Nely Rodeghiero volta ao Corredor Arte com suas inovadoras ideias. Se em 2009 trouxe pintura em telhas (veja a nota), agora suas imagens de Pelotas são feitas em discos de vinil transformados em relógios.
A mostra inclui 27 discos pintados (que são também relógios a pilha) e 8 quadros abstratos à base de tinta acrílica, todos à venda por preços populares (abaixo de R$70). A visitação pode ser feita até esta quarta (12).
Artesã e recicladora, Nely trabalha com materiais descartados - como telhas, vidros, espelhos e potes - e produz com grande agilidade mais de uma obra por dia.
Além disso, ajuda a valorizar o patrimônio de Pelotas, ao divulgar lugares e construções da zona urbana e rural. Nos últimos 12 anos, quando começou a dedicar-se à arte como forma de superar uma depressão, suas obras já foram expostas em clubes, escolas, galerias e universidades.
O casarão da família Mendonça (acima), na Gonçalves Chaves com Sete de Setembro, hoje em ruínas, ficou gravado num destes discos visuais, assim como o Casarão nº 6, a Olaria São Domingos, a entrada da Associação Rural, a fachada do Diário Popular, o Paço Municipal, a cervejaria Brahma e vários outros. Esses ambientes, que na verdade são lembranças da pintora e dos espectadores, vieram encher o espaço estreito do Corredor Arte de vida e amplitude.
Mesmo não tendo um acabamento minucioso, as obras de Nely não deixam de ter sentido poético, pelas ideias que as originaram e seguem nelas contidas. Se algum dia os elepês contiveram música, as capas de tinta lhes dão maior rigidez e logo adquirem formas e cores de lembranças visuais.
Algumas delas podem ter conexões sonoras, como os "Dançarinos" ou o "Caminho das Águas", enquanto outros aludem ao silêncio que nenhuma gravação poderia registrar, como a paz do santuário de Guadalupe ou do Trapiche do Valverde (esq.).
Todas essas imagens agora vão registrar a passagem do tempo, com seus ponteiros que deixam mais espaço livre à imaginação. Do velho disco, a artista somente deixou vigente o formato circular.
Como se fosse pouco produzir tantas ideias e objetos, a artista traz também pinturas sem título, que contrastam com a simplicidade ingênua das imagens figurativas. Do registro visual de lugares cotidianos e históricos, Nely passa à elaboração abstrata, com poucas linhas e poucas cores, como se não tivesse um ponto de vista determinado.
Um deles, no entanto, mediante formas que lembram edifícios de uma grande urbe (esq.), parece falar das outras pinturas. A boa distância dessas imagens concretas, esta segunda visão sugere que a cidade está no espírito interno da artista, a brotar de seu pensamento espontâneo.
Do mesmo modo, é possível pressentir que as pinturas à base de cores, sem formas claras, se referem a sensações pessoais ante a natureza e o meio rural. Mais especialmente, de acordo ao testemunho dela, à sensação de estar viva e poder perceber o mundo à sua volta com esperança.
Com esta exposição, o Corredor Arte abriu um caderno de registro (dir.), que permite estimar o número de visitantes e guardar algumas apreciações.
Fotos: Corredor Arte (1-2, 4-5) e F. A. Vidal (3, 6)
Desde o primeiro momento que vi suas obras fiquei impressionado com tamanho talento e criatividade,com sua maneira original de pintar. Pintura expontânea, pinceladas fortes, ora pastel, ora agressiva, digna de ser admirada por várias horas. Uma verdadeira aula de pintura de uma grande mestra e "ARTEIRA"(como a senhora se intitula).
ResponderExcluirSinceramente parabéns e saiba que é uma honra conhecer e conviver com pessoa de tamanho quilate. Te adoro sogrinha!