quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Santa Casa de Misericórdia

[...]

A Santa da casa
O resultado desse medo
A casa e suas paredes

Santíssimas ... infestadas de vezes

Cada prece que paga um preço
Desde o começo
Dos ancestrais que traímos
Trás em nós o poder de a sós ...

Resistirmos à sonolência dos anos

Assistirmos ao que convoca
A santíssima arte/contato/paróquia/profano

E mais um corpo entrega-se ao eterno dormir
Há de vir o que não veio

A santa da casa e a casa santa dela
Floreio de poesia sem manuseio

[...]

Santa Casa de Misericórdia,
torres da capela (Pelotas)
Cresci nos corredores da Santa Casa de Pelotas. Literalmente. Minha mãe, enfermeira, levava-me aos encontros de fim de ano das equipes. Festas natalinas, visitas à capela, correria junto às outras crianças no pátio interno.

Uma experiência única da minha infância. Cresci, e algumas vezes, fui à capela.

Gosto da atmosfera daquele hospital em específico. A arquitetura interna/externa da Santa Casa. Seus corredores largos e sussurrantes. A proximidade da vida e da morte. O contato entre os que sorriem e os que ansiosamente esperam. Tão próximos da salvação. Isolados. Esperançosos. Profundamente desanimados. Demasiado persistentes.

Ao levar meu companheiro a uma consulta oftalmológica na Santa Casa daqui de São Paulo, deparei-me com memórias.

Muitas memórias que moram na similaridade e nas diferenças. O espaço que nos circula, permeado por cultura, decodificada, por nossa cultura de mundo. Então esta cultura pelotense permanece presente.
Nathanael Anasttacio (SP)

Fotos: N. Anasttacio (SP, 14-10-13), Suzy Alam (Pelotas, 2007)
Mais fotos de Pelotas: Santa Bela Casa

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