quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Patrulha Maria da Penha está em Pelotas

Brigada Militar ideou em 2012 a Patrulha de apoio à mulher agredida .
A Patrulha Maria da Penha é um novo método da Brigada Militar destinado a diminuir a violência doméstica contra a mulher (v. definição). Numa viatura especial, dois brigadianos visitam aquelas mulheres que já obtiveram medidas judiciais de proteção contra seus agressores, que geralmente são maridos ou ex-namorados, monitorando de modo ostensivo o andamento do caso e também explicando aos agressores que podem ser presos caso desobedeçam as medidas.

O projeto da Brigada Militar começou em 2012 e é pioneiro no Brasil. Como já mostrou resultados positivos (diminuição de femicídios, estupros e lesões, veja informação), está sendo replicado no interior gaúcho e em outros estados (Espírito Santo, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Paraná). Em Pernambuco surgiu em 2013 (v. notícia); em São Paulo o sistema se denominou "Guardiã Maria da Penha" (v. notícia).

Não é função da Patrulha Maria da Penha atender "ocorrências" (novas agressões ou novos casos, que a Polícia Civil deve registrar); isto é feito pelo serviço normal da Brigada. Tampouco aplicar castigos aos desobedientes. O objetivo é, em apoio à Lei Maria da Penha, de 2006 (leia o texto da Lei 11.340), refrear a violência contra a mulher que já foi ameaçada ou agredida, já denunciou e já foi favorecida com a ordem judicial de afastamento do denunciado. Como havia alta reincidência mesmo nestes casos favorecidos, devido à sensação de liberdade e impunidade dos agressores, viu-se que era preciso acompanhar os casos de modo visível e próximo. O sentido desta Lei é minimizar a violência de gênero, ou seja, proteger a mulher agredida ou humilhada por ser mulher, não importando de onde vier a violência (de um homem, de outra mulher, de um grupo, ou de algum agente do Estado).

Este serviço especializado começou em Porto Alegre e Canoas, nos assim chamados "territórios de paz", e deu resultados positivos. Ao longo de 2014, o governo estadual e os comandos regionais têm reeditado o mesmo trabalho em bairros de cidades com alto índice de violência à mulher, conseguindo diminuir notoriamente a reincidência. Uma vantagem paralela é que as patrulhas Maria da Penha têm ajudado a melhorar o diálogo entre a Polícia, o Judiciário e os serviços municipais.

Delegada Lisiane Mattarredona, titular da DEAM de Pelotas
Anunciou-se em 2013 que uma patrulha começaria a funcionar em Pelotas desde março de 2014, mas isto não foi possível. Devido à necessidade, o trabalho foi implementado em junho de modo precário, sem todos os elementos (por exemplo, sem tablet e sem armas de eletrochoque).

Nestes seis meses, o serviço já monitorou mais de uma centena de casos na cidade, e somente em pequena parte a agressão continuou ocorrendo, o que significa que o sistema está cumprindo seus objetivos.

Entre 100 e 200 estima-se o número de casos (num semestre) de mulheres com medidas protetivas autorizadas por um juiz. Pode parecer muito, mas na realidade isso representa baixa porção, ao redor de 10%, dos casos denunciados. De aproximadamente 200 denúncias mensais na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), umas 70 pedem protetiva e metade a obtêm. Estas últimas é que agora contam com o apoio especial de vigilância (de segunda a sexta) para verificar o distanciamento do agressor. Se, com tudo isso, este agressor se aproximar, ele é considerado infrator e pode ser preso, se o fato for denunciado na Polícia Civil. De noite e nos fins de semana, o monitoramento não é realizado, mas nas emergências existe o apoio habitual da Civil e da Brigada Militar.

Também de segunda a sexta, a mulher agredida pode buscar orientações e apoio psico-social no Centro da Mulher, aberto desde março de 2014 no prédio do CREAS (Barão de Itamaracá 690, Cruzeiro), próximo ao Foro de Pelotas e à DEAM. Confira entrevista com a Capitã Vanessa Wenitt, do 4º BPM, em agosto de 2014.


Fotos: Governo RS (1) e M. Vasconcellos (DP)

Cores que dão vida aos momentos de crise

O Corredor Arte, em sua exposição nº 289, está mostrando uma coletiva de telas de Elenise de Lamare, Alice Bender e Vera Souto, integrantes do MAPP (Movimento dos Artistas Plásticos de Pelotas). As três optaram pelas flores e suas cores vibrantes, tendo em vista colocar sinais de vida e alegria no espaço hospitalar – especialmente neste tempo de mudanças, crises e despedidas – e levar uma mensagem simbólica de conforto àqueles que sofrem ou estão próximos da doença e dos tratamentos médicos.

Um minipresépio também foi colocado junto à árvore natalina, como é costume cada fim de ano. O Corredor Arte do Hospital Escola UFPel pode ser visitado todos os dias, na Rua Professor Araújo, 538.

Fotos: Corredor Arte

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Projeto didático do Latino-América Duo

O Latino-América Duo publicou hoje (30-12) o vídeo de divulgação do projeto de concertos didáticos "Música sem Fronteiras", realizado em outubro de 2014, através da FUNARTE, nas cidades de Rio Grande, Bagé e Santana do Livramento. A agrupação é constituída, desde 2008, por José Daniel Telles dos Santos e Alexandre Simon, violonistas gaúchos formados no Conservatório de Música da UFPel, que também lecionam, pesquisam e compõem em seu instrumento.

Através deste projeto de extensão, o duo de músicos apresentou 12 recitais de música latino-americana, em somente nove dias, a alunos de escolas públicas da região sul (de nível fundamental, médio e superior). O programa incluiu milongas e tangos instrumentais, choros brasileiros e sambas-canções, transitando entre o popular e o erudito. O objetivo foi ampliar o conhecimento musical dos jovens, mediante música que representa a identidade cultural da região de fronteira.

Confira outros registros da agrupação no canal de vídeos de José Daniel.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Primeiro casamento no Café Aquários

No último sábado do ano (27-12), foi festejado um casamento no tradicional Café Aquários, local que já se prestou para filmagens, representações teatrais e até mesmo uma sessão de autógrafos, em 2012 (v. nota neste blogue). A notícia foi dada hoje duas vezes: pela edição estadual do Jornal do Almoço (v. vídeo no portal G1) e pelo programa local da RBS (v. nota Café em Pelotas recebe casamento).

Neste café, Fabrício e Mônica descobriram o amor, há 15 anos.
Fecharam o rito de compromisso hoje, no mesmo lugar.
Tratava-se de uma surpresa feita pelo noivo, o jornalista Fabrício Cardoso (v. blogue no Diário de São Paulo), a sua colega e companheira de 14 anos, Mônica dos Santos Torres (v. Facebook). O gerente Carlos Dias disse que era a primeira vez que ali se celebrava um casamento.

Fabrício organizou o encontro à distância, programado para as férias em Pelotas, e todos os convidados guardaram o segredo, para surpreender a noiva. O violinista Mauro Buss tocou "Como é grande o meu amor por você" e o amor ficou assinalado com flores, champanha e os anéis da aliança conjugal.

Para os dois pelotenses, que saíram daqui para Blumenau e hoje moram em São Paulo, foi mais importante assinalar a união neste local e numa lua-de-mel natalina num hotel-charqueada, do que num rito religioso. De acordo ao blogue Desgarrados de Satolep, ele é xavante e ela, áureo-cerúlea. Foi no Café Aquários que eles descobriram, há quinze anos, como era bom ficar juntos. Afinal, é o amor que faz do mundo um lugar bom para viver.
Foto: Facebook

Humanização do Hospital a través do amor

Asiladas do lar vicentino receberam a presença e os presentes do Papai Noel.
O Grupo de Humanização do Hospital Escola da UFPel informou no Facebook (24-12) sobre mais uma edição do Projeto Abraço de Natal, em visita às moradoras do asilo da Sociedade São Vicente de Paulo, na terça 16-12. Funcionários do Hospital levaram a alegria e a esperança ao lar feminino da rua Senador Mendonça, pela gratuidade da música, dos comes e bebes, sorrisos, conversa e gentileza.

Cada ano nesta época, os trabalhadores do Hospital Escola se organizam para comprar presentinhos para as senhoras da vila vicentina, a maioria idosas. A atividade é preparada pelo Grupo de Humanização e a Ouvidoria, e a entrega dos presentes é feita por um Papai Noel funcionário do Hospital.

A vibração rítmica do Grupo Medicação humaniza o trabalho do Hospital.
O encontro foi animado pelo Grupo Medicação, com a atuação do cantor Fábio Saraiva. O evento também teve a participação do personagem Don Juan, moço bem vestido e sedutor, que dançou com todas as senhoras. Foi uma tarde de abraços, animação e carinho, que emocionaram e gratificaram a todos os envolvidos.

O Hospital da UFPel (que já foi conhecido como "Hospital da FAU") contém diversos projetos permanentes, destinados a humanizar o ambiente médico, que habitualmente é preocupante, tanto para quem sofre a doença ou a cirurgia como para seus familiares.

Como todo problema de saúde também representa uma oportunidade de melhorar a qualidade de vida, tanto do corpo como do espírito, o tratamento neste Hospital é oferecido num clima de carinho e expressão de sentimentos, o que se consegue por meio da música, das dinâmicas de grupo, da pet-terapia, de exposições de artes plásticas (o Corredor Arte, divulgado periodicamente neste blogue), de atividades de serviço e de encontro social, entre outras ideias criativas.
Voluntários do Hospital UFPel esbanjam carinho, dentro e fora da instituição.
Fotos: Facebook

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O lampião fazia o silêncio falar (crônica)

O silêncio é bom filósofo. E conselheiro. Em uma sociedade barulhenta como a nossa, a maioria das pessoas sentem-se desconfortáveis com ele. Geralmente deseja comunicar-se com nosso interior, com o intuito de ouvir-nos e recomendar-nos instantes de reflexão. Entretanto, fechamo-nos a ele, ouvidos atentos ou não aos ruídos característicos da vida contemporânea.

Confesso-lhe, amigo leitor, que gosto muito do silêncio e de estar em silêncio. Criei-me numa zona da cidade onde à noite ouvia-se claramente o coaxar dos sapos nos charcos, o estalar da madeira da casa, o piar da coruja, o vento confessando mistérios às árvores e outros fenômenos causados pela falta de barulho.

Tudo isso reforçado pela luz do lampião a querosene, aumentando o sossego e diminuindo a fronteira entre o visível e o invisível. À noite tudo me parecia mágico.

À cabeça do menino que fui, havia a certeza de que a quietude causava a magia que se desenrolava à minha volta. Sem pressa, quase como num ritual, pegava lápis e papel na tentativa de relatar as sensações oriundas do momento. O relato, em letras praticamente ilegíveis, ia brotando de meu interior, aquecendo-me o peito, tornando o silêncio absurdamente palpável.

Hoje, ao sentir-me sacudido pelas inquietações, fecho os olhos e tento materializar a mesma paz. Aos poucos sobrevém o sossego, o coração se desacelera e sou capaz de ouvir, de forma tímida inicialmente, a sinfonia dos sapos, o piar da coruja, o segredar do vento às árvores, o estalar de tábuas...

E no fundo dos olhos brilha a chama do lampião.
Manoel Soares Magalhães, 19-12-14


Tenho boas recordações do Natal, sobretudo os de minha infância. Tudo era muito simples, a começar pelo presépio, que à noite, iluminado pela chama do lampião a querosene, assumia proporções mágicas. Para tornar tudo ainda mais encantador, eu colocava as mãos à frente da trêmula chama, projetando na parede, perto do presépio, bizarras figuras, que voavam ao redor do berço onde o menino Jesus, recém-nascido, dormia. Eu as observava, dando-lhes estranhos nomes. Gifaboi, mistura de girafa com boi; formicão, cruza de formiga com cão; gapeixe, mescla de gato com peixe e tantas outras.

Na rua, os ruídos característicos da noite, enxameada pelos vaga-lumes. Eu adormecia na janela, vendo-os desenharem na escuridão exóticas geometrias. Triângulos, retângulos, hexágonos, pentágonos, losangos e heptágonos... Figuras que eu conhecera num velho livro de geometria.

À meia-noite, ou pouco antes, tomávamos Coca-Cola e comíamos sanduíche. Acaso estivesse quente, costumávamos ficar debaixo da parreira, em silêncio, ouvindo o escuro.

Para quem não sabe, o escuro fala, sim. Dava-nos conselhos e contava histórias... Narrativas antigas de heróis, santos e santas, reforçadas pelo murmúrio do vento na copa das árvores.

Às vezes o escuro se calava, levando-nos a escutar nossos corações, a perceber o marulho do sangue nas artérias... Se ele não voltasse a falar, íamos dormir. E tudo isso aconteceria no próximo Natal. E no seguinte.

Certa noite, porém, a luz elétrica inundou a casa, dissipando de vez as figuras das paredes, calando também o escuro. E o lampião, que tanta fantasia engendrara, ornando as noites, apagou-se para sempre.
Manoel Soares Magalhães, 24-12-14
Fonte: Facebook
Imagens da web

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

"Uma corte nos pampas", a burguesia monarquista

O Mercado Central de Pelotas era assim
no século XIX. Foi mandado construir
logo após a visita do Imperador em 1866.
Em seu mais recente livro, a pesquisadora Zênia de León relata o lado humano dos titulados da nobreza pelotense do século XIX. De acordo ao blogue da Academia Pelotense de Letras, a escritora apresentou em outubro passado "Uma Corte nos Pampas", em primeira mão, no Museu Imperial no Rio de Janeiro, e em Petrópolis, onde se encontrou com descendentes do Imperador.

Posteriormente a obra foi apresentada, na Feira do Livro de Pelotas, pela Livraria Mundial, que está reeditando alguns livros de Zênia. Leia abaixo trechos do Prefácio, escrito pela pelotense Arita Cheuiche Godoy.

O governo de Dom Pedro II designou como barões e viscondes alguns de seus fiéis seguidores no extremo sul, homens que atuaram como empresários e políticos, benfeitores do Império, especialmente entre 1845 e 1888. Por seu baixo número e por sua proximidade com o poder, esse grupo de milionários, muitos deles sem linhagem nobre, constituía uma verdadeira "corte real". A ausência de um rei ou rainha nesse ambiente de opulência permitiria denominar esse grupo como "corte irreal". Em linguagem de hoje, os chamaríamos jet set ou "classe A".


Prefácio

A autora Zênia de León já nos apresentou inúmeros trabalhos em algumas linhas de produção escrita. Entretanto, é na área da pesquisa histórica que reside todo um potencial importante. É o gosto que tem por descobrir novidades históricas, episódios. Como este que agora nos brinda: saber um pouco mais sobre a nobreza em Pelotas.

Porque a cidade teve tantos titulados do Império e que atuaram como economistas, industriais, guerreiros, beneméritos, políticos, que representaram uma parcela influente na comunidade, aqui está sua presença. O que mais destaca neste trabalho é a ideia de uma corte quase autêntica. Só não autêntica por não ser real no sentido de existir. Mas real pelos aspectos comuns a uma corte. Vejamos:

A formação social no sul da antiga província era diferenciada. Corria paralela à “grande corte”, no Rio. Era absurda, antagônica, servil. Pensava-se na liberdade escrava, mas tinham-se escravos. Dessa ambiguidade nasceu o apogeu financeiro, o progresso, o refinamento, e nasceu também o próprio desejo de liberdade do gentio. Se “o rei de Portugal se estabeleceu no país em 1808 para criar um poderoso império no Brasil”, poucos anos depois se estabeleceria uma “corte fictícia” em Pelotas.

A corte em Pelotas, embora fictícia, é reveladora, merece ser contada por ter feito parte de um ciclo importante, o das charqueadas, da opulência e da cultura, e seu legado está aqui para se ver. A opulência arquitetônica como um bem inigualável da monarquia, a fundação de liceus, fábricas de azulejos, vidros coloridos, chapéus, carruagens...

Aspecto interior do Solar do Barão de Três Serros,
hoje restaurado e conhecido como Museu da Baronesa.
Homens pardos e mucamas iam ao mercado fazer compras, mas sinhazinhas acompanhadas lá compareciam para dar um toque da presença de cortesãos ao local. No mais, a “corte dos Pampas vivia esquecida, tranqüila, escondendo nas senzalas por mais de setenta anos uma mercadoria encalhada a trabalhar sob a chibata.

E era no subsolo dos casarões que se escondiam os obreiros da cidade. Em cima, uma biblioteca de causar inveja. Na economia, o apogeu das charqueadas; nas senzalas, o cansaço do escravo; nos salões, as luzes dos lustres acesos e nos porões, a escuridão dos catres.

A escritora está sendo corajosa ao tratar de um sistema extinto e sumariamente desprezado. Mas a História precisa de um registro. Este registro está sendo marcante. Abrem-se novos horizontes e novos olhares depois da leitura deste livro, temos certeza.

Na verdade, o livro que a escritora e pesquisadora Zênia de León nos apresenta é um retrospecto de informações, com fatos históricos vistos por olhos perspicazes que analisam o lado humano de uma geração extinta, os monarquistas. Foram quase dois anos de investigação sobre o tema para resgatar de forma acessível o que se passou há duzentos anos, no papel de seus figurões, protagonistas de uma história ainda não de todo explorada.

A verdade é que dificilmente se poderá encontrar um escritor, sobretudo no século XXI, que não reflita sobre tudo no século XX, de maneira a julgar com justiça e parcimônia os prós e os contra de um sistema.
Arita Cheuiche Godoy

Casa 2: Barão de Butuí. - Casa 6: Barão de São Luís. - Casa 8:  2º Barão de Cacequi
Imagens: APEL (1), ASCOM (2), 19&20, fig.01 (3)

domingo, 21 de dezembro de 2014

"O Caminho da Verdade", um presente com Arte

O Caminho da Verdade é, ao mesmo tempo, uma instalação de arte visual, formada por objetos móveis, e um instrumento para trabalhar a visualização interior, que na área da Arteterapia, dá origem a uma oficina de autoconhecimento. A instalação artística, o instrumento e a oficina foram criadas em 2008 pela artista e arteterapeuta portuguesa Cristina Poppe.

Esperança, figura do Caminho da Verdade
A instalação

Criada para a 1ª Bienal Internacional de Artes Plásticas de Montijo (Portugal, 2008), a instalação foi montada em duas partes:
  • uma mandala em espiral centrípeta, com 37 pés esquerdos, esculpidos em gesso, formando uma trilha em direção ao interior de si mesmo (abaixo), e 
  • um caminho curvo, formado por 24 pares de pés (veja aqui), sugerindo um caminhar em grupo. 
Cada objeto traz um desenho e representa um símbolo, e o conjunto pode ser reorganizado à vontade. O trabalho foi premiado na Bienal com 7500 euros (v. notícia).

O instrumento

O material do jogo é uma "caixa de sentimentos", que consta de um baralho de 85 cartas impressas com os símbolos da instalação. Estes pés servem para caminhar em direção da verdade, e cada símbolo representa um aspecto subjetivo da pessoa (gratidão, dor, missão, espiritualidade, liberdade, aceitação, humildade).

O instrumento psicológico pode ativar memórias íntimas, despertar o sentido da autoestima e elevar a consciência de si mesmo. Aplicado em oficina de grupo, o jogo inicia uma viagem emocional que permitirá retratar a verdade e o momento existencial de cada pessoa (também pode aplicar-se coletivamente ao grupo).

O material, que está em inglês e em português, pode ser comprado em Lisboa ou diretamente com a autora. No Brasil, a exclusividade de venda é do Ágape Espaço de Arte, e tem o valor de R$ 150 (R$ 142 à vista). Veja detalhes na página The Truth Path.

A atividade é indicada para quem trabalha com pessoas: psicólogos, educadores, arteterapeutas, terapeutas ocupacionais, psiquiatras, artistas, musicoterapeutas, orientadores espirituais. No Brasil, a oficina ainda não foi aplicada e está em fase de divulgação.

Além do jogo "O Caminho da Verdade", a galeria de arte JM. Moraes está com mais uma edição do Bazart, que oferece obras artísticas produzidas em Pelotas, de vários estilos, temáticas e técnicas, e alguns kits de materiais de arte, separados por técnicas. Os preços são acessíveis, e servem como sugestões para presentear, e para incentivar a criação.

A instalação "O Caminho da Verdade", premiada em 2008, deu origem a um jogo de autoconhecimento.
Imagens: Facebook

sábado, 20 de dezembro de 2014

Rei do Quindim

O Doceria Rei do Quindim existe em Pelotas há um ano. A casa não tem balcão de atendimento, mas entrega com rapidez encomendas feitas por telefone ou pela página da comunidade no Facebook.

A loja fabrica minidoces, pudins, bolos e tortas doces, tanto de receitas tradicionais como novidades para agradar o público jovem. Alguns exemplos dessas novidades são o quindim de leite condensado - ainda pouco comum em Pelotas - e o Naked Cake de quatro níveis (v. foto aqui). Esse "bolo nu", sem cobertura, deixa o recheio à vista e seduz até os menos gulosos, numa sugestão de strip tease. Uma equipe carioca fez versão parecida, com frutas vermelhas, em julho de 2013 (v. foto)

O atraente Bolo Kit Kat (dir.) foi construído em dois andares, para deliciar os olhos e provocar o paladar. Como a equipe é criativa, seguirá reinventando as receitas clássicas e trazendo novas combinações.
Foto: Facebook

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Os rios de Fernando Leitzke


"Os Rios que Navego" é um projeto do pianista Fernando Leitzke que busca financiamento pelo método coletivo, no sítio Benfeitoria. O prazo limite é a próxima quinta (25-12). Se a meta for alcançada, os doadores ganharão diversos retornos; se não, o dinheiro inscrito será devolvido.

Quem antecipar 30 reais no financiamento, garante um exemplar do disco. Com 60, o participante ganha o CD autografado. Quem pagar 100, ganha 2 exemplares autografados mais um ingresso para o show& de lançamento. Maior colaboração dá direito a outras recompensas, como agradecimentos públicos, uma aula de piano, maior número de discos, maior número de ingressos e até shows particulares. Faltando uma semana, 130 colaboradores já reuniram 57% do valor do projeto.

O jovem pelotense inclui no trabalho composições próprias e obras de Tom Jobim, Radamés Gnatalli, Rubén González, todas para solo de piano, com apoio de cordas e percussão e a participação de grandes músicos cariocas e gaúchos. Ouça uma das músicas de autoria de Fernando, Chaleira Quente.

O projeto navega pelas águas do samba, do choro, do candombe uruguaio, da zamba argentina e afluentes de além-fronteira. Fernando navega pela música do nosso Rio do Sul e, subindo ao Rio de Janeiro, ganha os rios da música brasileira e universal (v. reportagem do Diário Popular).

Fernando estudou piano erudito no Conservatório de Música da UFPel dos 13 aos 17 anos e seguiu praticando o piano popular nas rodas de choro do Bar Liberdade, sob a liderança de Avendano Júnior e Possidônio Tavares. Tocou em bares e em recitais, como solista, em duos e trios e com o grupo Quebraceira. Aos 20 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se aperfeiçoa como pianista de samba instrumental (o que um americano chamaria de jazz bossa).

Confira abaixo seu trabalho como arranjador e como acompanhador de Michel Tasky, belga fã do Brasil, (leia entrevista) no samba "Cabrochinha", de Pinheiro e Carrilho.



Foto: Facebook

POST DATA
21-12-14
Faltando 4 dias para o fechamento do prazo, o projeto já recolheu 88% do dinheiro necessário.
22-12-14
A 3 dias do término do projeto, já foram levantados 91% dos fundos.
26-12-14
Encerrado o prazo, 101% do dinheiro necessário permitirá realizar o projeto de Fernando Leitzke..

sábado, 13 de dezembro de 2014

Pelotense é bicampeão nacional de Kung Fu

Aos 22 anos, o pelotense Breno Berny Vasconcelos venceu o 25º Campeonato Brasileiro de Kung Fu/Wushu, realizado na cidade de Leme (SP), na última semana de novembro, e no qual participaram mais de 700 atletas de vários estados do país. Não é a primeira vez que o atleta conquista o título. Em 2013, ele trouxe para Pelotas o primeiro título nacional de sua carreira.

Breno obteve medalhas de ouro e bronze em 2014.
O atleta pelotense, que - como tricampeão estadual - há três anos representa o Rio Grande do Sul na competição nacional, desta vez competiu na categoria principal da modalidade Taolu, na qual o atleta deve mostrar habilidade em coreografias, com as mãos livres ou com armas.

Breno enfrentou atletas do mais alto nível ao apresentar duas coreografias individuais: uma sem armas, que lhe garantiu uma medalha de bronze, e outra com a espada, onde conquistou a medalha de ouro e o bicampeonato.

Com o título, Breno entra na disputa por uma vaga para representar o Brasil nos campeonatos internacionais de 2015: o Campeonato Sul-Americano (no Paraguai, em julho) e o Mundial (na Indonésia, em novembro). Em março, viaja a Campinas, para participar do primeiro treino classificatório que formará a seleção brasileira.

Tricampeão gaúcho e bicampeão nacional, Breno entrará
na competição internacional. Mas requer apoio financeiro.
Ele agora busca apoio financeiro para custear os treinos em São Paulo e a sua possível participação em campeonatos internacionais (v. a página web de Breno Berny Vasconcelos). Seu preparador físico é Marcelo Zanusso Costa, da Academia Equilíbrio.

O Wushu, conhecido popularmente como Kung Fu (v. Wikipédia), é uma arte marcial com raízes na história milenar da China. Atualmente, o Kung Fu ganhou uma roupagem mais esportiva, não mais em nível de técnica para a guerra, estando entre os esportes mais cotados para virar modalidade olímpica.

Em nível de competição, o Kung Fu tem duas modalidades: o Sandá é a luta corpo-a-corpo (free sparring) entre duas pessoas, seguindo regras específicas da modalidade; o Taolu refere-se à demonstração de habilidade e destreza corporais em lutas pré-coreografadas, apresentadas em grupo, trios, duplas ou individualmente, com as mãos livres ou com armas, tais como espadas, bastões e lanças.



Fonte: ASCOM

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

As aventuras do avião vermelho (1936-2014)


Estreou hoje (11-12) o longa animado "As Aventuras do Avião Vermelho", que resgata a obra infantil homônima de Erico Verissimo (1905-1975), o máximo escritor gaúcho (v. Wikipédia). Confira horários no Cineflix do Shopping Pelotas.

Companhia das Letras, 2003
Precisamente no ano de publicação do livro "As Aventuras do Avião Vermelho", 1936, nascia Luís Fernando Verissimo, o único filho homem de Erico. Em 1933, o escritor havia publicado "Clarissa", e em 1935 nascia sua primeira filha, batizada como a personagem de seu primeiro romance (leia um testemunho dela em 2013).

A história conta como um menino de 8 anos (chamado Fernando) lida com a hiperatividade decorrente da falta da mãe e a consequente necessidade de se afirmar como homem, com apoio do pai, valorizando as ações construtivas, a força da imaginação e a superação dos medos. Quem faz a voz do avião é o consagrado ator Milton Gonçalves, hoje com 81 anos, que em seus inícios trabalhou como dublador.

A temática do avião vermelho tem evidente inspiração no piloto militar alemão Manfred von Richthofen (1892-1918), conhecido como Barão Vermelho, personagem histórico que já rendeu livros e filmes. O nome do personagem Capitão Tormenta, que aparece dentro da história de Erico Verissimo e no filme em estreia, é uma homenagem ao livro de aventuras fictícias do italiano Emilio Salgari (v. Wikipedia), Capitan Tempesta, publicado em 1905.

Assim como as movimentadas aventuras do avião de Fernando ao redor do mundo, o filme gaúcho passou por muitos anos de pré-produção, desde 2003 até chegar hoje às salas de cinema de todo o Brasil. Veja outros filmes da produtora gaúcha OKNA e os vídeos de produção do filme no canal Avião Vermelho.
Imagens: Blog MPC (1), Adoro Cinema (2)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Água, raios e trovões abrindo o verão


Na legenda da foto de Nauro Júnior, tomada dentro do Mercado Central em plena tormenta, o sítio de um jornal porto-alegrense informou o seguinte, às 22:10 de ontem (9-12):
No sul do RS, choveu quase 30 milímetros em apenas uma hora na noite desta terça-feira.
A nota informava sobre a previsão meteorológica para todo o Rio Grande do Sul, e a imagem pretendia mostrar o estado do tempo na Metade Sul, mas o leitor ficou desinformado sobre o lugar preciso da fotografia. O sul do Estado é bastante extenso. Quem conhece a região sabe que se trata da torre do Mercado de Pelotas, trazida da Alemanha há cem anos, mas nem todos os internautas têm obrigação de saber. Assim como é justo identificar o autor, a notícia não fica satisfatória com a omissão de um detalhe como o lugar do fato, erro de principiante.

Com a beleza da paisagem urbana noturna, o fotógrafo registrou uma cena que não é raro presenciar em Pelotas: o céu sendo cortado pelos raios, enquanto pequenas cascatas jorram pelos lados. No entanto, poucos fotografam a nossa onipresente umidade. Deve-se reconhecer que não é fácil registrar a fugacidade da água da chuva, mas ali estão as gotas caindo, diante dos coriscos.

O próprio Nauro obteve, há 17 anos, uma foto tão ou mais emblemática que esta do Mercado (v. a postagem Luzes de Deus) e em 2009 escreveu uma reflexão sobre suas fotos de raios (v. blogue Retratos da Vida). Sobre a imagem atual, publicada pela RBS primeiro e depois por Nauro, este disse que foi obra do acaso, pois ia fotografar as luzes de Natal na praça, quando a chuva o fez refugiar-se no Mercado (veja seu comentário no Facebook).

Como também é acostumado por aqui, a chuvarada durou somente uma hora, refrescou o abafamento que havia e desapareceu aos poucos, deixando um rasto de ruas alagadas, semáforos apagados, pontos de táxi vazios e a praça central sem os visitantes de dezembro. 
Fonte: ZH

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

As sete meninas de 1965

Pedro A. C. Teixeira é formado em Estudos Sociais, professor de História e Geografia, pesquisador, escritor, desenhista, pintor e escultor. Há muito tempo não mora em Pelotas, mas ainda escreve sobre seus anos passados na cidade natal. 

Há três anos, ele publicou em seu blogue "Eu sabia, e tu sabias?" o artigo As Sete Meninas de Pelotas com a seguinte lembrança, de quando ele era adolescente e veraneava no Laranjal.


Era o ano de 1965, passeava pela praia do Laranjal em Pelotas e avistei estas sete meninas, que tomando banho de sol e alegres conversavam nesta mesma posição. Achei que seria uma bela foto, para a época. Época do preto e branco.

Perguntei de longe se poderia delas bater uma foto, com uma moderna máquina Rolleiflex. As sete meninas concordaram e sorriram cada qual com o mais belo sorriso.
Foi a mais linda foto que fiz em minha vida.

Com carinho e com respeito a essas (hoje) sete senhoras, guardo muito bem esta fotografia, pois as sete meninas eram de uma graça e beleza que encantavam. Isso foi há quase cinqüenta anos.

Onde andarão essas menininhas? O tempo passou e nunca mais as encontrei.

Foi uma época de encanto, encanto até ingênuo. Em uma época em que as coisas eram bem diferentes e havia respeito e as pessoas eram educadas. Não como hoje, que cada um vive a sua vida, ignorando quem está ao lado. Passando por cima com brutalidade, maltratando, odiando, agredindo.

Felizes foram os jovens de minha geração; eram cultos, respeitosos e educados.

Professor Pedro A. C. Teixeira
Imagens: P.A.C.Teixeira, Ebay

sábado, 6 de dezembro de 2014

Vinholes fala em programa canadense

Vinholes trabalhou no Canadá doze anos e ainda é um ativo articulador cultural.
A Rádio CKCU FM 93.1, emissora ligada à Universidade Carleton, de Ottawa (Ontário, Canadá), começou a apresentar, esta quinta (4-12), uma série de 3 programas sobre a vida e obra do pelotense Luiz Carlos Lessa Vinholes. O trabalho pioneiro e criativo do diplomata, músico e escritor brasileiro é reconhecido no mundo todo como uma contribuição cultural ao entendimento entre as nações.

Conduzido pelo professor aposentado e pesquisador cultural Lloyd Stanford, o programa chama-se Third World Players (Jogadores do Terceiro Mundo) e, à base de uma entrevista entre Stanford e Vinholes, realizada em outubro passado no Canadá, constituiu esta série, a qual toma o título “Sobre música, poesia e diplomacia: L. C. Vinholes”. O primeiro capítulo (33 min) pode ser ouvido nesta página da rádio (ícone "Listen now").

A CKCU se mantém com doações.
Não transmite anúncios comerciais.
Os próximos capítulos poderão ser acompanhados ao vivo (ícone LISTEN LIVE), nos dias 11 e 18 de dezembro, sempre às 21h (hora de Brasília), ou na lista de programas, quando o áudio estiver disponível (v. o do dia 11 e o do dia 18).

A entrevista está em inglês e, além do diálogo, reproduz gravações das peças musicais de Vinholes Tempo-Espaço VIII (1974) e Tempo-Espaço IX (1975), para conjunto de câmara, gravadas pela Orquestra Sinfônica Nacional do Rio de Janeiro sob a regência do maestro Leandro Gazineo.

A informação acima foi enviada hoje por email a este blogue, pelo próprio Vinholes, que em novembro passado esteve em Pelotas, como patrono da 42ª Feira do Livro (v. artigo sobre ele neste blogue). Atuante na área cultural desde a década de 1950, o diplomata trabalhou no Japão, Paraguai, Canadá, Itália e Brasil, além de visitar outros países.

Em seu sítio virtual, a rádio CKCU se apresenta como a primeira rádio canadense com base num campus universitário. Desde novembro de 1975, a emissora oferece uma programação cultural, não comercial, à comunidade universitária, assim como aos ouvintes de todo o seu alcance, num raio de 100 km (atualmente incluindo o planeta inteiro, pela internet). Transmite sem interrupção, todos os dias do ano (v. mais informação na Wikipedia em inglês).

A rádio da Universidade Carleton transmite do 5º andar do prédio central.
Imagens: D.M. (1), CKCU (2), Examtime (3)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Formatura do pianista Nilton Vargas


Nilton Rodrigues gradua-se como Intérprete em Piano pela UFPel na próxima quarta (10-12), com recital solo no auditório 2 do Centro de Artes (Álvaro Chaves 65).

O programa que Nilton divulgou no Facebook (detalhes aqui) traz compositores de diversas épocas, como é de praxe na formação universitária.

No entanto, a ênfase pessoal do formando é posta aqui em autores brasileiros contemporâneos, dando destaque especial para a estreia absoluta da obra Doppelgänger, de Augusto Lima (nascido em 1991). O selo artístico do pianista tem traços românticos, inovadores e ligado às raízes.

Confira as obras que ele tocará (em Pelotas dia 10 e em Bagé dia 17):

* Balada opus 10 nº 1, de Johannes Brahms.
* Doppelgänger, de Augusto Lima.
* Sonata opus 31 nº 1, de Ludwig van Beethoven.
* Suite pour le piano, de Claude Debussy.
* Dança de negros opus 2 nº 1, de Fructuoso Vianna.
* Estudo nº 1, de Cláudio Santoro.
* Dindi, de Antônio Carlos Jobim.
* Vestido longo, de Arismar do Espírito Santo.

Nilton também é arranjador e canta ao violão; suas preferências musicais são de pop em português e inglês. Acompanhe abaixo uma gravação recente de Nilton cantando "You've got a friend", música que ganhou dois prêmios Grammy em 1971, um com a autora Carole King e outro com James Taylor.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

"Dançar", domingo 7 de dezembro


Companhia da Dança apresenta espetáculo anual, com diversos estilos: Dança do Ventre, Jazz, Street Dance e Dança de Salão. Ingressos na escola (R$ 20).