Num artigo especial para este blogue, o cronista Rubens Amador recorda que há 70 anos já se vinha buscando petróleo na região, com fundadas esperanças, e não se tratava de análises teóricas, mas de perfurações com os métodos existentes naquele tempo (veja histórico da exploração de petróleo no Brasil).
Em 1939, o empresário gaúcho Curt Rheingantz foi autorizado por Getúlio Vargas a buscar petróleo (veja decreto presidencial de 1941); na época, somente os particulares o faziam, inclusive multinacionais. No entanto, o mesmo Getúlio criou, na segunda gestão, uma empresa estatal para esse fim, deixando todo o trabalho parado na Zona Sul e toda a esperança arquivada... até hoje. (Veja os textos de Rubens Amador).
Diz o velho aforismo: “Onde há fumaça, há fogo!” Quero prestar com este artigo uma justa homenagem, talvez a primeira, que lembrará o nome de um antigo lourenciano de nascimento — mas pelotense de coração — e que foi grande comerciante, de iniciativas várias.
No setor de olaria em grande escala, produzia derivados, como fossas, telhas, tijolos, manilhas etc. Depois foi um dos nossos maiores lojistas, com ferragens e afins, como a famosa Ferragem Rheingantz. Foi criador e proprietário de uma das maiores fábricas de chapéus de nosso Estado, a Fábrica de Chapéus Rheingantz, quando este acessório era usado por todos os cavalheiros, fossem ricos ou pobres. Foi um grande empregador em todas as suas iniciativas, e a Pelotas de então desfrutava de um grande parque econômico, e que esse empreendedor nato, foi um dos maiores, por justiça.
Pois foi esse senhor, chamado Curt Guilherme Rheingantz, cuja amizade tive o privilégio de desfrutar por mais de vinte anos. Até quando, em avançada idade, se viu impossibilitado de se locomover, o visitamos até seus últimos dias, pois eu e minha esposa, todos os sábados pela tarde, éramos muito bem recebidos por ele e sua esposa, Dona Maria Mourgues Rheingantz, igualmente já falecida.
Mas o que desejo enfatizar neste trabalho é o seu pioneirismo também no setor de petróleo. Pois este grande cidadão brasileiro, há muitos anos, pesquisou e executou várias perfurações como pioneiro, em busca do precioso ouro negro, acreditando — e ignoro em que se baseou — na existência de petróleo em nossa região. Despendeu avultada importância nesse propósito.
É certo que na época os equipamentos não tinham a tecnologia de hoje, mas sei – contado por ele mesmo – que executou inúmeras perfurações importantes lá em Arroio Grande, nas margens da Lagoa Mirim, próximo ao farol da Ponta Alegre. Ali ele conseguiu, associado a um cidadão alemão (de nome Von Delreid ou algo assim), que era gerente da secção de ferros da Bromberg (outra forte empresa que deixou Pelotas), perfurar até a profundidade de 1200 metros! Por meses eles trabalharam ali, com um locomóvel (foto) importado da Alemanha gerando energia para o empreendimento.
Quando a terra começou a sair de forma oleaginosa e o contentamento de todos aumentava, surge um decreto de Getúlio Vargas (Lei 2004, de 1953), proibindo a qualquer entidade particular pesquisar nosso solo em busca de petróleo, que passava a ser exclusividade da então novel Petrobrás. Curt Rheingantz e seu companheiro deixaram, com muito dinheiro e tristeza, ali sepultado – com 1200 metros de cano até hoje enterrado na região – o sonho de ambos.
Mas uma coisa ele jamais abandonou – disse-me – da certeza de que em nossa região havia petróleo! Descendente de alemães, chego até a pensar que algum estudioso do assunto dessa origem racial tenho lhe descrito camadas de solo nosso, que seriam dotados de petróleo.
Tudo isto me veio à lembrança neste sábado, ao deparar-me com manchete de capa do Correio do Povo, o meu jornal, dizendo: Petrobras anuncia indícios de petróleo na costa gaúcha. E logo abaixo: “A Petrobras confirmou ontem a possibilidade da existência de petróleo e gás natural na Bacia Pelotas. (...) A estatal também começa a analisar a possibilidade de instalar sua base de operações em Pelotas”.
Como disse no começo: “Onde há fumaça, há fogo!”. O pioneirismo desse sonho talvez muito bem embasado, não esqueçamos, pertence ao cidadão Curt Guilherme Rheingantz, grande empresário e desbravador, nosso compatriota, de operosa existência. Que lhe façamos justiça. Este cronista pretende lembrá-lo, pois é mais do que merecedor, pelo que fez e sonhou para Pelotas e região.
Consulte a fonte da 1ª foto
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