quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

1ª mostra de criações em crochê

Amanhã (1) à noite, Giane Casaretto mostrará uma nova série de criações em crochê, numa apresentação múltipla, com modelos desfilando, música ao vivo e ambientação visual (clique no convite para ampliar).

Em ocasiões anteriores, Giane havia colaborado com peças de crochê em performances organizadas por Gracia Casaretto Calderón, além de suas participações em coletivas do Ateliê, mas não havia dedicado uma exposição exclusiva para suas criações. Agora é Gracia que apoia, na arte visual, o evento artístico de sua mãe, professora e inspiradora inicial.

Pode-se dizer, portanto, que esta Mostra Performática é uma obra a quatro mãos de duas colegas, com os produtos criados por Giane e o conceito expositivo trazido por Gracia, formando um conjunto de arte social contemporânea.

POST DATA (8 de março)
Na foto abaixo, um aspecto da Mostra Performática realizada há uma semana no Ateliê Giane Casaretto.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Fragmentos, de Leyla Lopes

O mundo, tanto externo como interno, é vasto e dinâmico, bem como a materialização do mesmo numa tela, numa escultura, na música, na poesia, enfim... Somos uma espécie de ponte por onde o mundo passa, mistura-se conosco e é devolvido ao mundo através de nossas obras, como resultado dessa mistura do mundo, de nós, de nosso perceber, sentir e expressar. Somos na verdade decodificadores, comunicadores de sentimentos e razões através de cores e formas.

Sendo o mundo assim tão rico, torna-se difícil manter-se fiel a um único tema. Tudo que encanta o olhar e arrebata o coração é tema, a pessoa, o objeto, a situação, tudo é motivação pra ser metabolizada em nós e compartilhada de volta com o mundo.

A exposição "Fragmentos" (até 11 de março no Corredor Arte) são obras de várias épocas criativas, que reúnem em si vestígios de encantamento e inspiração, por isso sua diversidade temática. Posso dizer que seu tema são momentos diversos e sua síntese o coração e a mão que materializou cada tela. Compartilho com todos, esses fragmentos.

Leyla Lopes

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A Casa do Torres, ainda de pé


Há três anos, vimos aqui no blogue a situação da casa mais antiga de Pelotas (leia a postagem), denunciada em 2004 por Mario Osorio Magalhães. Em setembro de 2011, o escritor confessou o que seria seu Sonho do Bicentenário: ver recuperada - fìsica e socialmente - esta construçâo colonial de 1808 (data aproximada, pelos cálculos do historiador pelotense).

A mesma informação já havia sido veiculada em forma de reportagem audiovisual por Júlio César Prestes (vídeo acima). As imagens mostram o mau aspecto externo da casa, que se deteriora lentamente mas está firme há pelo menos 200 anos, e o sobrevivente calçamento de pedra ainda existente no centro da cidade. É preciso notar também que a antiga Rua do Torres, hoje Major Cícero, nâo tem inclinaçâo alguma.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Retrospectiva de 2011 no Ágape

Em retrospectiva de 2011, o Ágape Espaço de Arte recorda as atividades de seu segundo ano de existência, com inovações bem aceitas pelo seu público, desejoso de reunir-se e de conhecer as diversas artes do espírito mediante todos os sentidos do corpo - visão, audição, movimento corporal, degustação - e pela participação ativa: falando, dançando, pintando, lendo, cantando.

Exposições mensais encheram as salas do centro, de janeiro a dezembro: Satolep de Olhos Cerrados (fotografias de Kelly Wendt), Lá da Rua (pinturas de Junior Asnoum e Felipe Povo), Imersões (pinturas de Roger Coutinho), Instáveis (Grupo Superfície), Os Sons da Cidade (fotos de Beatriz Rodrigues e música de Celso Krause), Arte de Arteterapeutas II, Objetos Sonoros (de Chico Machado), Coletiva Internacional Entrelínguas, Lúdico Cotidiano, e Inutilitários Bazart I e II.

Saborosa inovação foi temperar cada noite de vernissagem com um Jantar com Arte. Numa iniciativa única na cidade, a combinação trouxe gourmets e transformou o Ágape em restaurante familiar. Outras novidades mostraram em 2011 que a criatividade nâo tem limites: o filme "Entrevista com Jung" e palestra com Conceição Beltrão; o Seminário de Dançaterapia, com Sonia López; a Mesa de Debates sobre Arte, com Adriane Hernandez, André Loureiro, Roger Coutinho e Francis Silva; o Minicurso sobre Processos Criativos, com Angélica Shigihara; o Concerto Poético-Musical "Por tudo, gracias!", com Paulo Renato e Maurício Marques, e o lançamento do livro "É Coisa de Mãe", de Denise Viana.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Memórias do Sul, imagens no tempo e no espaço

O corredor do centro comercial Mar de Dentro, no Laranjal, está expondo, durante todo o mês de fevereiro, uma coleção de fotografias antigas, que pertenceram ao pelotense Jorge Duval (tio do artista plástico Fernando Duval).
A mostra é organizada pela Galeria Mirar, Arte Fotográfica, sediada no centro comercial Zona Norte. Além do objetivo sociocultural de resgatar a memória urbana de cidades gaúchas, a exposição tem caráter itinerante, visitando inicialmente as três cidades presentes nas imagens: Pelotas, Rio Grande e Santa Vitória do Palmar.
Desde o falecimento de Duval, há seis anos, a artista plástica Norma Alves guardava a coleção, presente de uma amiga, sem saber que ali se encontrava um tesouro. Trata-se de milhares de postais e imagens históricas recolhidas nas últimas décadas por todo o Brasil.
A Galeria Mirar busca reconhecer e divulgar a riqueza da produçâo fotográfica da nossa regiâo, abrindo seu espaço para artistas amadores e profissionais que queiram expor e comercializar suas obras (fotografias de qualquer tipo e conteúdo). Contatos: 8111 1949.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Modelo do futuro Shopping Pelotas



Há três meses (8-11-11) foi inaugurado em Rio Branco, capital do Acre, o Shopping Center Via Verde, que segue o mesmo modelo daquele que será inaugurado em Pelotas proximamente. É o primeiro shopping dos acreanos, da mesma forma que os habitantes da Metade Sul do Estado conhecem os centros comerciais mais modernos por Buenos Aires, Porto Alegre e outras capitais.

A notícia acima foi dada em duas páginas pelo Diário Popular (edição impressa, 14-11-11), destacando que a iniciativa caminha firme para sua realização, e transformará a vida dos pelotenses (leia a matéria Shopping semelhante ao de Pelotas é inaugurado). A comunidade anda ressabiada nos últimos anos, desde que uma dúzia de centros e galerias comerciais foi anunciada, mas sem conclusão dos projetos. A cidade de Rio Grande tem situação parecida, também com um grande shopping center em próxima construção, a ser terminado em 2013.

Em nossa cidade, funcionam hoje com relativo sucesso somente dois centros comerciais (ambos projetados para esse fim, mas sem lojas-âncoras nem cinemas nem praça de alimentação): o Zona Norte (hoje denominado "Artes e Ofício") e o Mar de Dentro, na orla do Laranjal. Além deles, temos uma galeria de minilojas dentro da Estação Rodoviária, que foi um conceito ousado para os anos 80, e o chamado Shopping Calçadão, que também é uma galeria de compras, mas se não tivesse o único cinema da cidade (3 salas, no último andar) não mereceria chamar-se shopping.

No Acre, um mês antes da inauguração do Via Verde, a mídia falava da expectativa da população com o novo shopping (veja reportagem de 12 minutos) e deu destaque no dia da inauguração (veja reportagem do SBT).

O modelo do espaço interno (dir., clique para ampliar), que é exatamente o mesmo em Pelotas e em Rio Branco, inclui grandes e pequenas lojas, salas de cinema, praça de alimentação e outras instalações. O prédio é fechado e tem somente um piso, com possibilidades de ampliação futura.

No dia do Natal de 2011, o Diário Popular informou dos avanços nas obras do Shopping Pelotas, descrevendo-o já como uma realidade, não mais como projeto (Estrutura de concreto do shopping já pode ser vista). Agora se configura uma competição simbólica com a construção do Shopping Rio Grande, que incluirá 4 salas da rede brasileira Cine System, a mesma que terá em Pelotas 5 salas (Diário Popular, edição impressa, 1-2-12).

POST DATA
15 março 2013

Sala de 455 lugares terá a maior tela de cinema do Estado, com 200 m2 (v. notícia)

20 agosto 2013
Veja planta atualizada do Shopping no blogue Caminhos da Zona Sul.


domingo, 5 de fevereiro de 2012

Angela (1951), longa-metragem rodado em Pelotas

Um dos primeiros filmes da Vera Cruz teve cenas numa Pelotas já decadente.
Falando de cinema em Pelotas, o professor e crítico Joari Reis distingue três etapas históricas (veja reportagem de Carlos Cogoy):
  • uma fase de pioneirismo, nas primeiras décadas do século XX, quando se filmaram vários curtas e o primeiro longa-metragem de ficção brasileiro, "O crime dos banhados", de Francisco Santos;
  • o declínio criativo, tendo como referência o ano de 1937, quando morre Santos e está no início a Segunda Guerra Mundial;
  • a recente retomada da produção de filmagens, com a fundação do curso de Cinema na UFPel, o surgimento de produtoras pelotenses e de festivais de artes audiovisuais.
Na segunda etapa citada, Pelotas não teve criação própria (declínio produtivo até o início do século XXI) e serviu como locação para diversas produções do centro do país e até do exterior (desde 1951 até hoje).

Entrada principal do Solar da Baronesa, recuperado nos anos 80.
O primeiro filme dessa fase foi Ângela (1951), terceiro longa-metragem da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, de São Paulo. Foi dirigido pelo argentino Tom Payne e por Abílio Pereira de Almeida, em preto e branco, com a duração de 95 minutos (veja uma ficha técnica).

Filmagens externas foram feitas no Rio de Janeiro e em Pelotas, na Chácara da Baronesa (atualmente Museu da Baronesa, sob administração municipal), na época ainda em mau estado de conservação (compare as fotos acima). Cenas de interiores foram feitas nos estúdios de São Bernardo do Campo. Não parece claro por que uma produtora iniciante como a Vera Cruz teria escolhido uma cidade tão distante do centro do país (a estrada para Porto Alegre não era asfaltada).

O roteiro é uma adaptação de Neli Dutra para o conto "Sorte no Jogo" (Spielerglück, 1820), de Hoffmann. Na história adaptada, a jovem Ângela (atriz Eliane Lage), que teve um padrasto viciado em jogos de azar, vem a casar-se com um homem com o mesmo problema (o gaúcho Alberto Ruschel, o Teodoro de "O Cangaceiro"). Atuam também duas mulheres que teriam longevas carreiras: a cantora Inezita Barroso, em sua estreia nas telas, e a então novata Ruth de Souza.

A dissertação O Momento Vera Cruz, de Valéria A. Hein (UNICAMP, 2003) descreve, entre diversos trabalhos cinematográficos, o filme Ângela (páginas 72-76).

A trilha sonora ficou a cargo do consagrado compositor e maestro Francisco Mignone, regendo a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal de São Paulo. Canções especiais para o filme: "Quem é", de Marcelo Tupinambá (cantada por Inesita), e "Enquanto houver", composta por Evaldo Ruy (cantada por Marisa Sá Earp).

Um documentário da TV Cultura de 2009 (vídeo abaixo) mostra o trecho do filme em que Inezita Barroso (como Vanju) – contracenando com Luciano Salce (Gennarino) e Ruth de Souza (Divina) – estreou no cinema brasileiro.
Fotos: Cris Matte

POST DATA
2014 Veja o filme completo aqui.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Olha o temporal!

Quando se aproxima uma tempestade como a de hoje, a maioria tenta se proteger da chuva e de possíveis perigos naturais. Poucos ficam para ver, e poucos desses usam a situação como um laboratório fotográfico para mostrar os resultados à posteridade. Pois bem, menos ainda conseguem um resultado que possa concorrer a um prêmio. Aqui temos um exemplo (veja a sequência de fotos no blogue de Nauro Júnior, Retratos da Vida).

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Pelotas agradece ao dr. Gilberto L. Braga

Há algumas semanas (sábado 17-12-11), faleceu silenciosamente Gilberto Langlois Braga, hospitalizado havia algum tempo, com grave doença. Não quis velório nem anúncios, somente a cremação como humilde saída desta vida.

Apaixonado pela arte musical, batalhou com idealismo, nos últimos cinquenta anos, pelo desenvolvimento da música erudita em Pelotas e do crescimento da Sociedade Pelotense Música pela Música, fundada em 1990 (leia a história desse projeto em duas reportagens do Diário Popular: Sociedade completa 11 anos e Festa para comemorar 15 anos).

Em 2006, o médico Nei Guimarães Machado, que foi outro dos fundadores, resumiu em breve crônica (A concretização de um sonho) o papel de Gilberto Braga naqueles inícios. Em dezembro de 2010, quando do concerto ao ar livre na Av. Bento Gonçalves, uma nota do Diário Popular destacou novamente seu trabalho com a SPMM:
O sonho de Gilberto Braga frutificou e é hoje essa realidade linda, que encanta a plateia pelotense e a emociona a cada apresentação do coral e da Orquestra Filarmônica.

É um belo presente que Gilberto legou a Pelotas, que, secundado pelo esforço e pela dedicação de tantos outros idealistas, não só foi mantido sem interrupções, como ampliado em sua estrutura e aprimorado, nessa difícil mas gratificante arte de cultivar o belo através das mágicas tonalidades do canto e da música
[leia a nota completa: Música na Praça].

Incômodo com o silêncio em torno à morte do dr. Braga, o ex-secretário da SPMM José Galli escreveu a nota abaixo, publicada ontem (2) no Diário da Manhã.


Pelotas Musical deveria pôr luto

Há cerca de um ano, tentava descobrir o nome de música que, em minha juventude, ouvia com relativa frequência na Voz do Povo, chamada bem-humoradamente de "voz do poste", um conjunto de alto-falantes colocados na "ilha dos malandros", esquina da Quinze de Novembro com Marechal Floriano. Queria testar minha memória, procurando a melodia na internet.

Consultei todos os maestros e músicos que conhecia em Pelotas, mas, embora alguns lembrassem a melodia, foram incapazes de lembrar o nome do trecho. Foi então que a conhecida soprano Carmem Vera Bassols me sugeriu: "Telefona para o Braga".

Seguindo seu conselho, telefonei-lhe e, ao cantarolar-lhe a melodia, imediatamente respondeu que "via a partitura" na sua frente e que até a cantara na SPMM. Pouco depois, veio a resposta: Notturno d'amore, do balé I Milioni D'Arlecchino (Les Millions d'Arlequin)!

Assim era o Dr. Gilberto Langlois Braga. Amante desde jovem e profundo conhecedor de música erudita que, na década de 60, junto com o consagrado maestro Tagnin, fundaram o Grupo Lírico que germinou na formação e desenvolvimento da SPMM.

Nessa Associação, tinha a característica de insistir na qualidade musical e manter-se sempre em segundo plano, apesar de no tempo das vacas magras financiar do próprio bolso até o deslocamento de coralistas menos aquinhoados. Ele também foi o responsável pela vinda para Pelotas do talentoso maestro Sérgio Sisto (acima à esq.).

Faleceu há algumas semanas como viveu: sem homenagens e sem alarde. Que me perdoem se o descontento com esta nota.
J. Galli
Fotos da web

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

João Affonso Corrêa de Almeida, gramático de dois idiomas

Nesta crônica, Rubens Amador compartilha um dado cultural que repousava há tempos em sua memória e que veio à tona ao passar pela casa da antiga escola João Affonso Corrêa de Almeida, no Parque Dom Antônio Zattera nº 500.

Naquele domingo ensolarado eu vinha pela rua Andrade Neves, cerca de onze horas da manhã. Nas proximidades do Asilo de Mendigos, ao passar pela hoje Academia Pelotense de Letras (dir.), por associação, lembrei-me de um velho amigo, chamado Epitácio Torres, hoje delegado de polícia aposentado. Homem muito inteligente, autor de uma vintena de livros e professor de inglês, viveu por quatro anos com sua família nos Estados Unidos.

Desde os tempos de ginásio, quando nos conhecemos, estabelecemos uma grande amizade que dura até hoje. Possuo a foto do Kennedy que foi Ministro da Justiça Americana, entregando-lhe o seu diploma, na Academia de Polícia de Chicago, onde concluiu seu curso.

Pois a associação de ideias veio porque um tio seu, o professor João Affonso Corrêa de Almeida, emprestara seu nome por muitos anos à escola que ali existiu por décadas, até as bandeirantes ocuparem o prédio da hoje Academia. E aqui vai um fato histórico que poucas pessoas conhecem; eu, soube-o pelo meu querido e grande professor de português no Ginásio Pelotense, Francisco de Paula Alves da Fonseca (1893-1986).

Certo dia, em aula, contou-nos ele que fora contemporâneo e aluno do professor João Affonso, o qual — e aqui a revelação importante — foi o ÚNICO pelotense que escreveu uma gramática francesa e outra do idioma português.

Para os que gostam de história da cidade, posso informar que o professor João Affonso nasceu em 1854 e morreu em 1914, aos 60 anos. Ao subir num bonde (naquela época, puxado por alimárias), caiu fulminado por um infarto. Quando me encontrava defronte à casa da hoje Academia, lembrei-me das coisas que acabo de narrar.
Rubens Amador
Foto 1: H. Borba (Panoramio)

Helena Neves, Giane Amaral e Elomar Tambara pesquisaram sobre o ensino privado no final do século XIX, em nossa cidade (ver o artigo Professores, a alma do negócio? As propagandas impressas dando visibilidade à atuação docente em Pelotas, 1875-1910).

Entre duzentos nomes de professores, citam a atuação de João Affonso Corrêa de Almeida, de 1879 em diante: como professor — no Ateneu Pelotense e no Colégio Pelotense (anterior ao Ginásio Pelotense, fundado em 1910) — e como diretor do Colégio Sul-Americano, em 1886. Não mencionam as gramáticas do professor João Affonso.