sexta-feira, 15 de outubro de 2010

10 anos do Corredor Arte: duas mulheres

Corredor Arte em setembro de 2010
O Corredor Arte do Hospital-Escola completou, em setembro passado, dez anos de atividades sem interrupção, e a amostra comemorativa trouxe uma coleção de 27 telas, de autoria de 27 artistas, entre aqueles que participaram em alguma das 219 exposições deste período (2000-2010).

Estas obras foram especialmente pensadas e pintadas para esta ocasião, e seus autores doarão parte das vendas para melhorias do projeto de arte no hospital.

O comentário desta nota, abaixo do histórico, se refere a somente dois destes trabalhos, neste caso de mulheres que pintam mulheres.

Histórico do Corredor Arte

Em setembro de 2000, o Hospital-Escola UFPel/FAU e o então Instituto de Letras e Artes (ILA), atualmente Instituto de Artes e Design, estabeleceram uma parceria com o projeto de extensão “Arte e Saúde”. Desde dezembro de 2008, o Corredor Arte seguiu as atividades como um projeto de Humanização do Hospital-Escola.

Como uma galeria, o corredor de entrada expõe trabalhos artísticos em geral, tais como pintura, desenho, gravura, fotografia e artesanato e outras formas de arte adaptáveis ao espaço.

Os artistas se inscrevem vários meses antes, tendo as mais diversas origens, de Pelotas e região (alunos universitários, artistas emergentes ou reconhecidos, ateliês, grupos de saúde mental).

Duas mulheres

Graça Antunes e Deborah Blank Mirenda trazem suas conhecidas mulheres, cada uma com um estilo tão próprio que quase não parecem ter uma natureza em comum. Os dois quadros foram expostos lado a lado (acima), talvez pelas dimensões análogas ou pela temática próxima.

As gordas de Graça (dir.) têm um ar latino-americano (tropical e popular), aparecem ao ar livre e chamam a atenção pela sensualidade e liberdade. Seu grande volume corporal se relaciona mais com a generosidade amorosa do que com o sobrepeso.

O convite é a uma interação erótica, o que inclui comer, caminhar, conversar, dançar, tocar-se. A artista expôs recentemente uma série de mulheres em homenagem a Pelotas (veja nota).

Já as mulheres de Deborah (esq.) são longilíneas e melancólicas; parecem refletir sobre algum "pesado" assunto, com seus grandes e sensíveis olhos. É dentro deles que se devem buscar os horizontes.

A emotividade efusiva fica projetada em flores e a visceralidade, reduzida a uma pequena boca, que deve comer, beijar e falar pouco. Grandes ouvidos sugerem receptividade para conhecer coisas, curiosidade para recolher histórias, escutar com atenção segredos não contados, talvez dolorosos.

O comportamento é recatado; o erotismo, sublimado. Para quem se aproximar, o convite é a conversar somente, o que permitirá explorar com calma os mistérios da vida.
Imagens: Corredor Arte

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