quarta-feira, 23 de maio de 2012

Cem anos da paróquia da Luz

O professor e artista Jonas Klug escreve o seguinte, hoje (23) no Facebook, sobre a paróquia da Luz, que comemora atualmente o centenário de sua fundação (ocorreu em abril de 1912). Ele começa recordando as subdivisões da cidade em bairros e "zonas", especialmente as do Centro de Pelotas .

Lembrei disso ao ver, hoje, um cartaz (esq.) convidando para a novena comemorativa à festa da Padroeira e ao centenário da criação da Paróquia de Nossa Senhora da Luz, que denomina a "zona" onde eu morei por dezoito anos.

O "arrabalde da Luz" formou-se em torno de uma pequena ermida erguida em 1824 — então bastante fora da área urbana — por promessa de um certo capitão de barco José Fernandes da Victoria Santos, que teria recuperado milagrosamente a visão após dois anos de quase total cegueira.
Obtendo licença para pedir esmolas para a obra com o auxílio de um amigo, conseguiu a doação de um terreno particular, e levantou-se a capela, pequena e humilde, para abrigar a imagem da Padroeira, vinda de Portugal.

Nos meus guardados encontrei um "santinho" centenário (tem uma oração, atrás, mas sem data). A estampa (dir.) reproduz uma aquarela muito primitiva, mas que retrata mais ou menos fielmente a imagem — impresso, portanto, especialmente para Pelotas.
(...) Esse costume de imprimir gravuras que retratassem fielmente uma determinada imagem (em escultura) muito venerada pelo povo é muito ibérico.

(...) As cores que a escultura original apresenta na policromia são branco, no vestido, e celeste, no manto, mas não quer dizer que não tenha sofrido alguma repintura nos seus 288 anos de existência. Ou, talvez as cores desta aqui sejam uma licença tomada pelo aquarelista, inclusive porque o vermelho ou o rosado (a luz do fogo) são tradicionalmente associados à Senhora da Luz ou da Candelária.

Embora atualmente, em Pelotas, se comemore em maio, a data oficial da festa é 2 de fevereiro, em pleno verão europeu, onde provavelmente substituiu alguma comemoração pagã de fertilidade da terra.

Como N. Sra. dos Navegantes acabou se implantando no dia da Candelária (2-2), provavelmente por essa razão a festa da Luz, aqui, deva ter sido transferida para o encerramento do mês de Maria.
Em 1899 foi demolida a primeira ermida e começada a graciosa igrejinha (abaixo) que veio a se tornar Matriz da nova "freguesia", desmembrada da Catedral pelo primeiro bispo, D. Francisco de Campos Barreto em 1912.


Infelizmente, no final dos anos 1960, foi demolida, sob argumento de seu tamanho pequeno, para dar lugar à atual igreja (abaixo), de um modernismo do pior gosto. Felizmente sobreviveu a quase bicentenária imagem de Nossa Senhora, testemunha silenciosa das selvagerias do progresso.

Depois arrumaram esse terreno que aparece meio baldio aí na frente (acima) e foi plantada uma alameda de palmeiras, era uma pracinha cuidada. Por dentro tinha uma espécie de mezanino em toda a volta, como um teatro, o altar mor era singelo mas gracioso, com Nossa Senhora bem no alto, entre S. Francisco e Sto. Antonio (leia o post completo de Jonas Klug).

Os seguintes dados históricos foram tomados do livro "Centenário da Diocese de Pelotas", de Mendes e Alves [Pelotas, 2010, p. 136-140].

Em 1932 a paróquia foi entregue aos cuidados dos padres franciscanos, que em 13 de abril desse ano instituíram a Trezena de Santo Antônio de Pádua, celebrada até hoje em 13 terças-feiras seguidas.

Em 1943, a pedido do bispo Dom Antônio Zattera, os freis capuchinhos assumiram a paróquia. Encontraram a instituição beneficente do Pão dos Pobres de Santo Antônio e em 1947 a mudaram para o terreno em frente à igreja, fundando ali o Instituto Pão dos Pobres (desde 1991, Escola Nossa Senhora da Luz).

Em 1967 foi lançada a pedra fundamental da nova matriz, sendo pároco o padre José Schramm.

Imagens: J. Klug (2), Arquidiocese de Pelotas (1, 3) e F. A.Vidal (4)

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