domingo, 24 de março de 2013

Um poema visual com duas palavras


Defronte ao trapiche do Valverde, os plátanos orientais são testemunhas de situações românticas e até emprestam suas cascas para documentar compromissos de namorados. Deise e Jonatan deixaram seus nomes anotados para o mundo saber que estavam juntos, provavelmente há uns dois anos. Uma gota de esperança numa sociedade inundada de ódios e amarguras.
Alguns amores crescem como as árvores; outros se desvanecem à medida que os troncos se renovam. Será que esse casal ganhou a solidez da celulose, ou se desconfigurou como a areia lavada pelas ondas?  A imagem tomada hoje no Laranjal sugeria a existência de um desgaste da intimidade. A vida social segue seus caminhos lá fora, enquanto os sentimentos podem parar e ficar sentados, numa espera indefinida de dias melhores. O único que fica de pé, plantado firmemente no tempo, é a certeza daquele início.
Foto: F. A. Vidal

2 comentários:

Alexandre Vergara disse...

Muito legal Francisco, muita sensibilidade tua.
Todos poemas do mundo cabem na ponta de uma caneta, e todos amores na casca de uma árvore.
Abraço
Alexandre Vergara

Francisco Antônio Vidal disse...

Certo, Alexandre. É bonito pensar que as árvores concentram o amor do mundo, grandes como "coração de mãe". Mas a verdade é que elas só mapeiam as declarações, como o tabelião faz por dinheiro. De fato o papel sai das árvores, e seria maravilhoso que os amores e os projetos também saíssem do papel vivos como nasceram.