Trezentas Onças (clique para ler) é um conto de João Simões Lopes Neto, publicado em 1912, no seu livro "Contos Gauchescos". No relato, o personagem perde um saco de moedas de ouro de seu patrão e fala de seu desespero por encontrá-lo (leia uma análise do livro.
Em 2005, o Instituto João Simões Lopes Neto estabeleceu o Prêmio Trezentas Onças, para destacar o trabalho de quem divulga o nome e a obra de Simões, inclusive de quem colabora na recuperação da Casa do escritor. O troféu é uma moeda, reproduzida 299 vezes a partir de uma onça verdadeira, que serviu de modelo.
O projeto consiste em entregar 3 onças cada vez, em premiações anuais. Assim, ao fim de um século, no ano 2106, com 300 colaboradores identificados, a guaiaca estará cheia de valores, e Simões Lopes Neto será um autor conhecido por todo o mundo.
O primeiro premiado, Bernardo de Souza, recebeu o modelo original, em 2006. O ex-prefeito era deputado estadual quando movimentou a criação do Instituto como uma entidade de interesse público. Ele foi o que primeiro e mais acreditou no futuro desta Casa, motivação que se transmitiu a muitas pessoas mais "realistas". Sabe-se que hoje os pelotenses nem sempre são muito otimistas quando se trata de progresso cultural ou de valorização histórica; nosso patrimônio se conserva com ajudas externas.
Como a condecoração inicial foi unitária, rompeu-se a simetria do número 3. Portanto, uma das seguintes premiações teria que destacar somente dois nomes. Pensou-se que fosse a seguinte, mas até hoje elas continuam o mesmo ritmo ternário. Quem sabe, nestes 97 anos se decida adiantar o fim do prêmio para 2105, pois nesse momento se cumprirão 240 anos do Capitão (nascido em 1865).
Em 2007 homenagearam-se três simonianos: Luiz Fernando Cirne Lima (veja biografia), Beatriz Araújo e Mozart Victor Russomano.
Em 2008, foi a vez do artista e pesquisador Mário Mattos (pintor da aquarela à direita), o escritor Flávio Loureiro Chaves e o advogado Paulo Charqueiro (por uma oportuna ação judicial, ele salvou a casa de Simões de ser demolida, quando tinha sido comprada por Theo Bonow e este decidira fazer ali um condomínio).
Os escolhidos para as três onças de 2009 foram: a ex-presidente do Instituto, professora Paula Schild Mascarenhas (Pelotas, 1970), o jornalista e político Antônio Hohlfeldt (Porto Alegre, 1948) e o escritor Aldyr Garcia Schlee (Jaguarão, 1934). Cada um deles já realizou importantes trabalhos de difusão da obra de Simões Lopes Neto.
A cerimônia se realizou no auditório Carlos Reverbel, na sexta 3 de julho, sob a coordenação do atual presidente, jornalista Henrique Pires. Os premiados agradeceram com emotivas palavras, e confraternizaram com amigos e familiares.
O que na Casa chamam "maldição de Simões às avessas" é um círculo de realizações bem-sucedidas (como este projeto e todas as outras atividades), ao contrário dos vários fracassos empresariais do comerciante e do escritor, não reconhecido em vida.
Paula estava com sua mãe Maria Helena e os irmãos Luiz Octávio e Fernanda (à esquerda).
Schlee (dir.) veio com a esposa Marlene, os filhos Aldyr e Sylvia, e as netas Helena e Ana Carolina (no colo). Na foto não apareceu Aldyr Filho.
Hohlfeldt veio de Porto Alegre, sem familiares (abaixo, com Henrique Pires).
Sobre a palavra "simoniano", é preciso anotar que os devotos pesquisadores de Simões a grafam com "e" em vez de "i" como vogal de ligação, divorciando-se do acostumado na língua portuguesa. Dizem eles que pretendem evitar a associação com a palavra "simonia", de sentido pejorativo, derivada do nome Simão (mas para isso já existe "simoníaco"). Outra razão, não tão rebuscada, é que Simões já tem um "e", que poderia manter-se no adjetivo.
Em qualquer caso, aí está outra causa possível dos simonianos: instaurar no dicionário a palavra "simoneano".
Fotos de F. A. Vidal (4-7), IJSLN (1), AL-RS (2) e UCPel (3).
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