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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Estampas hidráulicas, de Gracia Casaretto

Gracia Casaretto Calderón apresentou a uma centena e meia de pessoas o resultado de seu projeto prático de pesquisa no curso de Design Gráfico: estampas de roupa para o verão, estilizadas sobre o conceito dos ladrilhos hidráulicos, que tipicamente cobrem as calçadas em nossa cidade (veja o projeto).

A jovem pelotense investigou sobre a fabricação dos ladrilhos na Fábrica de Mosaicos, e desenhou umas 40 peças, que foram exibidas em público de uma forma original para um artista plástico: num desfile de moda, com modelos vestindo as criações.
Os mosaicos de piso ou "tijoletas", como as conhecemos em Pelotas, são hidráulicas por seu método de fabricação, cuidadoso e demorado, feito por pressão de água.
Além de desenhar as estampas ao modo dos ladrilhos - detalhe que não foi percebido pelo público - e logo mostrá-las como uma criação de moda, Gracia acrescentou a seu trabalho mais um toque pessoal ao organizar o grupo de modelos, colegas e amigos seus - entre eles sua irmã Papola (1ª foto acima) - que aceitaram vestir as roupas e desfilar com elas.
Essa ação unitária transmitiu um sentido de ousadia, amizade e sintonia grupal, revelando as capacidades de planejamento e gestão social da artista.
Os vinte jovens, homens e mulheres, desfilaram descalços, dando a cada roupa seus movimentos e atitudes pessoais, sorrindo ou sérios, relaxados ou levemente tensos, alguns mostrando que era sua primeira vez na passarela, outros parecendo profissionais.
A rapidez da apresentação sugeria um caráter de pressa (havia começado 40 minutos depois da hora, mas esse não seria um motivo para terminar em somente 30 minutos). O público estava deliciado e teria ficado mais uns minutos, mesmo com a luz natural diminuindo, para apreciar bem as cores e formas dos desenhos - afinal, esse era ou devia ser o centro das atenções.
Seguindo o estilo dos criadores de roupas, Gracia saiu no final e foi aplaudida e ovacionada (esq. e abaixo). Com mérito, pois estava integrando talentos como autora gráfica, diretora de produto, coordenadora cênica e preparadora da equipe humana. E ainda poderia ter sido uma das modelos, pois tem a figura esbelta e a elegância segura dos movimentos.
De família artística, ela também pinta, desenha (veja criações) e fotografa (veja Flickr). Mas seu centro está no desenho gráfico (cartazes, cartões de visita, logos, convites, infográficos, peças publicitárias).
A julgar pela idade dos modelos, poderia pensar-se que as roupas foram concebidas somente para jovens, mas esse detalhe somente se derivou do modo de conformar a equipe. Se houver um próximo desfile destas estampas, uma parte de crianças e uma de adultos mais maduros permitirá explorar as grandes potencialidades desta ideia.
Um lugar com mais natureza - ou com ladrilhos - também ajudará a valorizar o sentido urbano deste conceito milenar, e tão característico de Pelotas.
Fotos de F. A. Vidal (1-5 e 7) e Rafael Takaki (6)

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