terça-feira, 30 de setembro de 2014

Corredor Arte: 285 mostras de arte em 14 anos

O que seria somente um corredor de passagem 
dos sentimentos que mais se fazem presentes neste ambiente 
- como angústia, tristeza, dor, medo - 
passa a ser, com a arte, 
um corredor de alegria, de vibração, de esperança e de vida. 
Ana Brod
Em agosto de 2009, o Corredor mostrou obras de Rita Westendorff e Eneida Martí.
O projeto Corredor Arte comemorou, no dia 18 de setembro, 14 anos de existência no Hospital Escola da UFPel. O espaço já foi visitado por incontáveis pintores, fotógrafos, artesãos e talentos artísticos de Pelotas e região, estreantes e consagrados. A exposição comemorativa é a de número 285, e conta com fotos do próprio Corredor Arte ao longo de sua história.

Os corredores de hospitais servem para o deslocamento de pacientes e funcionários, num contexto de trabalho e de recuperação da saúde, geralmente sério e numa atmosfera carregada de tensão e expectativas não resolvidas.

No Corredor Arte, o clima hospitalar é mais descontraído e humanizado, pois cores e texturas convidam a uma parada no caminho, para pensar e sentir o que a vida nos oferece nas entrelinhas. Como a arte tem valor terapêutico, pode ser um refúgio para quem está passando por um momento difícil.

Jornalista Helena Schwonke com a artista Deborah Blank Mirenda, em setembro de 2010
Nesta exposição comemorativa, que fica desde 17 de setembro até 7 de outubro de 2014, podem apreciar-se desenhos de Marina Guedes (v. nota de 2009), telhas de Nely Rodeghiero (v. postagem de 2011), quadros do artista italiano Michele Iannarella, e outras inúmeras formas de arte e artistas que contam alguns momentos da história do Corredor Arte.

Em 21 fotos tomadas pelo departamento de comunicação do hospital, a mostra evoca momentos que foram passados neste espaço, em 14 anos. A ideia é reviver as emoções que o público e os participantes puderam sentir, e retratar o espírito do projeto, que é a humanização do ambiente hospitalar. Outras características do projeto foram descritas na postagem Corredor Arte: 9 anos unindo arte e saúde.
Em setembro de 2000 o Departamento de Comunicação do Hospital Escola e o Instituto de Letras e Artes conceberam o Corredor Arte, como parte do projeto Arte e Saúde do ILA. Sua base teórica e prática estava no valor terapêutico da arte, já estudado pela ciência, e que outros hospitais de Pelotas mais tarde também utilizariam. F. A. Vidal
O italiano Michele Iannarella (E) expôs em setembro de 2012 (v. postagem)

"Na estação", curta de 2010


Há quatro anos, estudantes do 5º semestre do curso de Cinema e Animação da UFPel produziram o curta-metragem experimental "Na estação". Tudo foi filmado nos trilhos próximos à antiga ferroviária de Pelotas, por onde hoje só passam trens de carga. Luciano "Zero" Gonçalves dirigiu o trabalho, que teve a atuação de Jean Alexandro (de boné), Lumilan Noda (de macacão) e Márcio Soares (de terno).

Em 5 minutos e meio, somente com mímica, a sequência mostra um duelo com traços surrealistas. O relato tem partes bem diferenciadas pela música (trechos de Tilman Sillescu): Abertura, com créditos à moda dos anos 70 (1 min), apresentação dos antagonistas (1 min), tensão inicial sem armas (1,5 min), manifestação do conflito armado com clímax (1 min), desenlace (20 s) e Final, com créditos à moda atual (40 s).

As muitas construções antigas de Pelotas costumam facilitar a produção de filmes de época, pelo menos desde 1951, quando uma empresa paulista veio filmar aqui trechos do longa "Ângela" (v. postagem). Também há prédios semidestruídos, como esta locação ainda ruinosa, que já foi cenário de um curta da Moviola Filmes (v. Futebol, Sociedade Anônima). A filmagem mais recente em nossa cidade foi feita em maio de 2012: O Tempo e o Vento.

sábado, 27 de setembro de 2014

Desvios no trevo da Fenadoce


No assim chamado Trevo da Fenadoce, a construção do viaduto por sobre a BR-116 (km 524,200) requer uma interrupção provisória do tráfego. O bloqueio será neste fim de semana somente (27 e 28 de setembro), para os veículos que chegam a Pelotas do norte (Porto Alegre) e do leste (Canguçu). No mapa acima, as duas marcas vermelhas mostram os bloqueios atuais, que devem ser levantados desde segunda (29-09), e o bloco preto é o viaduto em construção.
  • Quem vinha do norte em direção a Pelotas, devia dobrar à direita como se fosse para Canguçu e logo voltar ao trevo em construção, em direção à CDL, mas agora deverá tomar o desvio longo (setas de cor laranja), e tomar a avenida Cidade de Lisboa, fim do bairro Fragata.
  • Quem vinha de Canguçu a Pelotas fazia trajeto semelhante e agora deverá rumar a Jaguarão (setas laranja), para logo entrar pelo Fragata.
  • Quem vinha do sul (Jaguarão ou Bagé), poderá entrar a Pelotas como antes (setas azuis).
  • Quem vier do sul em direção norte tomará a nova bifurcação à esquerda, um pouco antes do Trevo da Fenadoce (setas azuis).
O que hoje parece complicado se transformará aos poucos num trevo comum de 4 voltas. Veja abaixo como ficará quando acabada (mais fotos no Skyscraper, post de 12-05-13, 9:03).



Fonte: Caminhos da Zona Sul

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Cine Viagem no Museu do Doce


O Projeto Cine Viagem, do Museu do Doce da UFPel, tem como finalidade geral propiciar à comunidade de Pelotas uma visão multidisciplinar e uma experiência cultural vivenciada em prédios históricos da cidade, através da arte cinematográfica. Neste semestre serão exibidos no Casarão nº 8, oito filmes mostrando incursões culturais em outros países ou outras épocas: Rio Grande do Sul (O Tempo e o Vento), Japão (Encontros e Desencontros), Espanha (The Way), América Latina (Diários de Motocicleta), África (Hotel Ruanda), Índia (O Exótico Hotel Marigold), Itália (Para Roma com Amor), França (Meia-Noite em Paris). Cheque as datas em nossa Agenda Cultural. Sempre em sábados, às 15h.

Os objetivos específicos do projeto Cine Viagem são:
  • difundir a cultura e a criatividade através do cinema e outras expressões artísticas; 
  • possibilitar uma aproximação da comunidade com os prédios históricos da UFPel; 
  • proporcionar aos estudantes um aprendizado pragmático na área de lazer e recreação, e hospitalidade; 
  • desenvolver o sentido crítico, estético e cultural sobre o Brasil e outros países do mundo; 
  • favorecer o debate em torno de temas atuais apresentados por meio de filmes e/ou documentários; 
  • estimular o hábito de apreciar a arte do Cinema, como forma de gerar um aprendizado cultural, social e artístico.
Fonte: Facebook

domingo, 21 de setembro de 2014

Foto do Zepelim foi montada em 1957

Capa do Diário Popular, 20-21 setembro 2014
Luís Alberto Elste revela a verdade sobre a foto de 1957.
Em plena ascensão do nazismo, o dirigível alemão Graf Zeppelin realizava viagens da Europa à América, e na tarde do dia 29 de junho de 1934 sobrevoou Pelotas, rumo a Buenos Aires, onde chegou pela manhã do dia seguinte (v. relatos em espanhol). 

Nosso cronista Rubens Amador, menino na época, presenciou o fato e veio relatá-lo na década de 1970. Ele lembra que o aparelho surgiu do nordeste, passou por sobre a praça, fez um longo círculo ou curva e seguiu em direção oeste (v. artigo neste blogue O dia em que o Zepelim sobrevoou Pelotas)

Naquele tempo havia fotógrafos em terra mas não conseguiram uma boa foto, e a notícia foi divulgada, na imprensa escrita, sem uma boa imagem como aquela que se fez famosa 23 anos depois do fato (abaixo). 

Em 1957, a nova foto surgiu do nada, sem maiores explicações, e ganhou enorme aceitação. Inclusive até hoje era tida como um registro histórico, mesmo com aparente distorção de luminosidade, distâncias e dimensões, e com aquela dúvida que ninguém considerou (pois o Zepelim realmente tinha passado perto do Clube Caixeiral e a foto até mostra um ajuntamento de pessoas no meio da praça): 
Se a viagem era do norte ao sul, por que o dirigível parece vir desde Buenos Aires? O dirigível alemão teria feito um rodopio sobre a praça de uma cidade do interior brasileiro?
Pois o Diário Popular acaba de revelar o que o fotógrafo Luís Alberto Elste fez com as imagens que tinha em mãos na época, e por que guardou silêncio desde 1957, há portanto 57 anos. Na reportagem de Diego Queijo, Elste foi fotografado por Paulo Rossi, que também escreveu uma opinião, como especialista em fotojornalismo, sobre a questão das montagens ("Photoshop não é vilão"). Todo o seguinte texto escrito e o vídeo foram tomados do Diário Popular de ontem (20-09), segundo a matéria A farsa que entrou na história.

Na imagem divulgada em 1957, o dirigível aparece rumando para o leste.
O dia 29 de junho de 1934 começou com alvoroço. O telefone do jornal tocava incessantemente. A população queria saber o horário exato da chegada da grande aeronave. Ao longo da tarde, a redação ia recebendo boletins da Companhia Telefônica Rio Grandense e repassando as informações aos leitores. O zepelim LZ 127 esteve em Tapes às 14h50min, no Passo da Pacheca, em Camaquã, às 15h35min e em São Lourenço às 15h52min.

"E num frenesi crescendo de entusiasmo e viva expectativa, os minutos foram correndo até que, precisamente, às 16 horas e 40 minutos, surge majestoso o 'Graf Zeppelin' do lado nordeste", descreveu o DP na edição do dia 30. O dirigível de 236 metros de comprimento "deslizou sobre a cidade" a cerca de 600 metros de altura. Trazia na cauda duas cruzes suásticas, então símbolos da Alemanha comandada por Adolf Hitler.

Fotos não manipuladas do Zepelim
sobre o centro de Pelotas (1934),
cedidas pelo pesquisador Guilherme de Almeida
A história da visita foi ouvida diversas vezes pelo pelotense Luis Alberto Elste, mas durante muito tempo ele preferiu esconder sua relação com o fato. Procurado pela reportagem, este senhor de 82 anos decidiu que seu legado sobre o assunto não seria o silêncio.

Elste começou a trabalhar no Diário Popular aos 19 anos [ao redor de 1951], como auxiliar do fotógrafo Ramão Barros [...]. Um dia, em 1957, ele viu Barros conversando sobre a passagem do dirigível e reclamando por não ter conseguido fotografá-lo direito, pois estava muito alto.
Depois disso me deparei com uma revista com uma fotografia do zepelim impressa, com o céu branco atrás, e pensei: vou fazer uma sacanagem com o Ramão.
Assim, ele colocou a aeronave no céu de uma foto da praça, feita por Barros, e mostrou ao fotógrafo. "Eu disse pra ele que a foto era minha, ele não acreditou, mas achou muito boa."

Mesmo surpreso e incrédulo, Barros decidiu expor a imagem na vitrine de uma ótica na rua Quinze de Novembro. A partir daí, começaram a surgir as encomendas. [Somente] duas pessoas sabiam dessa história: Ramão Barros e o pesquisador Nelson Nobre Magalhães.
Era todo mundo comprando cópias. Se vendeu horrores, aí eu fiquei constrangido de dizer que era uma montagem. Nunca falei porque nunca dei bola para isso, mas hoje a foto é o marco de uma época, e isso foi importante.
O acervo de Luís Elste se perdeu com o tempo. A umidade estragou muitos negativos e ele nunca mais viu a tal revista com o dirigível. [...]
Foto não manipulada do Graf Zeppelin sobre o Parque Centenario, Buenos Aires, manhã do dia 30-06-1934

Ao saber da história da montagem, a coordenadora do Núcleo de Patrimônio Cultural da UFPel, Francisca Michelon, se mostrou surpresa, mas salientou a importância do registro e a beleza da fotografia. [Ela conclui com uma pergunta, que fica pairando em pleno ar].
Nesta foto há uma circunstância curiosa, o paradoxo se afirma: de fato ela parece uma montagem; mas todas as demais fotos de dirigíveis parecem, também. Será que é porque agora, no presente, o dirigível, em si, é uma história e uma coisa singular?
Luís Elste montando uma foto a partir de duas pré-existentes, na arte de Bruce William (DP)
Procedimento de manipulação analógica

1. Havia duas imagens impressas: uma da praça Coronel Pedro Osório (de Ramão Barros, 1955) e outra do dirigível sobre Buenos Aires (impressa em rotogravura nas páginas da revista "O Mundo Ilustrado").

2. As duas imagens foram fotografadas em separado para obter o negativo de cada uma.

3. Depois, no laboratório, ele ampliou uma nova foto através de dupla exposição no papel fotográfico. Primeiro, ele expôs o papel, sensível à luz, ao negativo da foto da praça. Depois, trocou os negativos no ampliador e, no mesmo papel, ainda sem revelar, expôs o negativo do dirigível.

4. Com o mesmo papel exposto aos dois negativos, ele revelou e obteve a imagem do Zepelim sobre a praça.

5. Ao fotografar o resultado, ele obteve um negativo "matriz" da montagem para reproduzir quantas vezes fosse necessário.




Photoshop não é vilão
Paulo Rossi, repórter fotográfico

Para mim a fotografia tem três momentos marcantes. Primeiro, claro, sua descoberta, com a primeira foto fixada por Niépce em 1826. Depois, sua popularização em 1888, quando George Eastman, fundador da Kodak, desenvolve o filme fotográfico e lança o slogan "Você aperta o botão, nós fazemos o resto". E por último, até então, a sua digitalização.

Este processo tecnológico, combinado com os avanços da internet, inundou de imagens nossos computadores. Todos nós temos ou conhecemos alguém com um celular ou uma câmera digital pronta para disparar a qualquer momento e atualizar seu Facebook ou até mesmo captar um flagrante para o jornal local.

O domínio das ferramentas acontece naturalmente. Por que então não usar o Photoshop, que baixei no meu notebook e deixar minha selfie mais atraente? Ou eliminar aquela ruguinha que incomoda tanto? Assim, vemos surgir na rede milhares de fotografias manipuladas digitalmente, com as mais variadas intenções: tornar as pessoas mais bonitas, as paisagens mais interessantes, formular sátiras e brincadeiras, como a do Elste, fazer trabalhos artísticos e até mesmo favorecer interesses.

A mais antiga manipulação: ao redor de 1860,
a cabeça do presidente eleito A.Lincoln foi posta
na foto do ex-vice John Calhoun, morto em 1850.
Mas engana-se o leitor pensando que isso é novidade. Muito antes de existirem os arquivos digitais e softwares de manipulação, fotos já eram adulteradas nos laboratórios fotográficos. Imagens históricas e mesmo fotos jornalísticas atuais são adulteradas visando a diversos fins. Há um grande número delas na internet: de Mussolini em 1942, Mao Tsé-Tung em 1936 e Abraham Lincoln em 1860 [v. 9 montagens históricas no Retronaut e 26 modernas no CNET].

Penso que muitas dessas imagens, principalmente as jornalísticas, menosprezam o valor informativo e são retocadas visando meramente à projeção da imagem, do profissional ou de algum grupo. A foto irá vender mais, publicarão mais, chamará mais atenção.

Por isso é importante que repórteres-fotográficos se questionem diariamente, e mais ainda quando estão no front, no dia-a-dia, naquele momento diante da dor de alguém: o que fazem com a câmera pendurada no pescoço?

E a resposta sempre deve ser: estou aqui cumprindo um papel social, estou aqui denunciando, estou aqui contando uma história, como esta de 80 anos.

Fonte: Diário Popular
Fotos: 
DP impresso, Fábrica de Mosaicos, CaballitoTeQuieroRetronaut 

Recital pelos 96 anos do Conservatório


Na quinta 18 de setembro, um recital homenageou mais um aniversário do Conservatório de Música, no Salão Nobre da Biblioteca Pública. Já houve ocasiões, registradas aqui no blogue, em que a data passou sem que fosse programado um concerto. Hoje, com o auditório Milton de Lemos fechado, professores e alunos têm mais razões para unir-se e levantar sem cansaço a bandeira da música erudita, como vem fazendo a Casa desde 1918.

O vídeo acima é de um dos trechos do programa: Delírio del Cuore (Romanza), para canto, piano e violino, do italiano Guido Papini. Os intérpretes são Fernanda Miki (soprano) e Hanan Santos (violino). De acordo a buscas no Google, quase não existem registros desta obra, nem em gravações nem em recitais, o que faz desta apresentação algo ainda mais criativo. Inclusive o compositor não está catalogado na Wikipedia em italiano; somente há uma duas linhas em francês (leia aqui). Parabéns aos músicos e à Universidade.

sábado, 20 de setembro de 2014

Inauguração do novo prédio das Artes


Programação no Auditório do Bloco 2
22 setembro
10h - Recital de piano: Marcelo Cazarré
17:30 Mostra de filmes do Curso de Cinema (sala 204)
18:30 Raul Costa Dávila e quarteto de flautas
23 setembro
9:40 Guilherme Tavares, Joana Holanda e alunos
18:30 Orquestra de Câmara
19h - Exposição Turma de Instalação
24 setembro
9:40  Violão e piano: Nery Borges e Washington Rodrigues
18:30 Flauta e piano: Raul Dávila e Joana Holanda
25 setembro
9:40 Quarteto instrumental
18h - Dança: Dani Castro
19h - Música eletroacústica (sala 502)
Fonte: UFPel

POST DATA
22-09-14
Recital de piano no auditório após a inauguração oficial do novo prédio
Localizado na rua Álvaro Chaves 65, esquina com a Conde de Porto Alegre, o Bloco B do CEARTE conta com 15 salas de aula, 20 laboratórios e um auditório multiuso para 225 pessoas, que já estaá à disposição da comunidade acadêmica. A obra envolveu recursos de R$ 3,8 milhões. O imóvel sediará os cursos de Bacharelado em Música, Licenciatura em Música, Design Digital, Design Gráfico, Cinema de Animação e Cinema e Audiovisual (v. notícia da inauguração

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Memórias da Tradição, pinturas de Maria Lúcia


Maria Lúcia Drummond leva a temática campeira a São Lourenço do Sul, precisamente na Semana Farroupilha, quando os gaúchos costumam destacar o patriotismo e os valores regionais. Desta vez, a artista pelotense apresenta a série "Memórias da Tradição", estreada na cidade de Bagé em 2011 (v. postagem) e mostrada também na Sala Frederico Trebbi, da Prefeitura Municipal de Pelotas, em novembro de 2012.

A exposição se encontra na sala de atendimento do Banrisul de São Lourenço (Alfredo Born 420) de 15 a 30 de setembro, no horário bancário local (10-15h).

Nos últimos dez anos, Maria Lúcia já mostrou sua produção em diversas cidades do pampa platino (gaúchas e uruguaias), sempre com temas do cotidiano rural, dentro de casa ou no campo.

Suas pinturas em pastel seco valorizam o lado sensível da vida gaúcha. Na imagem do convite à atual exposição (dir.), vemos o calçado artesanal do cavaleiro, junto às esporas, simbolizando a dureza do trabalho e o sofrimento diário, típicos de uma vida habitualmente fria e violenta.
Fotos: Facebook

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Uma Semana Farroupilha no Cineflix


Em homenagem à Semana Farroupilha (1835-1845), a rede Cineflix elaborou um ciclo temático com cinco filmes relacionados ao Rio Grande do Sul, a ser exibidos nas três multissalas gaúchas da rede de cinemas: Shopping João Pessoa, Shopping Total e Shopping Pelotas. A 1ª Semana Farroupilha Cineflix entra em cartaz nesta quinta (18-09) e vai até 24 de setembro (v. programação das 5 salas no Shopping Pelotas).

O grande destaque é o retorno às telonas do épico de Jayme Monjardim O Tempo e o Vento, estreado há exatamente um ano (v. postagem de 2013 neste blogue). Considerado um símbolo da literatura regionalista, a história de Erico Verissimo narra 150 anos de conflitos entre a família Terra Cambará e a oponente família Amaral, desde as Missões até o final do século XIX, tempo que marcou a formação do Rio Grande do Sul.
Duração: 2h07. Classificação: 14 anos.
6 exibições: sexta 14h, sábado 19h20, domingo 22h, segunda 16h40, terça 19h20, quarta 16h40.
"Insônia", livro de 1996, filme de 2014
Outra adaptação para o cinema de um livro gaúcho é a comédia romântica Insônia, estrelada por Luana Piovani. O filme dirigido por Beto Souza se baseia no livro homônimo do porto-alegrense Marcelo Carneiro da Cunha (v. Wikipédia), sobre uma adolescente que perdeu a mãe e deve lidar com a nova namorada do pai. Chegou aos cinemas brasileiros em fevereiro de 2014 (v. trailer).
Duração: 2h31. Classificação: 12 anos.
4 exibições: quinta 22h, sábado 16h40, segunda 14h, quarta 22h.
Recém-lançado nos cinemas em 2013, o drama de época A Casa Elétrica presta homenagem à música ao retratar a história dos três irmãos imigrantes italianos que, em 1913, fundaram a primeira fábrica de gramofones da América Latina, em Porto Alegre. A coprodução Brasil/Argentina é dirigida pelo estreante Gustavo Fogaça e o elenco conta com atores gaúchos e estrangeiros (v. trailer abaixo). 
Duração: 1h57. Classificação: 12 anos.
6 exibições: quinta 19h20, sexta 22h, sábado 14h, domingo 16h40, terça 16h40, quarta 19h20.
Os outros dois títulos mostram a vida e a obra de personalidades importantes no Rio Grande do Sul:
  • Getúlio, cinebiografia que relata os últimos dias do presidente Getúlio Vargas, aqui representado por Tony Ramos.
    Duração: 1h40. Classificação: 14 anos.
    7 exibições: quinta 16h40, sexta 19h20, sábado 22h, domingo 14h, segunda 19h20, terça 22h, quarta 14h.
    Veja também o documentário completo Getúlio do Brasil, produção da TV Senado (1h58min).
  • Xico Stockinger, documentário sobre o artista nascido na Áustria e radicado em Porto Alegre (v. Wikipédia) que é considerado um dos mais importantes escultores modernos do Brasil. O filme, dirigido em 2012 por Frederico Mendina, conta com depoimentos do próprio Stockinger, que morreu em 2009, aos 89 anos (v. trailer no vídeo acima).
    Duração: 1h26. Classificação: Livre.
    5 exibições: quinta 14h, sexta 16h40, domingo 19h20, segunda 22h, terça 14h.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

"A linha imaginária", onde as fronteiras se diluem


A cultura bilingue da fronteira Brasil-Uruguai, no território indefinido que o escritor jaguarense Aldyr Garcia Schlee define como "uma terra só", tem personagens como o poeta artiguense Fabián Severo, o cantor Ernesto Díaz, o folclorista Chito de Mello, o camelô "El Callejero", a professora Mirta Arizaga (Livramento/Rivera), a cantora uruguaia Tita Silveira, o comerciante palestino Abder Hussein El Jundi, o artesão brasileiro Hamilton Coelho (Chuí/Chuy), João Barbosa, Jorge Beson, Basilício Silveira, Ricardo Tadeo (Aceguá) e milhares de outros que vivem em dois países ao mesmo tempo.

A equipe da Moviola Filmes, produtora pelotense, filmou nas cidades gêmeas de Jaguarão e Rio Branco, no território duplo de Aceguá e nas bicidades de Livramento/Rivera e Chuí/Chuy. Uma bicidade é uma cidade só, construída sobre uma fronteira binacional seca (não marcada naturalmente por algum fluxo de água). Nessa área, a linha que separa as nações é imaginária, não está no chão da realidade.

O resultado deste trabalho é um sintético documento sobre o mundo de fronteira e suas características surpreendentes de mistura de costumes, de dependência do lado de lá, e de contrabando de tudo o que se possa imaginar. O filme foi publicamente estreado pela TV aberta em 23 de abril de 2014, entrou em 6 de setembro no circuito alternativo (Usina do Gasômetro, Porto Alegre) e está sendo enviado a festivais de cinema (v. making of de 14 min). Leia o post que mostrou o trailer e anunciou a estreia: "A Linha Imaginária" (entre nós e outros). Abaixo, bastidores da filmagem em Jaguarão, quando o título ainda era "Uma terra só".

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Noemi Osorio Caringi, cem anos

Poetisa e declamadora Mimi Caringi
Noemi de Assumpção Osorio nasceu em Pelotas em 13 de setembro de 1914. Aos 28 anos, casou com o escultor pelotense Antônio Sicca Caringi, com quem teve seis filhos: Fernanda (1944), Antônia (1947), Leonardo (1949), Ângela (1950), Glória (1953) e Rita (1959), de acordo ao blogue Família Simões Lopes.

Descendente do Senador Joaquim Assumpção, ficou conhecida por seu apelido Mimi e seu sobrenome de casada. Faleceu em 13 de maio de 1993, com 78 anos.

A obra poética de Noemi Caringi inclui "Alma" (1963), "Canto do Amor" (1981), "O Mar na Minha Vida" (1987) e  "Alma em Poesia" (1994), disponíveis na Estante Virtual. Antes já era conhecida como declamadora, uma arte teatral sempre presente nos saraus, recitais e encontros sociais.

Mimi Caringi pertenceu à Academia Sul-Brasileira de Letras, fundada em Pelotas em 1971. Foi nomeada patrona da cadeira nº 6 da Academia Pelotense de Letras, fundada em 1999. Mais recentemente, uma rua do Jardim Europa, no bairro Areal, foi batizada com seu nome.

O Diário Popular recordou o centenário de nascimento da poetisa com a reportagem "Os versos de Mimi", de Jussara Lautenschläger. Leia a seguir alguns parágrafos (v. texto completo).
A poesia sempre esteve presente em sua vida. Diariamente reservava um tempo, em meio às atribulações do dia-a-dia, para colocar no papel seus sentimentos mais profundos sobre o amor, a família, a natureza (ela adorava a praia do Cassino, em especial o mar) e sua cidade natal: a Pelotas das charqueadas, da praça Coronel Pedro Osório, dos casarões e dos teatros. Esta mulher é a poetisa Noemi Caringi, que dia 13 de setembro completaria cem anos. 
Livro póstumo recolheu 48 poesias inéditas.
O lançamento foi em 13-09-1994,
dia em que completaria 80 anos.
Mimi, como era chamada carinhosamente pelos amigos e familiares, também tinha uma grande voz e ao declamar emocionava quem estava a sua volta, conta sua filha Fernanda. "Mamãe era muito carismática." [...]
O grande amor de sua vida foi o escultor Antônio Caringi. Os dois se conheceram em uma missa e não demorou muito para começarem a conversar. O problema que surgiu em seguida, relata Fernanda, foi o seu retorno para a Europa, onde residia na época. Sua estada em Pelotas foi para ver os familiares.  
O tempo passou, porém Caringi não esqueceu o rosto da pelotense que havia conquistado seu coração. Enviava postais com frequência, mas parte da família da jovem não apostava muito no romance. 
Com o início da 2ª Guerra Mundial (1939), Caringi voltou para Pelotas e os dois começaram a namorar. Em 1942 ocorreu o casamento. Da união nasceram os filhos Fernanda, Antônia, Leonardo, Angela, Glória e Rita. A exemplo dos pais, todos têm uma forte relação com a arte. [...]

Finis

Que brilhe um sol ardente de verão
no dia em que eu morrer - que mais me resta?
Morrer olhando um sol, um sol de festa,
Um sol alegre, espetáculo clarão!

Que cantem os pardais em simetria
no dia em que eu morrer: que à despedida
cantem por mim, que tanto amei na vida,
com esta alma cheia de poesia!

Nem dobrem sinos tristes finados...
Mas todo o amor feliz dos namorados
ecoe no ar, em beijos mil dispersos...

No dia em que passar meu funeral
cantem as rosas pelo roseiral
- todas as rosas que eu cantei em versos!

Noemi Caringi
Revista da Academia Pelotense de Letras, volume 1, nº 3 (2007)

No Monumento às Mães (1959), Antônio Caringi
esculpiu a figura de sua esposa Noemi.
Imagens: Diário Popular (1), Traça (2) Viva o Charque (3)

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Ágape oferece jantar francês em galeria de arte

Artista e gourmet Jérôme Rehel
Esta sexta (12-09), o Ateliê dos Sonhos, no segundo andar do Ágape Espaço de Arte, será palco de mais uma noite onde os temperos os e aromas substituirão as tintas e os pincéis.

Em 2014 o Jantar com Arte está no seu terceiro ano, seguindo a proposta de convidar um gourmet experiente ou uma pessoa que simplesmente ame cozinhar e que apresente um cardápio diferenciado.

Desfrutar de uma noite, em um ambiente aconchegante, com uma boa gastronomia, sem pressa, degustando novos sabores, além de conhecer pessoas e criar novos vínculos de amizade, são algumas das propostas do Jantar.

A Arte fica por conta da exposição da vez, que os comensais podem desfrutar antes, durante ou depois das delícias culinárias. Em Pelotas, esta combinação é exclusiva do Ágape, e possivelmente também seja pioneira no contexto nacional.

O gourmet convidado nesta edição é o artista francês Jérôme Rehel, que, mesmo vivendo há pouco tempo em Pelotas, é um grande amigo da casa. Jérôme já mostrou seu talento nas telas, e agora vai mostrar seu talento na gastronomia, trazendo a culinária francesa para o Ágape.

O menu culinário inicia com Quiche Lorraine et salade verte, segue com o prato principal Crevettes à L`Armoricaine e conclui com a sobremesa Crêpe Bretonne du Chef. Reservas (R$ 50) pelos telefones 3028 4480 e 8438 4480.

Mosaico de Cátia Usevicius, de Porto Alegre
O cardápio visual é a exposição "V Arte de Arteterapeutas" na Galeria JM Moraes, com trabalhos de Ana Francisquetti, Ange Shigihara, Cátia Usevicius, Cristina Zeni, Daiane Biasibetti, Daniela Meine, Eliane Barreto, Eliane Bruél, Elizabeth Lamb, Magda Cunha, Maria Helena Piccinini, Sylvia Gobatto e Tânia Rossetti (v. álbum de 24 fotos da mostra). Todas elas são artistas e arteterapeutas, de diversas cidades (São Paulo, Porto Alegre, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Pelotas).

Quem estiver visitando a mostra na Galeria poderá também jantar com novos/velhos amigos na casa do Ágape. Quem vier pela gastronomia terá a opção de apreciar os trabalhos visuais, combinando assim a riqueza de todos os sentidos.
Fotos: Facebook

POST DATA
13-0-14
Veja fotos desta noite no álbum Jantar com Arte.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Caro Nome, Luísa Kurtz


A ária de Gilda conhecida como "Caro Nome" é uma das melodias líricas para soprano mais populares que existem. A canção expressa a doçura e a sensação de eternidade do primeiro amor, sentido pela personagem em relação ao homem idealizado. Pertence à ópera "Rigoletto" (1851), com música de Giuseppe Verdi e texto de Francesco Piave, num libreto baseado em obra teatral de Victor Hugo (v. Wikipedia).

O trecho é muito usado em recitais com grande público, pois além de agradar o ouvido permite mostrar a habilidade vocal da artista. Ele foi incluído num dos concertos do II Festival Internacional SESC de Música (Teatro Guarani, janeiro de 2012), com o desempenho de Luísa Kurtz e a orquestra dirigida por Evandro Matté (acompanhe letra e música na partitura para voz e piano).

Diário Popular impresso (10-04-2007, p. 21)
Luísa formou-se no Conservatório de Música da Universidade Federal de Pelotas em 9 de março de 2007. Na época, escrevi uma crítica do recital de formatura, publicada pelo Diário Popular um mês depois (dir., clique para ampliar).

Nestes sete anos, Luísa tem sido um dos motivos de orgulho para o Conservatório pelotense, e seus tantos alunos têm apresentado excelentes desempenhos no Brasil e no exterior, tanto nos cenários como na docência universitária.

A entidade particular que foi fundada em Pelotas, em 1918, para aprimorar a cultura musical hoje é um subdepartamento do Centro de Artes da UFPel. A comunidade tem visto o abandono sofrido por esta unidade universitária, por seu tradicional prédio e pelo ensino da música erudita, em mãos do governo federal, nos últimos anos (v. post Conservatório precisa de conservação).
Imagem: acervo do editor

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Ágape, Espaço de Arte


Dirigido pela artista plástica e arteterapeuta Daniela Moraes Meine, o Espaço Ágape acolhe exposições, palestras, cursos, grupos de estudos, oficinas, debates, jantares, apresentações musicais e diversas ações interativas. Mais que uma galeria de arte, o espaço foi criado por Daniela e seu esposo Paulo Ben Hur para promover a Arteterapia na cidade, mas se ampliou, nestes 4 anos e meio, a variadas formas de expressão, como as artes visuais, a psicologia, a gastronomia, a dançaterapia, a música e a literatura.

A atividade no Ágape é permanente, inclusive em fevereiro, sempre com alguma exposição na Galeria JM Moraes. O próximo evento é um Jantar com Arte, servido por um gourmet francês, na sexta 12 de setembro (veja o anúncio).

A casa fica na rua Anchieta 4480, próximo à avenida Juscelino Kubitschek. Cada dia 31 de maio é celebrado seu aniversário com missa de ação de graças. Veja fotos atuais no álbum Já é primavera no Ágape.

Portas de entrada do Ágape, incrementadas pelo graffiti e pela primavera
Foto: Facebook

Alimentando amizades: conversar no ônibus


A empresa Biscoitos Zezé está com uma publicidade interativa em ônibus. Cartazes colados nos vidros com a frase "Assento preferencial para novas amizades" convidam os passageiros a romper o silêncio e o isolamento conversando, e assim fazer a viagem mais agradável. A ideia está rodando por Pelotas na frota da Transportes Santa Maria e também viaja pela internet (Hypeness e Catraca Livre). Há planos para estendê-la a Porto Alegre e Passo Fundo.

A marca pelotense aposta no lema Carinho que vem de família, que é a única identificação da campanha nos cartazes. Se esse carinho já deu certo na criação de alimentos gostosos, terá o poder de melhorar as emoções e a qualidade de vida na cidade.

A promoção foi descrita como "experimento social" pelo Jornal da Cultura do meio-dia (TV de São Paulo). A reportagem emprestou apoio teórico mas não encontrou entusiasmo entre os paulistanos que usam ônibus (v. vídeo no Facebook; se não puder visualizar, confira aqui desde o minuto 6:40).

Um sítio francês sobre criatividade postou a nota "Une marque de biscuits propose des sujets de discussion aux passagers de bus" [Marca de biscoitos propõe assuntos de conversa aos passageiros de ônibus] (v. imagens no Facebook).

Conheça outras ideias dos dois irmãos Ballverdú na reportagem Simples e com efeito (Diário Popular, 27-07-14) e na página da agência Markmais, da mesma dupla, que desde junho passado se encarrega de divulgar a marca Biscoitos Zezé.


Frases que abrem automaticamente uma conversa:
  • acha que chove até de noite?
  • de que músicas mais gostas?
  • qual tua comida favorita?
  • tem animais de estimação?
  • posso te sugerir um filme?
  • como terminou a novela ontem?
  • será que a Marina ganha no primeiro turno?
  • pode me tirar uma foto?
  • quem ganhou o último Bra-Pel?
  • já conhece o Shopping?
Fotos: Catraca Livre P.A., Biscoitos Zezé

domingo, 7 de setembro de 2014

Desfile da Pátria na Avenida


Em 2014, a Parada da Juventude em Pelotas não ocorreu devido ao mau tempo no sábado (6), mas o Sete de Setembro foi preservado pelo comando do céu e do clima, e as representações civis e militares puderam desfilar normalmente. No vídeo acima, breve resumo da parada cívico militar de hoje em Pelotas (veja aqui a abertura, em 1 de setembro).

A exceção foram os Centros de Tradições Gaúchas, cuja participação foi previamente restringida a dois membros por centro, motivo pelo qual a coordenação destes optou por não desfilar (v. notícia de sexta 5 no Diário Popular e reportagem de hoje domingo). A tradição entre nós é que os cavalarianos gaúchos mostrem o patriotismo ante a nação brasileira desfiles de 2012 e 2013 podem ser vistos no canal do programa Esportes e Cia, da TV Cidade (v. vídeos de 2012 e 2013 aqui).

Exército Brasileiro tem armas leves e pesadas,
ainda pensando em guerras convencionais.
Nosso patriotismo ainda recorda os 192 anos da independência política brasileira em relação a Portugal, e de forma parecida se mantém vivo, no âmbito dos costumes, o tradicionalismo regional que se apoia, ideologicamente, nos feitos da Revolução Farroupilha (1835-1845), que pretendia a emancipação do Rio Grande do Sul.

Até o século XVIII, nosso inimigo mais imediato ainda era a invasão espanhola, quando as armas eram espadas e carabinas. O mais moderno que se observa em nossos desfiles de Sete de Setembro é a defesa militar empregada na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), como tanques, bazucas e granadas.

Nossa realidade atual pertence a um mundo diferente desse museu de lembranças que desfila. Hoje os inimigos do Brasil não estão mais em Portugal, nem no governo imperial, nem nos países vizinhos, mas se encontram internalizados em nossa sociedade e em nossa mentalidade. Para desfilarmos com orgulho, precisamos de defesas civis e militares contra esses perigos insidiosos, de forças heroicas e unidas que possam nos levar a um país melhor que o que recebemos, e de uma educação para a paz, que nos faça ser pessoas mais construtivas e solidárias. O Brasil ainda não organizou esses recursos em nível nacional.

Clube dos Desbravadores, equivalente escotista do adventismo (v. descrição),
anuncia um futuro de paz, em desfile na Avenida Bento Gonçalves.
Fotos: Paulo Rossi (DP)

Fotos mágicas da Princesa do Sul


Daniel Giannechini é fotógrafo profissional que mora em Pelotas e usa seu talento artístico visual para enaltecer o belo da cidade e da região. Além da precisão técnica, seu olhar nos mostra ângulos que o pelotense não conhece mas gosta de descobrir nos lugares mais habituais.

Na imagem acima, tomada do andar superior do Paço Municipal, observa-se a Praça Sete de Julho pelo lado da Quinze de Novembro, com o reflexo do prédio abandonado do antigo Banco do Brasil ocupando o lugar do Mercado Central, formando-se uma suposta avenida no meio. O efeito mágico impressiona especialmente a quem conhece o lugar, dando a sensação de que a arte da fotografia permite sair da realidade costumeira e construir uma cidade imaginária. Veja mais fotos deste artista em sua coluna no Amigos de Pelotas.

sábado, 6 de setembro de 2014

Magic in the Moonlight


Existe ou não um mundo espiritual invisível aos olhos? A vida é algo mágico ou só uma condenação à morte? Em "Magia ao Luar", Woody Allen retorna a suas eternas dúvidas, e a resposta parece estar no amor. A locação no espaço é o Mediterrâneo francês, e no tempo é o ano de 1928.

Esta fábula audiovisual pode ser lida como a história de uma improvável paixão entre dois solitários, unidos pela mágica da ilusão. Observando o céu estrelado, eles percebem a magia no luar, acima deles, mas na verdade a magia se encontra entre eles, ao luarTambém homenageia o cinema ingênuo dos anos 20, com personagens pouco complexos e uma trilha sonora cheia de sucessos musicais da época (v. Wikipedia). 

Com estreia no Brasil em 28 de agosto, o filme ganhou segunda semana em Pelotas, com sessões diárias no Cineflix às 16h50, somente até quarta (10-09). 

Leia a seguir a resenha poética escrita pelo jornalista Carlos Cogoy, editor de cultura do Diário da Manhã, enquanto ouve o som norte-americano de Bix Beiderbecke e sua turma tocando "At the Jazz Band Ball" (dir.), um dos trechos originais do filme

Ouça também Sweet Georgia Brown, com os franceses Django Reinhardt (violão) e Stéphane Grapelli (violino).


A leveza do abismo na Magia ao Luar

Entretenimento ou reflexão? Distração ou questionamento? Lazer ou análise cerebral? Em “Magia ao Luar”, Woody Allen beira o abismo, espia o fundo sem fim, volta-se ao público nas poltronas e sorri com leveza.

Morte ou eternidade? Amor ou pieguice? Racionalidade ou espiritualidade? Em “Magia ao Luar”, ciranda que alterna respostas. No giro das perguntas que sacodem a humanidade, mágico apega-se à ciência como amparo na tempestade das incertezas. Já a vidente apega-se ao pragmatismo como salvação no vendaval dos gastos financeiros.

Verdade ou mentira? Ataque ou defesa? Presunção ou inveja? Em “Magia ao luar”, o abismo demasiadamente humano. Nietzsche está morto, Deus também. Mas a fúria miúda, movida pela estreiteza das ambições, revigora-se nas perdas e danos emocionais.

A magia do abismo, e a leveza ao luar. Woody Allen espia algumas das questões sem fim, volta-se ao público, sorri sarcástico e despede-se com final mágico.
Carlos Cogoy
O improvável casal [Emma Stone e Colin Firth] observa o luar acima,
sem perceber que a magia está aqui mesmo, entre eles.
Foto da web

POST DATA
12-09-14
Leia o artigo de Márcio Ezequiel Magia ao Luar.