Ana Batista (esq.) formou-se recentemente como artista plástica na UFPel, e tem usado o gênero performance, pouco conhecido entre nós, como modo de expressão de ideias e de interação provocativa com o público, fora ou dentro das galerias de arte tradicionais.
Em um desses originais desempenhos - ao mesmo tempo simbólicos e concretos - a artista passeou pelas ruas de Pelotas levando uma cadeira, na qual se sentava por momentos e seguia seu caminho.
Em outra ocasião, ela foi conduzida pela cidade por seu namorado, com um colar de cachorro no pescoço.
O performer artístico trabalha com seu corpo de modo teatral, geralmente sem palavras, gerando uma situação inesperada e que faz pensar.
As ações artísticas mais excêntricas, mas com significados de protesto precisos, tiveram ponto alto nos anos 60 e 70, na Europa e América Latina; Lenir de Miranda realizou algumas em Pelotas.
O gênero se presta para mensagens rebeldes e até de violência moral, levando ao nível concreto certos mal-estares e angústias sociais, mas também permite sugerir conteúdos críticos com certa sutileza.
Para o concurso de artes plásticas aberto pelo Instituto João Simões Lopes Neto em 2008, Ana gravou uma performance inspirada no conto "Os cabelos da china" [leia o texto]: cortando uma mecha de si mesma, colocou os cabelos pretos na cabeça de uma Barbie, de cabelos loiros.
Na abertura desta exposição, ela reproduziu o procedimento ante os visitantes, que não entendiam de início a relação da boneca com a literatura. Seu projeto incluía repetir a ação a cada dia da amostra.
O detalhe do corte de cabelos no conto, por parte de um homem, foi simplesmente o ponto de partida para uma elaboração própria e nova, que relaciona o corpo da artista com o "objeto Barbie", símbolo de manipulação cultural da mulher e das nações. Cada observador pode ter sua interpretação e sua reação, interagindo de seu modo com a artista e com o objeto.
Fotos de F. A. Vidal.
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