segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Vista aérea da Barra

O Pontal da Barra - a proa de Pelotas - fica onde o Sangradouro da Mirim deságua no Mar de Dentro.
A área é emblemática para historiadores, ecologistas, turistas, poetas, pescadores e fotógrafos.
Foto aérea da barra do Canal de São Gonçalo, feita por Patrick Rodrigues no dia de Natal de 2011. Nauro Júnior foi seu orientador na Zero Hora nos anos 90, e hoje é seu amigo e admirador. Ele conta que naquele dia Patrick "acordou, pegou seu paraglider, levantou voo ao lado da nossa casa e foi fazer umas fotos no Laranjal". Segundo a Wikipédia, o nome do veículo seria parafly ou "paramotor" (um parapente motorizado e com rodinhas).
Imagem: Facebook

domingo, 29 de setembro de 2013

Saudação aos poetas

A palavra essencial é o título do texto abaixo, que a Professora e Poetisa Loiva Hartmann escreveu para o Diário Popular (v. na edição de hoje 29-9). O artigo homenageia os poetas, especialmente os pelotenses, que na próxima Feira do Livro terão destaque na programação, em alusão aos 160 anos do nascimento de Francisco Lobo da Costa (1853-1888). Leia também Lobo da Costa, poeta de 34 anos.



Oleiro dá forma ao material.
O poeta, qual cirurgião, rasga e desnuda a carne da palavra e a expõe ao leitor. Sem máscaras, dialogam. Percorrem juntos as veredas do viver. Compartilham afetos, inquietações, alegrias, angústias, verdades.

O poeta é o oleiro dos sonhos que vai trabalhando o barro da palavra humana, com a mente mergulhada no infinito e com os pés fincados na terra.

Segundo Elvo Clemente, a imagem mitológica de Prometeu, os textos estudados na Teologia cristã, tudo leva à contemplação do Ser Supremo. O artista tanto imita o Criador - que busca a sua palavra na essência do Verbo - que, por um ato de amor eterno, humanizou-se, revestindo-se de nossa carne, identificando-se com a nossa pobre e ingrata palavra humana.

Poesia concretista
A verdadeira poesia eleva-se acima do pobre barro humano para abeberar-se na essência da poiesis que é Deus, sem o que não passa de mísero balbucio.

A carpintaria literária do poeta deixa claro ao leitor, observador, que, mais difícil, mais humano e mais belo do que escrever, é convencer. E justamente aí está o universo pleno do texto.

Sendo a literatura expressão dinâmica do homem e suas circunstâncias de espaço, tempo, cultura e ideais, sempre diante de horizontes sem fronteiras, nesse espaço sagrado o autor movimenta-se com liberdade, e mais: no universo pleno de seu texto, à medida que amadurece, aprimora seu discurso, tornando-o cada vez mais conciso. Da adolescência à maturidade, o impulso e a força vital para criar provêm das esferas mais ocultas do ser: da ingenuidade à sensualidade madura, à exigência de realização em todas as nuances do humano.

Quão perceptíveis as marcas do amor. A ferro e fogo, fixa sua logomarca, a qual permanece indelével até ao final de nossos dias. A experiência literária e a habilidade linguística funde-se com a expectativa do leitor: pré-forma de nova compreensão de mundo. Cumpre com maestria a mais significativa função da literatura: na alteridade – a cumplicidade.

Professora Loiva (E) recebeu o brasão da Academia
Pelotense de Letras, de Zênia de León (v. notícia de 2006)
Caro poeta, dispensas adjetivos. Que bom que existes! E que privilégio para uma comunidade, teres enveredado para as letras.

A seara oferecida aos jovens ultimamente, é limitada. Mas, havendo lígias, sclyares, clementes, lyas, zanotellis, szechires, alguns poucos mais, há horizontes a descortinar, futuro possível.

Minha homenagem a quem, além de escrevinhadores, são partícipes constantes do universo cultural da Zona Sul.

Loiva Hartmann
Mentora da Jornada Cultural de Pelotas
Patrona do blog Pelotas, Capital Cultural

Imagem poética de Nauro Júnior 
Imagens: Mundo Insólito (2), L. Hartmann (3), Facebook (4)

sábado, 28 de setembro de 2013

"O Renascimento do Parto" poderia vir a Pelotas


"O Renascimento do Parto" é um documentário que questiona a realidade obstétrica no Brasil e no mundo, e defende nascimentos mais humanos e menos traumáticos (v. sítio do filme e página no Facebook). O projeto iniciou com financiamento exclusivo dos criadores, e optou pelo financiamento coletivo, para pagar os custos iniciais e para aumentar a divulgação. O filme está motivado por uma causa internacional, em prol da paz e de uma humanidade com melhor saúde e mais harmonia.

O longa-metragem surgiu no circuito comercial em 9 de agosto de 2013 e mediante ações virtuais já chegou à oitava semana em 30 cidades brasileiras, com cerca de 25 mil espectadores, sem ter contrato com redes de exibidores, somente com uma distribuidora. As "ações virtuais" incluem, além de um bem-sucedido crowdfunding, recados pessoais no Facebook e telefonemas aos donos de cinemas.

Os cineastas são o casal brasiliense Érica de Paula e Eduardo Chauvet (foto abaixo). Ela é psicóloga, doula e acupunturista e ele, apresentador do SBT, com formação em cinema (leia entrevistas com Érica para o blogue Mamatraca e a Revista TPM).

Eles dizem que só se requer boa vontade para promover a exibição do filme em qualquer cidade do Brasil (leia a explicação). Não há recompensas em dinheiro, mas sim a alegria de contribuir a uma causa justa.

Portanto, "O Renascimento do Parto" também poderá ser visto em Pelotas se alguém tomar a iniciativa de conseguir a sala de cinema e pedir a cópia aos diretores. Há 4 semanas já existe uma campanha inicial mediante a comunidade Eu quero o Renascimento do Parto em Pelotas.

O filme já foi inscrito em 4 festivais internacionais (EUA, China e Venezuela), proximamente será exibido na TV aberta e, mais adiante, ficaria disponível em DVDs. Mas pretende, antes, ser visto no cinema em mais cidades do Brasil.

Érica e Eduardo
No documentário, que defende a gestação consciente e do parto natural, alguns especialistas explicam as mais recentes descobertas científicas, que têm mostrado uma civilização que nasce sem os chamados "hormônios do amor", liberados apenas em condições específicas de trabalho de parto. 



Por exemplo, a psicóloga Laura Uplinger (filha de brasileiros e licenciada na Sorbonne), diz: "O nascimento clássico hospitalar traz, com a primeira transição forte de vida, a marca da violência" (v. entrevista na TV argentina em 2011).

No mundo moderno há um número alarmante de cesarianas ou de partos com intervenções violentas e desnecessárias, contrariando o que é recomendado hoje pela ciência (a OMS admite 15% de cesarianas num, país). Tal situação traz sérias consequências perinatais, psicológicas, sociais, antropológicas e financeiras (veja mais sobre o projeto no sítio Benfeitoria).


Fotos: Carol Dias (FB), GPS Brasília

POST DATA
22-10-13
Diário Popular publicou a reportagem Cesarianas viram epidemia e chamam à reflexão.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Coletânea musical homenageia a identidade gaúcha


O músico e compositor pelotense Júlio Guarany apresentou sexta passada (20-9) seu terceiro CD, "Ventos Livres". A data e o lugar do lançamento (Parque Farroupilha de Piratini) são uma homenagem ao Rio Grande do Sul e suas tradições, assim como o próprio título, que alude à natureza e à liberdade, valores tão caros para o gaúcho.

O artista popular e ambientalista agora busca apoio para uma apresentação musical ao vivo em sua terra natal. Enquanto isso, seu trabalho está à venda no Studio CDs, exclusivamente. Contatos para shows:(53) 8406 4306 e 8103 4566 e Facebook.

Em novembro de 2010 (v. nota neste blogue), Júlio apresentou músicas de seu segundo disco, "Pingo D'Água". O primeiro trabalho havia sido "Planeta Terra", apresentado em 2007 na FENADOCE. Os valores que o artista/ativista sempre exalta em suas letras são a ecologia natural, a cultura da paz e a solidariedade social.

Júlio César Xavier Botelho, o Júlio Guarany
"Ventos Livres", disco dedicado ao Rio Grande, propõe que nosso Estado se torne uma querência de exemplo para a Nação, com justiça social, ética e compromisso com a verdade. A mensagem é ecológica, pois almeja que as pessoas se respeitem umas às outras e vivam uma economia solidária, conservando a Tradição Pampeana. Em outras palavras, que os gaúchos sigam sendo gaúchos, mas se assumam parte de um planeta unido na diversidade.

Dizer isto em Piratini e no Dia dos Farrapos equivale, na prática, a uma refundação simbólica da República Rio-Grandense em clave pacifista.

Os nomes das músicas são: Ventos Livres, República Guarani, Grande Esperança, É Meu Rio Grande, Dois Lados do Ser, Tamanduá Bandeira, Peão Caminhoneiro, Quero-Quero, Em Volta do Fogo, Um Dia de Campo, No Pé do Abacateiro, Paz do Sul, Vem Chegando.


Ventos Livres, de Júlio Guarany

Meu Deus me deu bom caráter, a vida foi uma escola
E me deu lindos filhos que herdam de mim esperança.
A vida me maltratou, deixando amargos em minh'alma
Mas Deus me traz Ventos Livres que os deixo hoje de herança.

Sou gaúcho de cidade e não ostento opulências
Guardo em minha essência Ventos Livres à consciência.
Não guardo rancor algum; a Deus, saúdo a minha existência.
Deixo aos homens minha herança de Ventos Livres à consciência.

Três contra todos, o livro a três


O primeiro livro de André "Deco" Rodrigues vem sendo anunciado pelo Facebook desde outubro de 2012 e agora já pode ser lido completo. Em fevereiro de 2013 ele já estava pronto, segundo o Diário Popular. Haverá um pré-lançamento com autógrafos no Restaurante Madre Mia, hoje (25-9), e um lançamento formal na próxima Feira do Livro.

Em novembro de 2012, o autor liberou as primeiras 37 páginas (v. Facebook), que são pouco mais de um terço da obra, num saboroso adiantamento aos fãs. A ideia era contar um romance fora do comum e num formato atual, algo assim como um folhetim virtual. O mais "moderno" seria relatá-lo em tweets, mas o formato tradicional em papel se mostrou mais adequado: a história tem três narradores, que são os mesmos personagens que se enrolam num romance triangular.

O namoro a três contém 3 casais: 1 legal e 2 clandestinos.
Por sua alta dose "homo", há mais narcisismo do que união.
O escritor entrou na roda e terminou a história em cerca de um mês. Os capítulos são brevíssimos e os fatos que enredam Rafaela, Eduarda e Lucas deixam o leitor enredado com eles desde a primeira página, assim como começou a envolver virtualmente o público, meses antes da publicação.

Além dessas inovações de forma (na divulgação e no relato), Deco Rodrigues também lança seu primeiro livro com um conteúdo provocativo: o texto sugere, já no título, que o amor erótico, vivido com toda sua subjetividade emocional, passa a ser um ato político quando é praticado ante a sociedade. Quem namora dentro da tradição já briga com seus pais, mas quem desafia os padrões sociais começa uma guerra aberta contra todos, algo assim como a Revolução das Flores nos anos 60.

Na pós-modernidade do século XXI, o ousado é oficializar o triângulo, integrando o amante ao casal estabelecido. O terceiro, portanto, não é excluído, pois deseja aos outros dois (e não somente a um) e ao mesmo tempo é desejado por eles (e não somente por um). Complicado? Se Freud o lesse, veria aí o complexo do bebê que se sente afastado pelos pais... e que, na fantasia, deixa o voyeurismo e realiza a aproximação amorosa com ambos. Nessa leitura, trata-se de um casal e um filho.
"Vicky Cristina Barcelona" (Woody Allen, 2008) mostra dois triângulos consecutivos: no primeiro, Juan Antonio seduz as amigas Vicky e Cristina por separado (homem bígamo). Na trama central, o casal de Juan Antonio e María Elena seduz e é seduzido por Cristina (trio amoroso). Quando dois deles se reúnem, aparecem os conflitos; quando os três convivem juntos, reina a harmonia (v. trailer). 
Para isso se requer a postura homossexual das "amantes", motivo pelo qual é mais "fácil" que esse trio ocorra com duas mulheres. Uma reflexão pelo lado masculino é feita pelo gaúcho Nei Van Soria na recente música Tolerância. Já aludi às complicações de reunir dois homens atraídos por uma mulher, no post Jules e Jim, uma para dois, três para três).
Deco Rodrigues faz a narração a três vozes.
Manoel Soares Magalhães, que já descreveu o lado obscuro de nossa cidade, anunciou que "Três contra todos" promete revelar (desnudar) a noite pelotense (v. nota do Cultive Ler). Em "Vampiros" (2008) e "O homem que brigava com Deus" (2002), o escritor mostrou os sérios dramas emocionais de personagens noturnos e subterrâneos de Pelotas.

Sobre o livro de Deco, Nauro Júnior comentou que "Cinquenta Tons de Cinza é coisa do passado". Nauro é editor e fotógrafo do livro.

À venda nas livrarias: Mundial (Quinze de Novembro 564), Vanguarda (Gonçalves Chaves 374), Cia. dos Livros (Quinze de Novembro 559) e no restaurante Madre Mia (Santa Cruz 2200), na Isa Cestas (Dr. Cassiano 196) e na Danny Joias (Gonçalves Chaves 659 loja 4).
Fotos: Nauro Jr

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Múltiplos olhares no cotidiano do hospital


O Corredor Arte é um projeto de humanização da saúde que existe no Hospital Escola da UFPel desde 18 de setembro de 2000. Há 13 anos, uma galeria de arte na entrada do estabelecimento serve para diluir o o velho preconceito de que os hospitais só lembram sofrimento, medo e de tristeza.

A cada três semanas, uma nova exposição é colocada no Corredor Arte, emprestando movimento e vida ao hospital. Cada quadro, colagem, escultura ou fotografia estimula o visitante (seja funcionário, doente ou familiar) a fazer uma pausa e conectar-se consigo mesmo, talvez pensar na superação dos momentos difíceis e até acreditar que é possível sentir otimismo e alegria.

Aqui as cores e a estéticas querem mostrar que os tratamentos, os exames e as operações levam à saúde e à vida, tudo o qual ajuda decisivamente na cura e no trabalho médico.

Para comemorar mais um aniversário do Corredor Arte, o Grupo de Humanização convidou os funcionários para mostrarem por fotografias um pouco do cotidiano do hospital. Como resultado, constituiu-se uma exposição de 34 imagens, que foram enviadas por 11 funcionários. A mostra denomina-se: "Múltiplos olhares: cotidianos do Hospital Escola".

Essas fotos mostram cenas comuns em hospitais, como uma gestante esperando a hora do parto, o cuidado e o carinho que os funcionários têm com os pacientes, bebês recém-nascidos, uma mãe amamentando gêmeos, entre outras imagens que destacam não a doença mas a esperança de saúde, não o medo de sofrer mas a integridade da alma.

Expõem trabalhos: Ana Brod, Andressa Almeida, Artur Leão, Helena Schwonke, Henrique Arrieira, Isis Borges, Luciana Santos, Marisângela Farias, Méri Cabaldi, Silvana Bandeira e Vera Levien. Até 7 de outubro, na Professor Araújo 538.


Fotos: A. Leão (1), H. Schwonke (2-3)

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Gabrielle Fredo no Sarau da Biblioteca

O escritor gaúcho Érico Veríssimo (1905-1975) é o destaque literário no 34º Sarau Poético-Musical da Biblioteca Pública Pelotense, neste mês de setembro. A escritora pelotense Cristina Rosa falará sobre o tema em destaque: "Letras do Rio Grande do Sul".

Em relação com o tema da identidade gaúcha, ninguém pode perder "O Tempo e o Vento", atualmente em cartaz em Pelotas (v. nota sobre o filme). Além da famosa trilogia sobre a história do Rio Grande, Érico Veríssimo escreveu "Incidente em Antares", "O resto é silêncio" e diversos livros infanto-juvenis.

Como de costume desde 2010, o Sarau na Biblioteca é organizado na última terça-feira do mês, às 19h30. Amanhã (24-9) os poetas convidados são: Daniel Stepanski, Dulce H. Amaral Chim dos Santos, Matheus Valente e Nelson Ribeiro. O público presente também pode declamar suas criações.

Na música ao vivo, sempre presente no Sarau, o destaque é para a jovem cantora e compositora rio-grandina Gabrielle Fredo, de 15 anos de idade. Com somente 11 anos ela se iniciou no violão e descobriu um bom potencial de voz cantando com uma banda juvenil. Hoje ela segue aulas de canto com Fernanda Martins, em Pelotas, e optou por uma precoce carreira solo.

Gabrielle Fredo já tem um clipe de divulgação: "O Som da Tua Voz", de sua autoria (abaixo). Suas principais influências são as cantoras Ana Carolina e Paula Fernandes. Veja também o programa Acústico TV Câmara de Rio Grande, 18 min, onde ela canta 5 músicas e fala sobre seu trabalho.



quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Acorda, Adalgisa

Na comemoração do quinto ano deste blogue, a reunião foi aberta musicalmente por um trio de professores do Conservatório de Música da UFPel, que interpretaram trechos para flauta e violão, como "Acorda, Adalgisa" (vídeo abaixo). Na ocasião, os músicos Raul Costa D'Ávila, Ivanov Basso e Márcio de Souza se valeram somente de repertório popular (Seresta Sertaneja, Rosa do Sertão, Celina e Acorda Adalgisa), numa evocação dos antigos saraus, o que muito agradou aos presentes.

Gravado em 18 de junho passado no Casarão nº 6, o vídeo vem agora homenagear os 95 anos da escola federal, fundada em 18 de setembro de 1918 como Conservatório de Música de Pelotas. Sua sede original, antigo casarão da Félix da Cunha com Sete de Setembro, não comporta mais o funcionamento universitário. Aulas e recitais se repartem em diversas sedes do Centro de Artes ou em outras salas da cidade. O Salão Milton de Lemos, hoje interditado, foi, desde 1940, o único espaço de Pelotas dedicado exclusivamente à música erudita.

De autor desconhecido, a letra (confira abaixo do vídeo) parece dizer-nos: Acorda, Pelotas, deixa de chorar e sonhar e vem viver a tua vocação e a tua felicidade.


Acorda, Adalgisa, que a noite tem brisa, vem ver o luar.
Vem ouvir os cantos, tão cheios de encantos, que vêm lá do mar.
São os pescadores, que cantando amores, se vão barra afora,
Remando a falua, ao brilhar da lua, na propícia hora.

Acorda, donzela, pois que a noite é bela, tem dó de mim.
Que ao dormir esquece quem por ti padece tormento sem fim.
A voz que te chama é de quem te ama, é de um trovador,
Que geme e suspira, nas cordas da lira, pedindo-te amor.

Acorda, Adalgisa, que a noite tem brisa, sob um céu de anil.
Passa a brisa mansa, qual gentil criança, só pensando em ti.
Vem ouvir os cantos que são os prantos deste teu cantor,
Que vive sonhando, que vive pensando em teu doce amor.
Fonte da letra: Kboing

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Dois cursos novos no Ágape

O curso de Canto em Grupo busca trabalhar a voz e despertar a musicalidade do aluno de forma lúdica e descontraída.

Dirigido a adultos que buscam outras formas de conhecimento aliado ao prazer, sem pré-requisitos musicais, basta gostar de cantar.

O professor Rafael Rabuh tem experiência em regência coral e é pesquisador em Musicoterapia.

Horário: 19h–21h, doze encontros semanais, desde terça (17-9). Valor: R$ 300. 


O curso Sustentável Arte busca mostrar como é possível realizar atividades artísticas – com poucos recursos e muita criatividade – sem utilizar materiais caros. Conteúdos: confecção de papéis artesanais; confecção de pincéis; produção de tintas com pigmentos naturais.

O professor Alexandre Lettnin tem seu ateliê em Pelotas, onde desenvolve sua produção em artes plásticas. Na Europa, realizou diversas exposições e conviveu com artistas de todo o mundo. No Ágape, ele dirige o Ateliê de Artes para adultos.

Horário: 18h30 – 21h, doze encontros semanais. Início adiado para 2 de outubro. Valor: R$ 350.

Informações e inscrições no Ágape, Espaço de Arte. Endereço: Anchieta 4480, fones 3028 4480 e 8438 4480 ou agape4480@hotmail.com.

Don Giovanni: Luísa Kurtz volta a São Paulo

Nosso correspondente Nathanael Anasttacio presenciou a estreia, esta quinta (12-9), de uma nova montagem da ópera de Mozart "Don Giovanni", no Teatro Municipal de São Paulo (v. notícia). A temporada se prolonga até dia 22. A novidade cênica é que o personagem Don Juan é equiparado a um Drácula namorador, rodeado de vampiros e vampiras.

A importância para nós, pelotenses, é que um dos papéis principais é desempenhado pela soprano Luísa Kurtz, formada em canto no Conservatório da UFPel e nos recitais da Sociedade Pelotense Música pela Música. Em junho passado, Luísa protagonizou outra ópera, no Teatro São Pedro da mesma capital (v. nota deste blogue). Pelotas forma grandes talentos, mas não tem espaços para que eles atuem e cresçam.

Construído em 1911, o Municipal de São Paulo (v. história) foi palco da Semana de Arte Moderna de 1922
Ópera pela música
música pela música

etapa
e tapa o que representa com aplausos
a voz desliza
lírica
O coro
A pele do personagem

coralista
música pela música
rima pela cisma
ópera pelo aprender

e o ensinar é operístico

Etapas ... aplausos
caracteres
Míticos

Visão do palco fechado e do fosso da orquestra, desde a geral do teatro, quinto andar ao redor da plateia

As primeiras impressões no êxtase/frenesi na frente do Municipal não disfarçavam-se em simples percepções. Pessoas pegavam o material gráfico em seus trajes de palco. Municipal. O palco de São Paulo. Meu local: C.11. Plateia. 5º andar. As cadeiras vazias começam a preencher expectativas. A única vantagem do 5º andar é ver o lustre "bem de perto" e os detalhes adornados do teto.

As minúcias dos copartícipes/plateia. A música clássica ao fundo. Jovens, e não tão jovens, lotam as cadeiras até então desocupadas ... um leve alvoroço. Lentamente os signos de repetição em looping. Faltam 20 minutos para o começo do espetáculo.

A orquestra ocupa o fosso. O perfume extravagante de alguém que assiste impregna o ar que todos respiram. Provavelmente haja algum atraso, comenta uma senhora com vestes que combinam com o veludo vermelho das poltronas. O teatro respira. Vozes misturam-se ao som ambiente e o som ambiente são as vozes que se misturam. Cultura embutida em tudo que nos cerca e adorna. No lustre há um rosto que sorri.

Poucas salas na América Latina têm o privilégio de presenciar óperas com tradução da letra.
Minha posição é horrível, mas a ópera segue assim que a cortina sobe. Há personagens bonitos. Outros nem tanto. Há o cenário magnífico com movimento coreografado/cronometrado. São tantos pares de olhos e ouvidos atentos e a legenda em LED e tempo real suprindo nosso parco italiano. O clássico casa-se com o moderno na industria do entretenimento. O palco é uma moldura gigante. O conteúdo é uma lição de comportamento humano que desenrola-se entre mazelas e perfídias combinadas.

Na plateia, vestidos longos e mais perfume no intervalo entre os atos. Fila no café e, pasmem, não aceitam cartão de crédito. Ouço um violino e isso é novo para minha percepção/sensações. Ar romântico propício/gregário. O espetáculo recomeça com seu teatro cantado, cenário, figurino, atos pontuais e dentro dele um baile de máscaras muito bem cabido. Tememos a luz, diz um personagem no alto de sua maquiagem. A Ópera acaba.

Além de familiares seus, Luísa recebeu nosso correspondente.
Na sala de agradecimentos, encontro a simpática Luísa Kurtz, que representou Zerlina tão majestosamente.

Pergunto, com minha ingenuidade típica, o que ela está sentindo após ser ovacionada no Teatro Municipal de São Paulo.

Ela responde que vencer etapas é o caminho natural de quem busca seu caminho nas artes, e na vida.

ANASTTACIO N.
correspondente em SP




Fotos: N. Anasttacio

domingo, 15 de setembro de 2013

Renasce um Teatro para o Município

Municipal de SP fechou para melhorias (2008-2011) e reabriu a tempo de celebrar os 100 anos (v. notícia).

O renascimento e a necessidade do tempo e da morte

Aspecto da fachada do Municipal
Análise do caos que precede o renascer

Revi o ser humano ao subir a escadaria
o caos calado se contrapunha
Teatro da escalada

Para que renasça o movimento
há a morte da inércia

E tais ideias ... idealizam as formas e o educar

Personagens ensinam comportamentos
Fingidores arrebatam enquanto esculturas vivas
Chega-se ao UNIVERSAL ... representando seu MUNICÍPIO

Munindo-nos de artifícios ... artificiais
Munindo-nos de um comportamento aceito ... aceitável
e o mundo ensina e representa-se ... através do teatro

Voz e face ... teatral
Eterno ordenar do caos


Nosso correspondente em São Paulo, que assina os versos acima e o texto abaixo, nos recorda que o centenário Teatro Municipal passou por restaurações e foi reaberto, de modo parecido a como o Sete de Abril – verdadeiro teatro municipal nosso – já sofreu três fechamentos em seus 180 anos... e espera seguir funcionando outros tantos, sempre vivo na alma dos pelotenses.


Aspecto atual da fachada do Sete
O Sete de Abril é um teatro (bi)centenário que representa uma arte milenar.
O teatro é uma das primeiras formas humanas de transposição do conhecimento. Sua sutileza está em criar ambientes que reproduzem situações. Os atores sofrem com dilemas que os observadores julgam em seus assentos e em suas consciências.
Hoje os assentos são as poltronas confortáveis à frente das televisões. As novelas substituem as peças teatrais.

Mas ainda existe um Sete de Abril.
Ainda existem teatros municipais que resistem e se reformam, que persistem e se mantêm. Falamos em renascimento ao falarmos em readaptação. Os tapumes no Sete de Abril servem de anúncio de uma nova vida.
Uma constante na rotina humana é o reformar-se, o renovar-se, o remontar-se. Os ciclos repetem-se entre morte e vida.

O município de Pelotas tem um dos melhores e mais bonitos teatros do Brasil. Aqui em São Paulo também houve a reforma do Teatro Municipal. A arte está no entender que o reformar-se/reencenar-se é inevitável.
ANASTTACIO N.
correspondente SP

"Chora agora, ri depois" - arte em homenagem ao Teatro, casa da cultura de uma cidade
(v. notícia sobre o graffiti).
Fotos: Google (1), N. Anasttacio (2), F.A. Vidal (3-4)

sábado, 14 de setembro de 2013

Identificando renascimentos culturais

Na vida cultural de uma sociedade, normalmente as artes, as ciências e as religiões mostram influências mútuas e uma certa coerência entre si, dentro de uma fase histórica. Assim como uma guerra causa uma decadência, um crescimento econômico pode trazer um benefício cultural. Essa dinâmica permite a existência de pontos altos culturais, ao longo dos séculos, de maior manifestação da criatividade.

Assim ocorreu desde o século XIV ao XVI, quando a Europa viveu a chamada Renascença, fase que levou da Idade Média à Idade Moderna (antes houvera uma espécie de anúncio, com o Renascimento do século XII). A Renascença fez a cultura europeia transbordar para o resto do mundo, com a colonização da América, África e Índia. A época caracterizou-se pelo racionalismo e o desenvolvimento das ciências. Artistas e intelectuais eram financiados por benfeitores ou mecenas (da burguesia, do governo e do clero).

Posteriormente, o mundo ocidental conheceu um breve período de crescimento geral das instituições e da tecnologia, ao redor da virada do século XX: a chamada
Belle Époque. O Brasil e nossa região Sul também viveram um ascenso cultural e econômico nessa época. Veja o que a Professora Loiva Hartmann analisa sobre a história cultural de nossa região.

Em 2013, o Sete de Abril começou a ser novamente reformado (v. fotos do interior).

Renascimento na Zona Sul do Rio Grande do Sul

Para os habitantes desta região que almejam desenvolvimento e batalham para que isso aconteça, os que amam a arte e a cultura, vive-se um renascimento em todos os sentidos! Se a pujança iniciou-se com as charqueadas, século XVIII, seguindo-se período de ostracismo econômico sufocante, nestas duas últimas décadas assiste-se ao esforço hercúleo de ressurgimento de forças que promovem o futuro.

A reestruturação do porto de Rio Grande, as restaurações dos Casarões 8, 6, 2 e 1. O bairro do Porto de Pelotas transformando-se numa Cidade Universitária/UFPEL. A reforma do Teatro Sete de Abril, da Estação Ferroviária e, a cada dia, a abertura de novos espaços culturais, físicos e virtuais, tudo mostra esse novo/antigo sonho humanista de renascer, presente em todas as sociedades, mas possível de realizar-se apenas nas que têm, em seu cerne, o germe que o possibilita.

O Renascimento, cujo epicentro foi a península ibérica, qual fênix reacontece em vários momentos civilizatórios. E sempre, emergindo de períodos de obscuridade sócio-político-econômico-ideológica. Momentos/berço de projeção de inesquecíveis talentos!

E a arte, segundo Eduardo Portella, é o único espaço em que o ser humano é totalmente livre e que o melhor do Ser aflora. Para Aristóteles, arte é sinfronismo: coincidência espiritual, de modo vital, entre o homem de uma época e o de todas as épocas! E a cultura é o alicerce do desenvolvimento.

Nosso desenvolvimento passa, necessariamente, por esse patrimônio precioso que é legado de gerações. O Velho Mundo está alicerçado em seu patrimônio histórico, explorado turisticamente. Jornadas com escritores, pintores, músicos, cientistas, são corriqueiras. Sempre com a participação da comunidade, professores e alunos! Os alicerces desses movimentos são universidades, governos, instituições várias.

É esse o exemplo que devemos seguir, informando as novas gerações sobre o muito que já foi feito, o quanto é importante preservar, e a necessidade de que todos, comunidades, se unam a fim de que todos consigam viver num mundo melhor. É por isso que quem se envolve, acredita em projetos culturais, compreende, se integra e vive exatamente isso!
Loiva Hartmann
Conselheira do Instituto JSLN
Patrona do blog Pelotas, Capital Cultural

Em 1875, um grupo privado fundou a Biblioteca Pública, a fim de contribuir à educação dos pelotenses em geral (daí denominar-se "pública", significando "para os cidadãos"). Foi o início da Belle Époque em Pelotas, que durou até a decadência das charqueadas. 
Este vídeo foi editado pela Assessoria de Comunicação Municipal, para destacar o valor permanente do patrimônio arquitetônico pelotense. Créditos: Lóren Nunes (roteiro), Maria Alice Estrela (narração), Felipe Freitas (edição) e Mateus Gomes (direção).

terça-feira, 10 de setembro de 2013

O Tempo e o Vento estreia dia 20 no Estado


"O Tempo e o Vento" estreia nas salas de cinema dia 20 de setembro no Rio Grande do Sul, onde a data é feriado em comemoração da Revolução Farroupilha (v. feriados gaúchos 2013). No resto do Brasil, a estreia do filme será na sexta 27.

A filmagem teve locações ao ar livre em Bagé e em Pelotas (Charqueada São João, onde foi feita a série "A Casa das Sete Mulheres", e a capela da Beneficência Portuguesa, cenário inusitado para um filme de alcance nacional). Na época (2012), o blogue postou a nota Filmagens na capela do hospital.

Baseado na obra "O Continente", que é parte da grande trilogia "O Tempo e o Vento", de Erico Verissimo, este trabalho do diretor Jayme Monjardim aparecerá proximamente nas telas da Rede Globo em forma de minissérie (v. Facebook, e o sítio do filme).

Filmagem na Capela de São Pedro, do hospital da Sociedade Portuguesa de Beneficência
Como novidade técnica, este é o primeiro filme no mundo feito inteiramente com a câmera Sony F65 (informado pelo blogue da produção), a qual permite uma altíssima resolução visual e uma amplíssima gama de cores (v. nota do Diário de São Paulo). Portanto, está feito para ser visto em tela gigante, como a do cinema do novo Shopping Pelotas que inauguraria neste 18 de setembro (a abertura ficou para 3 de outubro, mas com certeza nele estará "O Tempo e o Vento"... se o vento não levar).

POST DATA

18-09-13
O Cine-Art exibirá o longa-metragem em Pelotas, segundo anunciou o novo Arteplex, dias atrás. O único cinema da cidade não tem a tecnologia mais moderna para filmes em alta resolução ou em 3D, mas terá o privilégio de estrear o filme para os pelotenses. 

19-09-13
Estreia em Pelotas foi somente no Cineart
Hoje visitei o cinema e constatei que haverá 2 cópias para Pelotas, como se deduz pelos horários oferecidos (dir.): 13h40, 14h, 16h10, 16h30, 18h40, 19h, 21h10, 21h30.
Quando ocorrer a estreia nacional, sexta 27, é de se supor que algumas cópias viajem ao centro do país e que pelo menos uma volte dia 3 de outubro para ser vista no supertelão do Cineflix, exclusividade nacional do Shopping Pelotas.

22-09-13
O filme está desde esta semana em: Bagé, Bento Gonçalves, Cachoeirinha, Canoas, Caxias do Sul, Erechim, Lajeado, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Pelotas, Porto Alegre, Rio Grande, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Santana do Livramento, Santo Ângelo e São Leopoldo. São praticamente todas as cidades gaúchas em que há cinemas. Veja onde assistir.

28-09-13
Enquanto o Cineflix Pelotas não abre, o filme segue com os mesmos horários no Arcoplex Cineart, salas 1 e 2.
A fanpage informa que as exibições continuam nas mesmas cidades do Rio Grande do Sul: Bagé (Cine Sete), Bento Gonçalves (Arcoplex e Moviearte), Cachoeirinha (Arcoplex), Canoas (Cinemark), Caxias do Sul (Cinépolis e Iguatemi), Erechim (Moviearte), Lajeado (Arcoplex), Novo Hamburgo (Cinespaço), Passo Fundo (Arcoplex), Porto Alegre (13 salas), Rio Grande (Dunas Cidade),
Santa Cruz do Sul (Arcoplex e Viasete), Santa Maria (Arcoplex e Moviearte), Santana do Livramento (Internacional), Santo Ângelo (Cisne) e São Leopoldo (Cinesystem).
Também pode ser visto em cinemas do Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins – totalizando 179 salas em todo o Brasil.
É possível que algum desses dados não esteja atualizado, pois ali se informa que, em Pelotas, uma cópia já teria passado para o Cineart 3 e a outra estaria no Cineflix do Shopping Pelotas (que inaugurará em 3-10).



6-10-13
O Cineflix inaugurou 3 salas no Shopping Pelotas com duas cópias de "O Tempo e o Vento" e na semana seguinte exibirá o filme em uma sala somente.
Veja aqui making of (3 minutos) sobre a trilha sonora de Alexandre Guerra para este filme de 2013.
Para quem curte música, foi postada a trilha (27 minutos) da minissérie de 1985 (ouça aqui), composta por Tom Jobim, com participação de gaúchos como Kleiton e Kledir (v. a ficha técnica).

11-10-13
Semana 25-31 outubro
Quarta semana nos mesmos cinemas gaúchos. Em Pelotas, há uma cópia no Arcoplex do Calçadão e uma no Cineflix do Shopping. No Brasil, o filme está em 125 salas.

13-10-13
Diário de São Paulo informa que o filme alcançou a marca de meio milhão de espectadores.

19-10-13
Quinta semana em 96 salas do Brasil. Destas, 40 são no Rio Grande do Sul: Bagé, Bento Gonçalves, Cachoeira do Sul, Cachoeirinha, Campo Bom, Canoas, Caxias do Sul (2 salas), Cruz Alta, Erechim, Gramado, Lajeado, Montenegro, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Pelotas (2 salas), Porto Alegre (12 salas), Rio Grande, Santa Cruz do Sul (2 salas), Santa Maria (2 salas), Santa Rosa, Santana do Livramento, Santo Ângelo, São Leopoldo, Três Passos, Venâncio Aires (25 cidades gaúchas, das quais 10 não tinham visto o filme).

26-10-13
Sexta semana em 72 salas nacionais, sendo destas 40 gaúchas (com poucas variações em relação às da semana passada). Em Pelotas, permanece no Arcoiris (v. imagem à direita) e no Shopping Pelotas, ambos em 4 sessões (a empresa Cineflix não enviou a informação).

2-11-13
Na sétima semana o filme está em 55 salas nacionais, sendo 37 no Rio Grande do Sul (duas em Pelotas), segundo a mesma página do Facebook. Das outras 18, 3 são capitais (Belo Horizonte, Curitiba e Florianópolis).

5-1-14 O filme completo foi postado ontem por um internauta (veja aqui).

Foto 1: F. Nipper (blogue da produção)
Foto 2: F. A. Vidal

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Renascer cultural, a novela dos tempos

"Mestres do Renascimento": atual mostra no Centro Cultural do Banco do Brasil (São Paulo), até 23-9
Fila externa à exposição, para tirar dúvidas e receber material gráfico de divulgação

RENASCIDOS/FLORESCIDOS HEDONISTAS

O homem sobre Deus renasceu
Da poeira ... das dores e mágoas
Dos pecados ... da visão parca
Nossa Senhora da Humildade (Gentile da Fabriano),
têmpera sobre painel de madeira, ano 1423 (Wikipédia)

Racionalismo experimental/experimentado
O homem então é maior que o fim

Belo ... harmonioso ... delicado
Imprensa ... anjo da guarda ... da anunciação
informativa ... informação

Mitos e pinceladas
Reformas no pensamento

O custo do curso cursado
Sendo o campo de batalha ... a influência
sobre os fiéis ao que é informado

E o anjo anuncia uma nova cultura
O culto aos padrões ocultos

Os valores renascem
O que ontem foram trevas e impasses

O que renasceu ?
A culta não morre ... mas quebra
Rearranjos
Anunciações

Cultura de transição

Como missão social das empresas, os centros culturais apoiam a educação, a divulgação e a criatividade.

Uma grande exposição já começa na entrada. No caso da Mestres do Renascimento: Obras-Primas Italianas, o frisson começa na fila de entrada. A mostra está sendo realizada no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo [v. nota sobre a mostra no CCBB].

O cenário é o antigo centro financeiro de São Paulo, seus prédios em estilo neoclássico, déco, nouveau, entre outros estilos europeus, e que lembram, em muito, alguns prédios do centro tradicional/antigo de Pelotas (v. Wikipédia).

Conversando com um dos organizadores, ao receber material gráfico, descobri que tive sorte em ficar esperando só 40 minutos para entrar. A média dos fins de semana é geralmente de 2 horas de espera, avisou ele.

É proibido fotografar os quadros, mas permitem fotografar os corredores e a sinalização interna. Perfeito o trabalho de design na sinalização, principalmente nos banners e painéis do subsolo que encerram a jornada ao longo do RENASCIMENTO ITALIANO.
No hall de entrada, fila interna para usar o guarda-volumes
São quatro andares de corredores com obras. Estas, divididas por suas cidades italianas de origem.
  • O elevador nos deixa no 4º piso, onde é feita uma introdução às obras da cidade de Florença.
  • Passamos pelas obras da cidade de Roma no 3º piso.
  • Milão, Urbino, Ferrara e Veneza ficam expostas no 2º.
  • No 1º piso e no subsolo [foto maior abaixo], há uma cronologia educativa, com painéis ilustrados e um aprofundamento textual sobre as influências e dados históricos.
Fica claro, ao longo da exposição, que o Renascimento foi um dos maiores movimentos culturais. Documentando em imagens seus ideias e práticas artístico/filosóficas. O gigantismo de uma época e seu simbolismo.

As pinceladas dos grandes mestres do Renascimento impressionam, a dimensão das telas e o acabamento das molduras são o toque divino das obras. Seria tendencioso dizer que há um quadro que se destaque mais que outros. Cada visitante com certeza será tocado, subjetivamente, por um ou outro de formas diferentes. Os motivos das obras, quase sempre religiosos, transbordam em significados e mensagens.

Nathanael Anasttacio
Ver as obras em sua magnitude e dimensões reais me fez lembrar as aulas de História da Arte, nas quais ouvíamos que as ilustrações em livros não reproduzem a sensação dos museus.
Lembrei nosso Leopoldo Gotuzzo, lembrei o Museu da Baronesa. Lembrei que nossa Pelotas está num ciclo longo de esforços culturais para renascer em sua efervescência.

Visitar um museu ou uma galeria de arte é questionar/indagar/perceber novas formas de ver o mundo [nosso mundo de percepções].

Aos viajantes que passarem por São Paulo até 23 de setembro fica a dica de aproveitar esse evento gratuito e de grandes proporções. Cultura que com certeza muda a percepção dos visitantes.
Vale uma esticada, ao fim da exposição, no café do CCBB. O atendimento é ótimo e o expresso revigorante [v. nota com fotos do café].

ANASTTACIO N.
correspondente em SP
fotos de sexta passada (23-8)

Linha do tempo da Renascença na Itália: painel histórico para aprender, refletir e debater sobre o tema

domingo, 1 de setembro de 2013

Luísa Kurtz protagoniza ópera de Britten em São Paulo

Soprano Luísa Kurtz num ensaio da ópera "A volta do parafuso", em São Paulo
Comemorando o centenário do compositor inglês Benjamin Britten (1913-1976), o Teatro São Pedro da cidade de São Paulo apresentou pela primeira vez no Brasil "A Volta do Parafuso", ópera em prólogo e dois atos, com o libreto de Myfanwy Piper (1911-1997). Com direção cênica da brasileira Livia Sabag e regência do maestro norte-americano Steven Mercurio, a estreia foi em 16 de junho passado (v. notícia oficial do Teatro), com elenco lírico brasileiro, liderado pela gaúcha Luísa Kurtz, no papel da Governanta (instrutora ou educadora).

Luísa Kurt e Ivan Marinho em ensaio
Esta postagem destaca o desempenho de Luísa (v. currículo artístico), que, assumindo o papel protagonista de uma ópera completa, teve aqui seu maior destaque lírico desde que se iniciou em sua formação em Pelotas.

Confira a seguir o que disseram alguns críticos de São Paulo, todos os quais a viram por primeira vez e ficaram positivamente impressionados. No final desta nota, Luísa escreve sobre sua nova experiência.

Leonardo Marques redigiu uma cuidadosa crítica desta atuação coletiva no São Pedro de São Paulo, destacando, no final do texto, a cantora principal:
A soprano Luísa Kurtz viveu uma Governanta surpreendente. Se a memória não me trai, esta foi a primeira vez que a escutei, e a impressão deixada pela artista não poderia ter sido melhor: voz firme, segura, bem afinada, bem projetada na acústica amigável do São Pedro (é preciso ainda conferir sua projeção num palco maior, naturalmente), e que se manteve em excelente nível durante toda a récita – vale lembrar que a Governanta canta em quinze das dezesseis cenas da ópera. Sua atuação cênica acompanhou o desenvolvimento das angústias e das dúvidas da personagem, e o resultado final foi daqueles que ficarão grudados na memória por um longo tempo [v. texto completo no portal de música erudita Movimento].
Outro crítico especializado, Irineu Franco Perpetuo, descreveu Luísa como "um benfazejo sopro de renovação nos viciados elencos de ópera paulistanos". Representando o personagem central, ela canta do início ao fim do espetáculo. Diz o crítico que, "sem jamais cair a intensidade, Kurtz mostrou ter qualidades cênicas no mínimo equivalentes às sopranos de seu registro que vêm monopolizando a cena lírica daqui nas duas últimas décadas – e dotes vocais superiores à maioria" (leia seu artigo completo no sítio da Revista Concerto). O divulgador Ali Hassan Ayache publicou uma terceira crítica deste espetáculo no portal de música erudita Movimento.

A obra de Henry James The turn of the screw (1898) sobre a qual foi feita esta ópera em 1954, já teve mais de vinte edições em português, com diversos títulos (v. resenha das traduções no blogue de Denise Bottmann Não gosto de plágio). A expressão inglesa "volta de parafuso" não pode ser compreendida nessa forma literal; de acordo ao Cambridge Online, seu sentido é de "um movimento que piora uma situação, especialmente quando se submete alguém pela força". O texto de James passou ao teatro em 1950 e ao cinema desde 1959 até hoje, com títulos como "Os inocentes" e "Os outros" (v. resenha do livro).

Luísa Kurtz e Gabriel Lima em "A volta do parafuso", ópera em inglês de Benjamin Britten
— Luísa, como foi para ti a preparação da ópera The Turn of the Screw?
Foi bastante trabalhosa. Desde que recebi o convite do Theatro São Pedro, no final do ano passado, tratei de encomendar a partitura e já começar a dar uma olhada, pois sabia que seria a ópera mais difícil da minha vida até o momento, e realmente foi. O resultado para quem ouve é muito natural, a música se encaixa perfeitamente no libreto, comunicando de forma eficaz as emoções dos personagens e, consequentemente, emocionando o público, mas a verdade é que o estudo dessa obra requer muita dedicação, devido às inúmeras dissonâncias e dificuldades rítmicas que se encontram na partitura.
Além da dificuldade musical, o que achei mais diferente nesse trabalho foi o fato de viver um personagem de grande riqueza. A Governanta inicia a ópera como uma "mocinha" normal, e aos poucos vai revelando lados estranhos de sua personalidade, vivendo no final o que com certeza foi a maior tragédia de sua vida. Um personagem assim possibilita que o artista mostre toda a sua verdadeira habilidade cênica, com nuances de não só algumas mas muitas emoções. Isso não acontece quando o personagem é mais linear.
— E como foi o desempenho em relação ao espaço do teatro e aos colegas de cena?
O Theatro São Pedro de São Paulo é um pouco maior do que o de Porto Alegre e tem uma boa acústica. Me senti muito bem cantando lá. O público de São Paulo é em geral mais exigente do que o do Rio Grande do Sul, por ter acesso a muito mais espetáculos do gênero. Mesmo assim a acolhida da ópera foi muito boa, tivemos grande sucesso de público e crítica.
Os colegas foram muito competentes e agradáveis, sendo que o diferencial desta ópera neste aspecto foi ter colegas crianças! Havia sempre um menino e uma menina com a gente, o que na minha opinião fez muito bem a todos nos ensaios. As crianças foram capazes de memorizar a música difícil e em inglês, além de atuar muito bem. E elas falavam inglês na vida real também, não só no palco! Presenciei várias conversas delas com o nosso Maestro americano.
Prólogo de "A volta do parafuso", de Britten, com o tenor Samuel Boden,
acompanhado por The Koenig Ensemble (estreia no México, 2011)

Fotos: Décio Figueiredo (Facebook) e Cristina Flória (Facebook)