quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Museu Carlos Ritter reabriu

Há cerca de dez dias, o Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter reabriu suas portas em novo endereço: rua Barão de Santa Tecla, 576 (v. foto inferior). O único museu de ciências naturais de Pelotas precisava sair de uma casa estreita e com danos estruturais, e achou este espaço, três vezes mais amplo.

A notícia não foi dada por jornais de Pelotas, nem sequer pelo portal da UFPel, instituição à qual pertence o museu, mas pelo Correio do Povo (leia o texto), acessível somente para assinantes. A fotografia de Carlos Queiroz (acima) foi tomada especialmente para essa reportagem.

A parte mais antiga do acervo tem cerca de 120 anos.
Em janeiro passado, a casa fechou as portas e ficou cerca de seis meses, na sede antiga, à espera da burocracia. Definido o novo local em maio (leia notícia), a mudança foi feita e o material ficou sendo montado  sem abrir as portas do museu  durante mais três meses, e ainda não tem todo seu acervo exposto: parte está guardada, parte está jogada no chão, à espera dos móveis (dir.).

O acervo vem sendo formado desde as últimas décadas do século XIX, quando Carlos Ritter (1851-1926), empresário gaúcho radicado em Pelotas, se dedicava à taxidermia de pássaros e ao estudo dos insetos (veja histórico).

Ritter criou verdadeiros quadros entomológicos que ainda se conservam neste museu (são 3 mosaicos cujas peças são insetos). Em 1979, o Museu adotou o nome que tem hoje, funcionando na Escola de Agronomia até 1988, quando ganhou casa própria (na verdade, alugada), a da Marechal Deodoro 823.

Coleção de aves empalhadas é a maior do Estado, com 450 peças.
Os 4500 insetos conservados constituem uma das maiores coleções entomológicas no Brasil; há quem a tenha como a maior (leia nota), mas uma pesquisa no Google mostra pelo menos as seguintes: o Museu Fritz Plaumann (SC), a Coleção Entomológica da UNISC (RS) e a Coleção Padre Jesus Santiago Moure (PR). Esta coleção foi formada pelo professor Ceslau Maria Biezanko (1895-1985), cientista polonês que viveu em Pelotas.

Além dos insetos e das 450 aves empalhadas, o Museu Carlos Ritter também tem as seguintes coleções (leia detalhes do acervo): Ictiológica (peixes), Herpetológica (répteis), Mastozoológica (mamíferos), Osteológica (esqueletos) e Paleontológica (fósseis).

Museu não sai na mídia, mas é famoso nas escolas.
Definido como um departamento do Instituto de Biologia da UFPel, o Museu atende pouco mais de uma centena de visitantes por dia, uns 20 mil por ano, provenientes de cem escolas da região. Não aparece na imprensa nem em folhetos turísticos, a não ser em momentos como este, mas é velho conhecido de professores e estudantes de todas as idades.

Seus funcionários o consideram "o primo pobre" da Universidade, por sentir uma demora burocrática e uma escassez de verbas que outras unidades não parecem sofrer. Uma visão realista de toda a UFPel mostrará um panorama contraditório: vários primos pobres e alguns favorecidos.

Na verdade, o Museu é uma plataforma de divulgação científica de Pelotas e da UFPel, além dos serviços educativos que presta à comunidade. Não há razões lógicas  somente políticas  para desfavorecê-lo.

Após 20 anos na antiga sede, Museu ficou parado um ano à espera da mudança.
Fotos: CP (1) e F. A. Vidal (2-5)

POST DATA
15.10.10
Veja a reportagem no portal da UFPel e nota histórica sobre o Museu na página do Instituto de Biologia.

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