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domingo, 15 de março de 2009
Cidade sombria
No filme Dark City (1998), o protagonista acorda sem memória, numa cidade onde é sempre noite. Aos poucos ele tenta reconstruir seu passado, mas é acusado pelos Estranhos de horríveis crimes. Tenta descobrir por que ali nunca amanhece e por que ele não pode deixar a cidade. A realidade é alterada pelos Estranhos, que podem parar o tempo e fazer surgir edifícios (usa-se a técnica do morphing para a transformação de prédios).
Direção e roteiro são de Alex Projas ("O Corvo" e "Eu, Robô"). É um suspense fantástico e noir, inspirado em Metropolis (Lang, 1927) e Nosferatu (Murnau, 1922). Dark City compartilhou com Armaggedon (1998) o Prêmio Saturno (Saturn Awards) para filmes de ficção científica, entregue posteriormente a The Matrix (1999), X-Men (2000), "Inteligência Artificial" (2001) e outros. No Brasil, o título é "Cidade das Sombras"; em Portugal, ficou como "Cidade Misteriosa".
Há dez anos, a expressão "Dark City" foi usada em nossa cidade para denominar festas góticas. Com sentido crítico e alguma imaginação, seus organizadores e participantes relacionaram a personalidade de Pelotas com o estilo bizarro e depressivo do noir. Dark City era aqui.
Os americanos fazem o mesmo com Nova Iorque, considerada uma cidade dark, como Gotham City - que é uma representação gótica de Nova Iorque. A diferença é que a cidade mais emblemática do mundo logo se refaz e se reinventa, enquanto nós nos identificamos mais com a escuridão e a umidade.
Como contribuição, nosso conterrâneo Vítor Ramil formula a Estética do Frio, que ajuda a entender uma parte da mentalidade pelotense, do ponto de vista da melancolia. É inegável a semelhança entre as imagens do filme e o ar transilvânico do Barão de Satolep (esq.) que não esconde ser uma cruel sátira do efeito europeu em nossa cultura.
Cruel, pois o deboche expulsa do campo cotidiano as criações e costumes mais refinadas. Se não é gay ou afrancesado demais, então parece um vampiro ou uma múmia. Mas o que Pelotas tem de melhor ainda é a cultura, e ela pode recuperar-se, se for uma renovação criativa e não só uma adoração do passado.
Fotos da web, Kinocinema (1), Paul Cook (2)
PUXA ESSE BARÁO DE SATOLEP NAO EH DE SE JOGAR FORA...MAS PELO VISTO DEVE SER GAY...QUE PENA!
ResponderExcluirEle é mais para o lado sombrio mesmo, uma sátira transilvânica dos nobres pelotenses de outras épocas e seus herdeiros sobreviventes.
ResponderExcluirPelotas é uma cidade com características sombrias bem evidentes. Eu já tive a experiência de trafegar pela área do bairro Porto, em madrugada de inverno...sensação muito particular...não de medo. Mas de solidão, de estar em "lugar nenhum". Experimentem, é curioso!
ResponderExcluirSeria como a noite de hoje, úmida e gelada. Não há referências, como num pântano coberto pela neblina. Só se ouve o som da umidade do ar, que é pior que ouvir o sangue correndo nas veias.
ResponderExcluirAlgum dia inventarão o turismo sombrio, de viajar pela escuridão solitária, e Pelotas será uma pioneira.