sábado, 5 de novembro de 2011

Edição de livros em Pelotas

No Dicionário de História de Pelotas (UFPel, 2010, p. 164-165), o verbete "Livros", redigido por Mario Osorio Magalhães, resume a história da publicação literária em nossa cidade (transcrito abaixo).

Sobre as editoras e gráficas pelotenses na década de 1920, veja também o artigo de Nádia Miranda Leschko Estudo de mapeamento da indústria gráfica em Pelotas (publicado no 4º Seminário de Memória e Patrimônio, UFPel, 2010).


Carl von Koseritz
Em Pelotas – como no Brasil, em geral – a história do livro está associada à história do jornal.

Primeiro, porque das tipografias dos jornais foi que saíram os primeiros livros. É bastante provável que a mais antiga obra editada em Pelotas tenha sido Resumo de História Universal, também o livro de estreia do professor alemão Carl von Koseritz (dir.) [1830-1890; veja biografia segundo a ARL]. Foi impresso em 1856 na tipografia de O Noticiador, o segundo jornal em circulação na cidade (Tipografia Luiz José de Campos).

Antes, em 1852, o prof. Antônio José Domingues mandara imprimir vários poemas na Tipografia Imparcial, de Cândido Augusto de Melo, ou seja, nas oficinas de O Pelotense, o primeiro jornal de Pelotas. Só que, editados em folhas soltas, esses poemas não chegaram a constituir um livro [veja Relação de jornais existentes na Biblioteca Pública Pelotense, de Garcia e Loner, s/d].

Capa original (Livraria Universal, 1910)
[...] Por um segundo motivo a história da imprensa e a história do livro correm paralelamente, tanto no Brasil quanto em Pelotas: grande parte das edições, no século XIX, era resultado da reimpressão de um material que já fora divulgado, em forma de folhetim, nos rodapés dos jornais.

Temos um exemplo disso no final do século: de autoria de Paulo Marques, o folhetim Vênus ou O Dinheiro, veiculado no jornal Onze de Junho entre setembro e novembro de 1881, transformou-se em livro em 1885, editado sob a chancela da Biblioteca Pública Pelotense.

E sabe-se que duas das principais obras do maior escritor pelotense, João Simões Lopes Neto – Contos Gauchescos e Casos do Romualdo –, antes de assumirem o formato de livro foram publicadas na imprensa: respectivamente, no Diário Popular e no Correio Mercantil.

No ramo específico da indústria editorial, duas empresas dominaram o mercado pelotense - e praticamente o mercado rio-grandense - no último quartel do século XIX:
  • a Livraria Americana: de propriedade de Carlos Pinto & Cia., foi fundada em 1875, estabelecendo filiais em Porto Alegre (1879) e Rio Grande (1885); e
  • a Livraria Universal: de propriedade de Echenique & Cia., foi fundada em 1887, expandindo igualmente seus negócios até Rio Grande e Porto Alegre.
    Foi a Universal [dir.; esquina da Sete de Setembro com Quinze de Novembro] que lançou as primeiras edições [em livro] do Cancioneiro Guasca, dos Contos Gauchescos e das Lendas do Sul, do citado Simões Lopes Neto (Casos do Romualdo só seria editado postumamente, pela Globo, de Porto Alegre).
[...] Dentre os livros que publicaram, predominam as obras de ficção, de autores universais, nacionais e regionais. Mas não deixa de ser surpreendente o acervo de seus livros didáticos.

Substituindo a Americana e a Universal, ainda na primeira metade do século XX, as principais livrarias de Pelotas passaram a ser a Livraria do Globo (filial da de Porto Alegre, então uma das maiores casas editoriais do Brasil) e a Livraria Mundial, fundada em 2 de agosto de 1935 e ainda em atividade.

Livraria Universal nos anos 20. A esquina da Quinze com Sete ainda é famosa, mas pelo café e pelos doces.
Imagens: Flanela Paulistana (1), OLX (2), N. Leschko (3)

Um comentário:

Francisco Antônio Vidal disse...

Outras gráficas e tipografias são mencionadas no artigo "Litografia, uma genial invenção", de Marcelo da Silva Calheiros, especialista em Patrimônio Cultural (UFPel).
http://www.ufpel.edu.br/iad/memoriagraficadepelotas/pdfs/Litografia%20uma%20Genial%20Inven%C3%A7%C3%A3o..pdf