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sábado, 2 de maio de 2009

A menor calçada do mundo

Na Rua Professor Araújo, ao chegar à Rafael Pinto Bandeira, uma casa avança sobre a calçada. Parece que a construção foi feita primeiro que a urbanização, mas a calçada insiste em mostrar com sua geometria que a casa é que está onde não deveria. E a casa não se move.

Devido a essa confrontação, quem vem pelo lado direito da transversal Pinto Bandeira e dobra ao norte, na contramão dos carros, encontra uma calçada de poucos centímetros (esq.), logo vê uns degraus misteriosos (a primeira porta é "fantasma"; só a segunda existe), até que o espaço para caminhar se reduz aos 10 cm do paralelepídeo do meio-fio (abaixo à dir.).
Como os carros estacionam ali o dia inteiro, os passantes se veem obrigados a caminhar pela rua, contra o intenso trânsito que provém da Fernando Osório e da Pinto Martins.
Nem aqui nem na chamada "curva da morte" há sinaleiras, e no resto da cidade elas estão sendo poupadas. A prefeitura tem investido mais em projetos que asfaltam, para melhoria do movimento de carros, mas deixam para trás o pedestre, que insiste em andar pelas ruas com sua fragilidade, precisando de semáforos para não causar acidentes, às vezes sem olhar para os lados certos e sem respeitar Sua Majestade Automobilística.
Terá esta desordem urbana (casa-calçada-rua) um aspecto perigoso, ou será esta uma curiosidade mais de interesse turístico? Aqui está a calçada mais estreita da cidade, ou até do Estado. Ou será do Brasil? Se fossemos tão obsessivos e competitivos como os norte-americanos, faríamos concursos e medições para achar a nossa campeã.
Sabe-se de ruas e calçadas estreitíssimas, especialmente em cidades europeias, mas aqui em Pelotas temos uma calçada que parece mover-se, num apertamento beligerante contra uma casa inoportuna. Vale também mais de um estudo antropológico sobre a animização e a projeção de conteúdos psicossociais no espaço urbano.
Os moradores não têm a mesma motivação científica. Já tentaram pedir à prefeitura que ampliasse a calçada, mas só obtiveram a promessa de receber os materiais, tendo os vizinhos que contratar a mão-de-obra por sua conta. Ninguém se animou a invadir a rua fazendo uma nova calçada, o que deveria ser função do poder público. Nova confrontação, onde o lado que vai ganhando é o dos técnicos municipais.
Na esquina da Bento Gonçalves com a Santos Dumont, a pizzaria Terraço pôde colocar mesas na calçada após uma recente ampliação da esquina (esq.). A finalidade era limitar o estacionamento, mas ganharam os pedestres e o restaurante.
Se a própria Prefeitura está ampliando calçadas na Rua General Osório (entre Floriano e Sete), por que não fazer na Professor Araújo algo pelo bem dos moradores e passantes?
Fotos de F. A. Vidal.

2 comentários:

  1. Isso é somente falta de civismo do proprietário que avançou sobre área que deveria ceder ao público.
    Toda calçada, apesar do nome "público", é cedência do proprietário e demonstração de cortesia e educação cívica.
    Por "incresça que parível" educação cívica tem à ver com não sonegar impostos, não furar fila e respeitar e cobrar o respeito à todas normas civilizadas, inclusive o código de posturas municipais.

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  2. Ora, esta casa é antiga.
    O proprietário nem sabia que a cidade ia passar por alí.
    Estes pequenos detalhes de uma cidade é que a caracterizam e a tornam diferente das outras.
    Imaginem secar Veneza.
    Alargar as ruas do Pelourinho.
    Deixem a calçada como está ...
    Ela pode ser até atração e compreensão para os mais novos, de que a cidade outrora foi diferente.

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