domingo, 29 de junho de 2014

Corações unidos: isso muda o jogo

Para esta Copa do Mundo, o Banco Itaú preparou o curta-metragem Brasileiros de Coração, com 9 miniepisódios filmados ao longo do Brasil. A apresentação por partes começou há dois meses e esta semana foi divulgado o filme completo (vídeo abaixo).

O documentário de 15 minutos mostra 9 brasileiros apaixonados pela Seleção, cada um por um motivo especial. Cada personagem doa ao time canarinho as batidas de seu coração, gravados numa bola, conformando assim uma Batucada de Coração, com 200 milhões de torcedores.

Um deles é Aldyr Garcia Schlee, que há 60 anos desenhou, mediante concurso, o atual distintivo e a camiseta oficial do futebol nacional. O 5º episódio, "O pai da camisa", é o mais visitado pelos internautas, hoje com mais de 5 milhões de visualizações. Neste blogue sobre Pelotas, onde Schlee também é uma celebridade há muitos anos, seu nome já foi citado em 30 postagens (confira aqui).


Cada fanático ensina sua fórmula para o sucesso no jogo, para fazer as coisas darem certo (vale para a vida em geral). Clique nos títulos para ver os clipes (entre 2 e 3 min cada) na sequência em que foram lançados (ordem diferente do filme completo).
  • 1 O colecionador: O paulista José Renato preserva e enriquece uma coleção, iniciada por seu avô nos anos 30, com tudo o que tem a ver com a Seleção.
    "Passar esse orgulho de geração em geração".
  • 2 Mulher do galo: No Rio de Janeiro, Maria de Lourdes veste seu galinho Fred Pereira da Silva com as cores da bandeira nacional e o tem como talismã.
    "Juntar todo mundo para torcer pela Seleção".
  • 3 O locutor: No município de Westfália (RS), Ido Alhert cultiva o idioma alemão divulgando o amor pela Seleção Brasileira.
    "Ser brasileiro de coração".
  • 4 O roupeiro: O carioca Rogélson Barreto está em sua 6ª Copa como ajudante da Canarinho. No vestiário, ele mentaliza as vitórias, amaciando chuteiras e falando com elas (v. nota do Globo e vídeo da Record).
    "Sentir-se parte da Seleção".
  • 5 O pai da camisa: O gaúcho Aldyr Schlee [chlê] conta como chegou a desenhar a camiseta Canarinho, que até 1954 era branca.
    "Ter amor à camisa".
  • 6 A promessa: Conheça o que o fanático campinense Nelson Paviotti fez em 1994 ante o Tetra e o que ele promete se a Seleção conquistar o Hexa em 2014.
    "Defender as nossas cores".
  • 7 O pai do gol: O mineiro José Silvério é locutor esportivo há 51 anos (está na Wikipédia).
    "Soltar a minha voz".
  • 8 O sincretista: O baiano José Rogério Oliveira tem, em seu radinho de pilha, um altar cheio de "santos", um time celestial que torce pela Seleção.
    "Acreditar".
  • 9 Desde menino, David Luiz Moreira Marinho sonhava que seria jogador da Seleção, e hoje é zagueiro da Canarinho. É o que conta a família que o viu crescer em Diadema (SP).
    "Se doar pela Seleção".

O retorno das Tertúlias

Devido às condições de trabalho em instituições federais, muitos projetos de extensão universitária, formulados por professores que permanecem num cargo provisório, duram os dois ou três anos de seus contratos. Isto acontece há vários anos com as sucessivas orquestras de câmara do Conservatório da UFPel, dirigidas por docentes cuja função é lecionar, mesmo com o conhecimento prévio de que suas metas são a curto prazo e, posteriormente, seus alunos seguirão em projetos de outros professores.
47ª Tertúlia foi na Biblioteca Pública, junho 2014.

No entanto, o projeto de recitais de alunos denominado Tertúlias Musicais vem desde 2006, com a coordenação persistente, firme e lúcida do Dr. em Música Marcelo Cazarré. Em outubro de 2007, teve um ponto alto coincidindo a 13ª Tertúlia com a Noite de Bruxas (v. post Tertúlia de Bruxas). Com o fechamento do Salão Milton de Lemos em 2012, mais três Tertúlias foram feitas no mesmo ano na sede Canguru, da Lobo da Costa.

O ano de 2014, no entanto, mostra o ressurgimento desta série de apresentações, com novos alunos de piano, canto, violino e violão, e a mesma mística do nosso Conservatório de Música. Assim, após um intervalo de dois anos, as Tertúlias recomeçam com a 47ª edição, sendo na Biblioteca Pública por primeira vez. Sempre com a liderança de Cazarré, o concerto desta quinta (26-06) aumentou o sucesso habitual, agora com a revalorização pela boa acústica e pelo impressionante visual do Salão Nobre da Biblioteca (leia reportagem do Diário Popular A volta dos acordes das Tertúlias).

No vídeo abaixo, Natália Gonçalves como a Condessa e Fernanda Miki como Susana interpretam a Canzonetta Sull'aria, da ópera "As Bodas de Fígaro", de Mozart, acompanhadas por Patrick Menuzzi no piano. Biblioteca Pública Pelotense, 26 de junho de 2014.


Foto: C Queiroz (DP)

sábado, 28 de junho de 2014

Raul ano 69: por quem os sinos dobram

Capa traz foto do músico.
Raul Santos Seixas nasceu em 28 de junho de 1945, em Salvador da Bahia (v. biografia). Como hoje completaria 69 anos, uma forma de recordá-lo é com a mensagem de  "Por quem os sinos dobram" (vídeo abaixo). A música pertence ao álbum do mesmo nome, de 1979 (v. análise do disco com link para o áudio completo).

Em 2013 foi divulgado que originalmente a canção se chamava "A loucura de Eva" e tinha um sentido feminista e antidarwinista. A segunda versão é a que conhecíamos até então (v. reportagem do Correio Braziliense).

O título da música de Raul é tomado de um filme de 1943, que por sua vez se baseia num livro de Ernest Hemingway (1940), o qual também provém de um poema de 1764, do inglês John Donne. Um interessante artigo de Élder Dias relaciona os três autores (v. Revista Bula).

Contracapa do CD evoca a marca da Universal Pictures.
A expressão original ("não procures saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti") alude à morte e ao sentido da vida. Os sinos que tocam na igreja por um funeral são os sinais cotidianos que anunciam nosso próprio fim. Percebemos os erros dos outros e os avisos de seu réquiem, mas não nos damos conta de que esses sinos tocam por nós mesmos, advertindo-nos de nossas dores e falhas.

O sentido otimista e animador desta canção pode servir tanto a um idealista saudável (nossos sonhos precisam ser falados e compartilhados para ganhar repercussão) quanto a um paranoico isolado (quem desconfia de todos, perde aliados e se apoia nas paredes).

A todos estes, a letra encoraja: se você for coerente e amistoso, chegará longe, e, se estiver mentalmente transtornado, ainda poderá pôr os pés no chão e fazer de seu delírio uma coisa real. O sentido é tão amplo que pode servir a grupos humanos, movimentos, cidades e nações (por exemplo, uma cidade deprimida ou precisando curar suas feridas históricas).

Confira vídeos com a entusiasmada versão roqueira dos Detonautas, o cover mais fiel da banda formiguense (MG) Capim Santo, e o violão caseiro da sexy paranaense Any Bacchi. Mais informações sobre o Maluco Beleza nos posts deste blogue 1ª Passeata do Raul (2013) e Raul anima Pelotas (2009).


Nunca se vence uma guerra lutando sozinho:
'cê sabe que a gente precisa entrar em contato
com toda essa força contida que vive guardada.
O eco de suas palavras não repercute em nada.

É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro:
evita o aperto de mão dum possível aliado,
convence as paredes do quarto e dorme tranquilo,
sabendo, no fundo do peito, que não era nada daquilo.

Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz.
Coragem, coragem, eu sei que você pode mais.
Autoria: Raul Seixas e Oscar Rasmussen
Imagens: Mercado Livre

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Schlee criou nova camisa canarinho

Desde que criou o uniforme da seleção brasileira em 1954, Aldyr Garcia Schlee nunca mais tinha desenhado outro fardamento de nenhuma instituição. O criador da camisa canarinho durante muito tempo até negou a criação daquele que é o manto sagrado de todos os brasileiros. Porém, uma questão afetiva fez com que Schlee pegasse as tintas e a palheta para desenhar um novo uniforme.

Schlee autografa para a neta Helena
camiseta canarinho com distintivo da escola.
Sua neta Helena, de 8 anos, pediu para o avô famoso desenhar uma camiseta para a escola onde ela estuda. Schlee desenhou uma camisa muito parecida com a canarinho, mas a personalizou com um brasão novo, feito à mão para a Escola Mario Quintana de Pelotas.

No dia do lançamento do uniforme (09-06), houve filas gigantes de crianças e pais para conseguir um autógrafo na camisa canarinho, não aquela criada há 60 anos, mas a da escola onde estuda Helena [v. álbum de fotos da EMQ].
Nauro Júnior
Texto e foto
Fonte: Facebook

sábado, 21 de junho de 2014

Tapetes para o Corpo de Cristo

O Cristo ressuscitado é o pão de vida que dá sentido a nosso caminho de sofrimento.
Em 2014, a Arquidiocese de Pelotas manteve o itinerário da procissão de Corpus Christi (do Largo do Sete de Abril à Praça José Bonifácio), mas inovou no procedimento para confeccionar os tapetes coloridos para passagem do Santíssimo Sacramento: os jovens das diversas paróquias começaram às 7 da manhã de quinta (19-06) em vez da meia-noite. O idealismo e a esperança persiste na juventude, mas o frio de nosso inverno e a violência noturna vêm diminuindo a participação nos últimos anos (v. post de 2010 Procissão de Corpus Christi).

Frase escrita com agasalhos e caixas de leite
As imagens de Cynthia Luz Yurgel mostram que os materiais usados nos desenhos também variaram um pouco: além do serralho tingido de cores, alimentos e agasalhos que serão doados após seu uso na procissão.

Ao longo das seis quadras da Rua Anchieta, em direção à Catedral, os temas adotaram uma sequência de conteúdos, para fazer meditar no sentido central do cristianismo:
  • Morte; 
  • Luta pela vida; 
  • a pessoa de Jesus; 
  • força de Jesus pela vida; 
  • Ressurreição; 
  • Jesus, Pão da Vida (v. detalhes no blogue da Arquidiocese).
Confira 129 fotos no álbum da Arquidiocese: Corpus Christi 2014: Confecção dos Tapetes.
Imagens: Facebook

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Fotografando Bares

O fotógrafo Marcel Streicher começou a montar uma série de imagens artísticas em bares tradicionais de Pelotas. A primeira sessão foi feita no início de junho, no Papuera Bar, uma das principais casas noturnas do bairro do Porto, desde o inverno de 2007 na Alberto Rosa 51, esquina Conde de Porto Alegre (v. post Papuera, cerveja com pastel).

A equipe deste projeto fotográfico é liderada por Marcel na arte, Lucas Daneris na produção e Alan Gonçalves na direção (designer do Satolapp Cultural). A modelo Francine Ramalho usa roupas da Loja N-concept e maquiagem de Marjorie Martinez no salão Blank Hair.

A imagem juvenil de Francine proporciona graça e espontaneidade ao ambiente do bar, cuja finalidade é justamente a diversão e o esquecimento das responsabilidades cotidianas. Por contraste, sua limpeza visual equilibra a associação natural entre bar e alcoolismo e a obscuridade do preto-e-branco, que neste caso remarca o caráter noturno e a possibilidade de segundas intenções.

O projeto terá continuidade em bares como o João Gilberto, Liberdade, Diabluras, Seu Boteco e outros pontos da noite pelotense. Ainda que a vida noturna pós-meia-noite apareça ligada ao uso de drogas e aos ruídos indesejáveis, os barezinhos em geral equilibram os excessos urbanos com sua clássica combinação entre "música para ouvir" e "espaço para conversar".
Fotos: M. Streicher

Violeta Parra, chilena de talentos múltiplos

Francisca reconstruiu Violeta em corpo e voz.
O projeto de extensão da UFPel "A Filosofia e a Música no Cinema" exibe, esta sexta (20-06), o filme chileno de 2011 "Violeta foi para o céu", de Andrés Wood (v. biografia em espanhol).

Não se trata de um documentário, mas de uma cinebiografia, bastante respeitosa com os fatos da vida de Violeta Parra, com pequenas liberdades criativas, próprias de uma recriação para o cinema (v. fotos do filme).

A representação da personagem central é feita por Francisca Gavilán, de aparência física e voz muito parecidas às de Violeta, e complementada por algumas imagens de época, da Violeta real.

A trilha sonora (escute no SoundCloud) não traz a voz de Violeta Parra, mas as músicas cover, cantadas por Francisca em arranjos modernos. A atriz teve que aprender música e conseguiu fazer um verdadeiro tributo a Violeta Parra (v. reportagem).

A múltipla artista Violeta recolheu aspectos do folclore chileno e se fez ela mesma artista popular, criadora na música, na poesia, nas artes plásticas, no artesanato. Viveu a pobreza do interior e da capital, não sendo reconhecida no seu país, adiantada a sua época, mesmo sem ter frequentado escolas formais de arte. Com traços bipolares e rebeldes, parecia feliz mas dizia viver a infelicidade, especialmente no amor (suicidou-se aos 49 anos).

Violeta Parra e sua filha Isabel, década de 1950
Este filme, que não aprofunda os aspectos ideológicos e políticos, baseia-se na biografia escrita pelo filho Ángel Parra, e se concentra em poucas figuras: um só dos vários amores da artista, o suíço Gilbert Favre, e dois dos quatro filhos, Ángel e María Luísa. Veja aqui o longa Violeta se fue a los cielos, sem legendas, de 1h 43min.

A programação completa do V Ciclo de Cinema, sob a coordenação do professor dr. Luís Rubira, está disponível no sítio da UFPel. Em 2014, todos os filmes são documentários sobre música ou cinebiografias de músicos de todas as épocas. As sessões são realizadas toda sexta às 20h no Centro de Integração do Mercosul, com entrada franca.

Conheça mais sobre a verdadeira Violeta na Wikipedia em espanhol, no programa de TV Nacional Grandes Chilenos (59 min) e na reportagem argentina do Canal Encuentro (54 min). Ouça aqui a voz de Violeta em antologia de 26 músicas (59 min). Confira abaixo Viola Chilensis, documentário de Luis Vera realizado em 2003.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Laranjal, dois pontos de vista


Na visão do morador, o Laranjal é um bairro semirrural de Pelotas, esquecido pela Prefeitura, com ambiente tranquilo a maior parte do tempo, animais pelas ruas de terra, falta de iluminação, buracos e lamaçal. Em junho de 2014, Maria Bonita Comunicação gravou a fala da uruguaia Nancy Balbiani, há dez anos morando no Laranjal (acima).

Na visão do turista, o Laranjal é uma orla cheia de gente no verão e nos domingos de inverno e vazia no resto do tempo. Quando lotada, é um viveiro de sensações de prazer; quando vazia, um deserto que desperta as saudades dos tempos bons. Em junho de 2013, o porto-alegrense Paulo César Ribeiro reuniu fotos e vídeos da orla, elogiando o Laranjal como sendo um orgulho para uma cidade (abaixo).


Um terceiro ponto de vista, não representado aqui, é o do pelotense urbano, que visita a praia como turista, servindo-se dele como lugar de espairecimento, geralmente indo de carro, e em boa companhia. Conhece desde o Pontal da Barra até a Colônia Z-3, cultivando fetiches como o antigo Bar da Figueira, o Trapiche do Valverde e o calçadão de 2 km.

Todos gostam do Laranjal mas, desde suas visões diversas, não conseguem unir-se para fazer dele um ponto turístico de valor nacional. A foto de Fly Camera Pelotas mostra a rótula do Mar de Dentro, neste início de inverno, balizando a lagoa da natureza, a orla dos turistas e a cidade de tantos habitantes.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Loiva Hartmann divulga poesia em áudio

Águas dançantes são metáfora da vida amorosa
(Chafariz das Nereidas, dezembro de 2013). 
Por ocasião deste Dia dos Namorados, a professora Loiva Hartmann, patrona e inspiradora deste blogue cultural, disponibilizou o áudio completo do disco por ela apresentado na 41ª Feira do Livro de Pelotas (v. post Professora Loiva lança CD com poemas).

O conteúdo é uma breve antologia de seus escritos poéticos, entre os quais a autora compartilha algumas perguntas existenciais, reflexões críticas sobre a humanidade, ou declarações de amor por certos personagens e lugares.

Em 2012, a escritora organizou uma exposição visual de algumas dessas criações (v. post Poemas ilustrados de Loiva Hartmann).

A versão auditiva dos escritos, lançada em novembro de 2013, funciona como um audiolivro para reflexão, ou como um disco musical para ouvir enquanto se viaja. Com a locução de Otávio Soares, os poemas permitem meditar num lugar tranquilo ou, mesmo, tranquilizar-se num lugar agitado, como o trânsito da cidade. As músicas de fundo são, em todos os textos (exceto "Colosso"), gravações em piano do francês Richard Clayderman (v. na Wikipédia), com melodias como Pour Elise; My way; The sound of silence; A time for us; Don't cry for me, Argentina; Fascinação.

Após um prefácio do Irmão Elvo Clemente, os poemas seguem esta ordem: Cálice. Maternidade. Dos pronomes pessoais. El aire. Somos a chave de tudo, ou não? Amei você. Os olhos de minha mãe. O tempo e eu. A teia do tempo e nós. Pampa. Via láctea. Verbo. O amolgamento do homem. Colosso. Vivando o amor. Campo pequeno. Caos. Titã acorrentado. Nace un niño. Busca. Pétalas. Oração.

Confira algumas resenhas sobre o trabalho da poetisa no blogue de Isabel Vargas, Pensamentos Dispersos e o áudio completo no vídeo abaixo (43 min). A obra impressa e o CD podem ser comprados na Livraria Mundial.

Foto: Facebook

terça-feira, 3 de junho de 2014

Reflexo do alto

A chuva deste domingo (1-6) convidou a fotógrafa para uma exploração urbana e seu olhar descobriu, juntos na água mediadora, dois sinais históricos da cidade: o chão de paralelepípedos e o reflexo de um casarão. Veja outras imagens da artista em seus álbuns no Facebook.
Foto: Tani Guez

Greve se sobreporá à Copa do Mundo

95% da assembleia votou greve
Após alguns dias de assembleias alternadas com paralisações, os funcionários municipais de Pelotas decidiram hoje (2-6) ir ao confronto com a administração para exigir melhores condições de trabalho (v. detalhes no Diário Popular).

Os primeiros escolheram a greve (em prejuízo da população que recebe serviços gratuitos de educação, saúde e assistência) e esta última, a clássica medida de terror: desconto de salário para quem faltar (em prejuízo de quem já ganha pouco). O principal ponto de discussão é um aumento de 6 ou de 12%.
Em assembleia geral que lotou o auditório externo do Colégio Pelotense, os municipários decidiram por entrar em greve a partir de quinta-feira. A data foi definida para que seja respeitado o prazo de 48 horas de anterioridade para comunicação formal ao Executivo. [Leia nota completa do SIMP].

A greve começa na primeira hora desta quinta (5-6), e não tem dia para terminar, numa queda de braço entre forças desiguais: o sistema versus o ser humano. Em parecido conflito vivido em 2013, a greve se diluiu e a Prefeitura concedeu o aumento de 7% que havia oferecido inicialmente.

Como é de costume, os partidos da coligação de governo serão espectadores sem "tomar partido" neste filme de suspense e desgaste. O problema não é considerado político (da sociedade em geral), mas administrativo (interno deste município). Esta roupa suja, no entanto, será lavada em público, evidenciando que ela tem relação com as próximas eleições presidenciais.

A Copa do Mundo será inaugurada na quinta 12 de junho, e os resultados desses jogos influirão (ou parecerão influir) no desgaste político do governo federal, a ser renovado em outubro. Sobre a especulação de possíveis jogos eleitorais e o desgaste político do partido do atual prefeito, o Sindicato enviou uma carta de esclarecimento ao Amigos de Pelotas.
Fotos: SIMP, A. Assumpção (Arquivo DM)

POST DATA
4 junho 
O prefeito Eduardo emitiu mensagem sobre a greve (dir.). Confira notícia de hoje no Diário Popular.
Em Porto Alegre, os municipários iniciaram greve segunda (2-6), informou hoje a Rádio Gaúcha.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Chorinho no Mercado


Um grupo de amigos músicos, admiradores do chorinho brasileiro, começaram a reunir-se cada sábado de manhã (das 11 às 14 h mais ou menos) no Central Café (v. Facebook), do Mercado Central de Pelotas, para curtir a música pura, bem sentida e bem interpretada. A ideia se desenvolveu após a grande manifestação do Dia do Choro, celebrado na noite de 23 de abril passado, no interior do mesmo recinto.

O vídeo acima é deste sábado 31 de maio. A gravação abaixo é de duas semanas antes, no sábado 17 de maio (veja aqui uma do sábado 24 de maio). O público está convidado a aproximar-se e desfrutar dos encontros, totalmente gratuitos.

Jorge Meletti e Raul Costa D'Ávila, professores de música na UFPel
Os músicos identificados são: Raul Costa D`Ávila (flauta transversal), Rui Madruga (violão de 7 cordas), Mauricio Marques (violão de 8 cordas), Átila Silveira (violão de 9 cordas), Jortan Lima (cavaquinho), Gil Soares (flautista, de pé).

Conforme o anúncio do mesmo vídeo, os três violões foram especialmente construídos por Eduardo Al-Alam Cordeiro.

Segundo o professor Raul D'Ávila, não se trata de um projeto formal, mas de um encontro centrado no "prazer de reunir amigos, curtir o ambiente em torno do Mercado, à luz do dia (...que vai mudando a cada hora), conversar, contar histórias e, se alguém também desejar, ler ou recitar poesias, dançar... enfim... aproveitar o espaço maravilhoso que é aquele Largo".

Até os anos 90, o Largo Edmar Fetter era espaço ocupado por bancas de camelôs e antes foi ponto de ônibus. Lugar agitado e barulhento, desde a chegada dos bondes elétricos, em 1915. Atualmente está vazio de ônibus e de camelôs, mas ainda o público pelotense não aproveita dignamente o seu Mercado.


Foto e vídeos: Marcelo F. Soares

POST DATA
Veja um momento do sábado 7 de junho.

domingo, 1 de junho de 2014

Atrás da vidraça do sábado, artista recria o mundo


Olhei pela janela e vi um sábado vestido de luto.

Nesses dias, quando guri, passeava pelo quintal sentindo falta do sol desenhando sobre as folhas mortas. Deixava-me levar por aquele grafismo colorido, tentando descobrir algo inusitado.

Eu não sabia precisar o que estava procurando. Não tinha cabeça para isso, pois a idade era tenra demais. Ainda assim procurava...

Acaso encontrasse o que estava buscando, punha-me a desconstruir.

Sim, quando pequenos, ao contrário do que imaginamos, somos seres da desconstrução. Desconstruímos o mundo para criar o nosso, muito particular, com seu colorido próprio, com seus vãos e desvãos, com seus mistérios e horrores.

Bem, acaso o dia fosse sombrio e não havia sol para criar e eu para descriar, voltava para dentro de casa. Melancólico, experimentando sensações de abandono, punha-me à janela e ficava divisando o quintal através da vidraça. Embaçava-a e com o dedo indicador elaborava desenhos, com intuito evidente de materializá-los no quintal, arranjando brincadeira.

Os desenhos, entretanto, logo se desfaziam. Eu tratava de embaçar outra vez a vidraça, tornando a riscá-la. Quando cansava da brincadeira, jogava o olhar ao léu, imaginando coisas.

Coisas, portanto, se materializavam no quintal, logo se decompondo, pois são frágeis demais. (Como a vida). Mais frágeis que as teias e aranha que qualquer vento, divertindo-se, desfaz.

Pois a manhã sombria deste sábado levou-me ao passado. De súbito me enxerguei guri, dedo indicador percorrendo o vidro, fazendo desenhos.

Afinal, pensei, já que não havia sol para desenhar, resolvi transformar-me no artista, deixando na vidraça a frágil arte de um guri que não sabe o que fazer do seu tempo, já que vive não vivendo.

Manoel Soares Magalhães


Texto: Cultive Ler
Imagens: TecnoarkA.F. Balbi