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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Leopoldo Plentz inclui Pelotas na "Fronteira Sul"

Melo, Uruguai (L. Plentz, 2004)
Na jornada que se denominou Noite Branca, em 5 de dezembro passado, uma exposição de fotografias aproximou-se bastante, conceitualmente, ao sentido de complementar o lançamento do livro "Os limites do impossível – contos gardelianos".

A série "Fronteira Sul", concebida por Leopoldo Plentz em 2004 e exposta em Porto Alegre em setembro e outubro de 2009 (esq.), foi aberta no Instituto Simões Lopes Neto uma hora antes da sessão de autógrafos e permanece aberta à visitação até 27 de dezembro próximo.

Plentz costuma pesquisar imagens no contexto urbano, mostrando uma ótica interessante. Em uma dezena de imagens, ele apresenta seu olhar sobre Uruguai, Argentina e Brasil, nas cidades de fronteira e em capitais, buscando uma identidade comum aos gaúchos no sentido geográfico e "geológico", como ele diz (leia nota).

A visão do fotógrafo, registrada em anos recentes, se completa bem com as situações da literatura de Schlee, especialmente neste último texto, ambientado em San Fructuoso, hoje cidade de Tacuarembó.

Leopoldo Plentz
A época, no entanto, é distante de nós 120 anos, e estas fotografias vêm fazer uma ponte, registrando no hoje elementos que são perenes. Essa visão tem algo de holográfico, na medida em que mostra no detalhe uma característica global.

Vistas em Pelotas, as imagens de outras cidades platinas nos fazem tomar consciência desses aspectos do todo escondidos nos detalhes não percebidos.

A foto tomada em Pelotas – "Coca-Cola", Quinze com Tiradentes – registra uma esquina vazia de pessoas e ações, mas cheia de história, o antigo posto de gasolina defronte ao Mercado, hoje Paulinho Loterias.

A renovação dos espaços urbanos ocorre muitas vezes conservando elementos bem antigos, não como nas modernas construções, que destroem tudo o que havia antes.

Aceguá, Uruguai (L. Plentz, 2004)
Aldyr Garcia Schlee reconheceu nestas fotografias o sentido de sua literatura e de sua percepção de fronteira:

Nasci no lado brasileiro do Jaguarão, mais precisamente no lado de cá do rio, na cidade de Jaguarão, diante da cidade uruguaia de Rio Branco, que fica do lado de lá.
Por que aqueles dois mundos tão próximos e tão separados, apesar da majestosa ponte que os unia e das falas diferentes que os distinguiam? Como explicar tudo aquilo, que poderia ser tão simples e tão igual, sendo tudo a mesma gente, sem a linha divisória, numa terra só?
Aprendi, então, a olhar para o outro como quem se vê num espelho. E descobri que, na fronteira, nós não somos nós, apenas; somos nosotros, nós outros, nos outros. E percebo que essa é a grande lição da fronteira, justificando todos os seus mistérios e toda a sua magia (leia todo o texto).
Melo, Uruguai (L. Plentz, 2004)
Imagens da web

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