Na origem, a arte criativa é uma brincadeira, um jogo mais ou menos ordenado, que como todo elemento da cultura precisa renovar-se e em parte conservar-se. Há quem prefira levá-la a sério, mas sempre o artista está rompendo com algo da tradição: divertindo-se ele e incomodando alguém - um pouco de cada coisa.
Hoje formados como artistas, Eloir Oliveira da Silva e Beatriz Saalfeld fizeram, na época, uma colagem audiovisual de meios e gêneros, imagens próprias e tiradas da internet, para transmitir uma mensagem só, mais ou menos esta: "Relaxa e te diverte, que a arte é uma brincadeira". Como diz a citação final, de outra canção popular:
Tudo é questão de manter a alma quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo.
Desmaterializando a obra de arte no fim do milênio,
Faço um quadro com moléculas de hidrogênio,
Fios de pentelho de um velho armênio,
Cuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta.
Meu conceito parece, à primeira vista,
Um barrococó figurativo neoexpressionista,
Com pitadas de arte nouveau pós-surrealista,
Calcado da revalorização da natureza-morta.
Minha mãe certa vez disse-me um dia,
Vendo minha obra exposta na galeria:
"Meu filho, isso é mais estranho que o cu da jia
E muito mais feio que um hipopótamo insone".
Pra entender um trabalho tão moderno
É preciso: ler o Segundo Caderno,
Calcular o produto bruto interno,
Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone.
Rodopiando na fúria do ciclone,
Reinvento o céu e o inferno.
Minha mãe não entendeu o subtexto
Da arte desmaterializada no presente contexto.
Reciclando o lixo lá do cesto,
Chego a um resultado estético bacana.
Com a graça de Deus e Basquiat,
Nova Iorque, me espere que eu vou já.
Picharei com dendê de vatapá
Uma psicodélica baiana.
Misturarei anáguas de viúva
Com tampinhas de Pepsi e Fanta Uva,
Um penico com água da última chuva,
Ampolas de injeção de penicilina.
Desmaterializando a matéria,
Com a arte pulsando na artéria,
Boto fogo no gelo da Sibéria!
Faço até cair neve em Teresina!
Com o clarão do raio da silibrina,
Desintegro o poder da bactéria!
Faço um quadro com moléculas de hidrogênio,
Fios de pentelho de um velho armênio,
Cuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta.
Meu conceito parece, à primeira vista,
Um barrococó figurativo neoexpressionista,
Com pitadas de arte nouveau pós-surrealista,
Calcado da revalorização da natureza-morta.
Minha mãe certa vez disse-me um dia,
Vendo minha obra exposta na galeria:
"Meu filho, isso é mais estranho que o cu da jia
E muito mais feio que um hipopótamo insone".
Pra entender um trabalho tão moderno
É preciso: ler o Segundo Caderno,
Calcular o produto bruto interno,
Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone.
Rodopiando na fúria do ciclone,
Reinvento o céu e o inferno.
Minha mãe não entendeu o subtexto
Da arte desmaterializada no presente contexto.
Reciclando o lixo lá do cesto,
Chego a um resultado estético bacana.
Com a graça de Deus e Basquiat,
Nova Iorque, me espere que eu vou já.
Picharei com dendê de vatapá
Uma psicodélica baiana.
Misturarei anáguas de viúva
Com tampinhas de Pepsi e Fanta Uva,
Um penico com água da última chuva,
Ampolas de injeção de penicilina.
Desmaterializando a matéria,
Com a arte pulsando na artéria,
Boto fogo no gelo da Sibéria!
Faço até cair neve em Teresina!
Com o clarão do raio da silibrina,
Desintegro o poder da bactéria!
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