi retirado. Permanece também o novo brasão (dir.), que foi inaugurado com banda de música no sábado 20 de março.

As lembranças reunidas foram somente um flash, como as frases na areia que o mar leva em segundos. Daqui a cem anos, será formada uma nova exposição de memórias? Perder-se-ão no tempo as recordações de 1910 a 2010? Nossos jovens seguirão escrevendo na areia? Mesmo o Twitter deixa registro de tudo.

Love letters in the sand é canção quase centenária, que protesta a favor dos compromissos estáveis (abaixo, as versões de Pat Boone em 1957 e de Gene Austin em 1931). Tradução livre: Costumávamos passar o tempo escrevendo cartas de amor na areia. Tu rias quando eu gritava, cada vez que a maré apagava nossas cartas de amor. Prometeste ser sempre fiel, mas tal promessa foi em vão. Hoje, meu coração dói, cada vez que uma onda apaga cartas de amor.

On a day like today
We passed the time away
Writing love letters in the sand.
How you laughed when I cried
Each time I saw the tide
Take our love letters from the sand.

You made a vow that you would ever be true
But somehow that vow meant nothing to you.

Now my broken heart aches
With every wave that breaks
Over love letters in the sand.

4 comentários:

Francisco Antônio Vidal disse...

O início da letra original:

The sunbeams kissed the sand,
My fate was in your hands
The day I met you, dear,
And though I find you’re gone
Your memory lingers on.


No dia em que te conheci, o sol beijava a areia, e meu destino ficou em tuas mãos, querida. Já foste embora, mas tua lembrança se prolonga até hoje.

Anônimo disse...

Muito crítico o texto.

A música dos vídeos que encerram o post me lembram os versos de Fernando Pessoa: "O poeta é um fingidor. Finge tão completamente. Que chega a fingir que é dor. A dor que deveras sente."

Abr

Francisco Antônio Vidal disse...

O colégio simplesmente declara, ao omitir-se, que sua função não é arqueológica nem museológica, e que as lembranças devem ficar no foro interno das pessoas. Pode ter razão. Mas minha crítica ficará mais clara quando eu visitar o Museu do Colégio Pelotense. Será uma coleção de lembranças ou simplesmente de troféus?
Nem todas as memórias subsistem no tempo, mas há uma boa diferença entre querer conservar pelo menos algumas e querer abandoná-las e apagá-las todas.

Lola disse...

Sou ex aluna do colégio São José e aluna de Arquitetura da PUC RS. Passei por esta situação hj quando liguei para o colégio e pedi para visitar o memorial ou ter acesso a materiais sobre a história da escola, plantas e fachadas pois estou aproveitando as férias para dar andamento a pesquisa que estou realizando. Soube que não tem como ver este material pois está na biblioteca do colégio que fechou no periodo de férias. Sendo assim não conseguiria aproveitar este meu tempo de férias para trabalhar nesta área... é uma pena...
abraços de uma leitora assidua do blog
Paola maia Fagundes
lola.maia@yahoo.com.br