quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Vaticínio político

O cronista pelotense Rubens Amador escreveu um desabafo que interpreta a incomodidade de muitos brasileiros com a situação de pobreza moral de nossa vida política.

Às vésperas das eleições para presidente, desejo fazer um comentário sobre o que está se passando em nosso País, do meu modesto ponto de vista.
Em primeiro lugar, afirmo, e gostaria que alguém me contestasse: Desde o advento da República jamais tivemos uma oposição tão incompetente como a atual. Felizmente, para o prejuízo não ser total, a Imprensa - até aqui livre - brasileira assumiu o lugar de uma oposição acomodada. O episódio do mensalão, em qualquer nação democrática do mundo ensejaria logo um processo de impedimento do presidente da República. Por muito menos, Nixon foi apeado, dado a seus abusos de poder - apenas abusos de poder - não se tratava de desvios de dinheiro pertencente à Sociedade, o que então seria algo impensável. E também jamais se viu tantos abusos com o dinheiro público como neste governo. Aí estão as coleções dos jornais, desde o Império, para quem quiser pesquisar.

Uma mediocridade esperta assomou o poder. O excelente presidente Fernando Henrique foi quem realmente estancou aquela inflação sarneysiana que infelicitava o Brasil. Um grupo de espertalhões se apoiou nas suas iniciativas econômicas, e com tudo que já sabemos, apenas foram tocando o barco, até chegarmos a resultados positivos na economia. Deus nos ajudou, pois, se tivéssemos caído nas mãos dos Delúbios, Gushikens, Zés Dirceu e companhia - sem a orientação econômica herdada de FH, aqueles todos que o próprio governo espertamente defenestrou, ante as gritantes razões que os incriminavam - teríamos chegado a uma débâcle.
Eu nunca acreditei na qualidade das pesquisas, isto já escrevi na imprensa local há muito tempo, desde o episódio aquele que também a Globo orquestrou contra Brizola, e que a verdade da soma final dos votos mostrou a patifaria armada. Tenho firme convicção de que em realidade os índices estão meio a meio, e não com a diferença mostrada. Para mim, as urnas provarão o que aqui afirmo. Iremos para um saudável segundo turno, e aí as coisas não prevalecerão sob o império da falácia, e a parte do povo que pensa, em nossa Sociedade, irá se manifestar com força. A luta será a do bom senso contra o bolsa-família e quejandos. E creio que aquela (Sociedade) vencerá.
Chega os vinte anos de ditadura por que passamos, com todo o seu rosário de coisas negativas, a começar pelo amordaçamento da Imprensa livre. Eu creio que ressentidos, espertalhões na moita, à espera do bote, estão apostando numa vitória fácil, fácil. Estão enganados. A consciência sadia desta nação irá saber se manifestar, e os votos conscientes, patrióticos; não de pessoas que recebem bolsa disso e daquilo, sem que seus problemas básicos sejam equacionados ou atendidos. Que continuem sem saneamento básico, sem escolas adequadas a seus filhos, vivendo em locais cheios de perigos de vida pela insalubridade social a que estão submetidos e enganados com figurinhas eleitoreiras.
Esta eleição haverá de colocar nos seus devidos lugares aos santos e aos demônios. Quem esperar por 48 horas após as eleições do próximo domingo, já terá o prenúncio do que aqui vaticino, tenho certeza. Me cobrem, depois.
Até o segundo turno!
Rubens Amador

2 comentários:

Anônimo disse...

Este blog é tão bom, tão sério e dedicado, não precisava se sujar com esta propaganda política tão rasteira quanto a crítica que imputa à classe política.

Francisco Antônio Vidal disse...

É até uma crítica elegante ao sistema, considerando o que já se tem visto por aí. Cada cronista diz o que pensa, assim como cada leitor. Meu ponto de vista pessoal quanto às eleições assomou num post anterior, sobre o comício de ontem.
Mas é verdade que o foco do blogue não é na política nacional; portanto, seguiremos apontando aos costumes e às novidades culturais da cidade. Anúncios e denúncias, sem fugir das críticas eventualmente necessárias.
Já que o blogue é tão bom e bonito, toleramos esta manchinha. Alguma sujeira poderá reaparecer quando falemos do que há por trás da Feira do Livro de Pelotas (política cultural mal conduzida).