Como se o graffiti já não fosse uma arte brincalhona, o grafiteiro fez duas autoalusões bem-humoradas: pintou-se a si mesmo(a) em posição enamorada e escreveu uma legenda com toque de ironia: "Vandalismo com Estilo". A pintura se encontra no portão do estacionamento da Odontologia, com entrada pela Félix da Cunha.
Foto de F. A. Vidal
Sou contra pichar casas, muros... Depredar monumentos - seja de que forma for. Entretanto, Os grafiteiros, desde que se utilizem de locais próprios, são necessários, pois expressam com arte e sensibilidade a forma como enxergam a sociedade contemporânea. Considero-os exímios cronistas, cuja "escrita" colorida desafia o olhar da cidade que corre em todas as direções, perplexa e atônita, incapaz de enfrentar profunda e duramente suas mazelas. O grafite faz isso de forma poética, arrancando máscaras, desnudando almas. Um belo trabalho, sem dúvida. Sou fã incondicional do grafite.
ResponderExcluirSeguiremos mostrando mais "grafites", a arte efêmera dos murais urbanos.
ResponderExcluirNão me surpreende a posição de Manoel Magalhães. Seu estilo literário ácido tem tdo a ver com o que pensa. É um autor corajoso. Parabéns pelo post. Esperamos mais, sim.
ResponderExcluirBaixaria achar que este tipo de coisa é arte. Pelo amor de Deus?!
ResponderExcluirDependendo do lugar, essas pinturas são umas gracinhas.
ResponderExcluirApreciada a coragem do escritor Manoel Magalhães, posicionando-se como fã dos grafites. Li tempos atrás no Amigos de Pelotas uma crônica de sua autoria falando sobre este universo estético, que é uma maravilha. Parabéns ao Vidal por este pequeno, instigante e precioso post, que provoca enjoos nos conservadores.
ResponderExcluirNão vejo nada de corajoso em incentivar pichadores. Manoel Magalhães deveria revisar seus valores.
ResponderExcluirVou dar meu pitaco... O escritor não está incentivando a pichachão. Pelo contrário, anônimo das 18:35. No início de sua nota ele se manifesta contrário à prática. Percebo em seu texto uma pessoa perfeitamente integrada ao seu tempo, analisando com profundidade as estéticas contemporâneas. Não costumo me manifestar, mas achei demais a opinião deste anômimo.
ResponderExcluirSussara Freita - Pelotas
Os rabiscos (em italiano se diz graffiti) são da época das cavernas, estiveram de moda no Império Romano e até Picasso deu para rabiscar (só que não nas paredes da rua).
ResponderExcluirA grafitagem na rua é uma fresta social onde se veem coisas inesperadas, e ainda assim profundamente humanas e reveladoras. Começa como uma simples infração à ordem pública, mas pode ser uma expressão mais elaborada.
Pelo menos as pinturas, se incomodarem muito, podem ser apagadas, como os desenhos na areia ou os rabiscos nas cavernas. São frestas no espaço e no tempo.
Este fim de semana leremos a crônica de Manoel Magalhães sobre o grafite urbano.
Não aceitarei que me empurrem garganta abaixo que grafite é arte. Anônimo das 18:35
ResponderExcluirDeixa de ser ranhento, anônimo das 18:35. Quem tem que repensar valores é você.
ResponderExcluirSussara Freitas
Vamos incluir na discussão os diversos argumentos. Coisas absolutamente certas eram empurradas e engolidas em outras épocas. Hoje nós observamos, pensamos e até repensamos.
ResponderExcluirSejam rabiscos ou expressões até próximas ao lixo, as mensagens estão escondidas atrás das aparências. Fleming descobriu a penicilina vasculhando detritos.
Graffiti (pichação agressiva ou grafitagem poética) pode ter muitos elementos políticos, e examinamos todas as mensagens e estilos, não somente pelos critérios tradicionais das belas-artes.
O blogue quer mapear o que existe por aqui, mesmo as expressões efêmeras e rupturistas, e não somente o que a elite aprova. Com certeza vamos gostar mais das pinturas coloridas (equivalentes à arte) do que dos riscos intencionalmente feios (equivalentes a uma defecação para marca território). Mas vamos tentar ver a diferença e interpretar os significados, sem aprovar nem reprovar a priori.
Elogiável tua posição, Francisco. Acho que o debate vai esquentar. Esperamos manifestação de Magalhães a respeito da discussão.
ResponderExcluirOportuníssimo post. Fico com as suas, Francisco Vidal, e com a posição do escritor - claro que também com a visão de alguns comentaristas. Inegável que a leitura dos grafites - e também pichações - precisam ser compreendidas. Meio ao caos urbano as interferências, como bem diz Magalhães, são leituras necessárias para a compreensão da vida atual. Irei acompanhando a polêmica.
ResponderExcluirOtávio - Capão do Leão
Então tá. Amanhece e tua casa tá pintada, inclusive a porta. Como vais reagir diante desta "arte"?
ResponderExcluirPô, como tem gente ignorante!!!! o articulista faz perfeitamente a distinção entre pichação e grafite. Aproveite para ler o artigo publicado hoje, anônimo das 07:51!!!!
ResponderExcluirAinda não entendi se o anônimo debatedor faz a diferença entre rabiscos e pinturas. Parece que quer frisar a importância da ética, por sobre o conteúdo da grafitagem.
ResponderExcluirEntão, se a tua casa amanheceu pintada de figuras coloridas contra tua vontade, eu diria que o grafiteiro não agiu com ética artística; só quis fazer um protesto político, mesmo que não partidário. Um ato de rebeldia social.
Em política, essas manifestações são consideradas pacíficas (não agressivas), pois não há pessoas feridas nem destruição de patrimônio, apesar do incômodo e do preço do solvente para apagar a pichação.
Eu diria que houve agressão moral, e o grafiteiro deveria responder pelo seu ato, que feriu a cidadania. O problema é que não há lei contra pichadores de patrimônio privado (só público), e mesmo que houvesse não poderia cumprir-se. Raríssimamente se castiga um pichador de monumentos.
Quem anda na rua não lembra que existem territórios totalmente públicos, como a rua e a calçada, e territórios privados, como a parede da tua casa. Mas como a parede está do lado de fora, tu te expões a que ela seja "maltratada", seja por pichadores-pintores, por animais urinadores, por carros que se acidentam ou por carnavalescos diversos.
Antigamente, quando a droga preferida era o álcool, eram os mascarados que faziam travessuras e só no carnaval; não contentes em se mascarar nos bailes, andavam pelas ruas anônimos, ou quase, tentando provocar os cidadãos mais tranquilos e conservadores.
Agora, se tu não gostaste da figura pintada na tua porta, é outra questão. Cabe-te como cidadão limpar a parede e fazer uma denúncia pública, pois já não é um problema exclusivamente teu. Foi ferido o respeito da convivência democrática.
Há mais debate no post que saiu hoje.
Vandalismo não pode ser confundido com arte, senhor Vidal. Quem escreve é o anônimo 07:51.
ResponderExcluirPois é, o vandalismo são ações agressivas justamente contra a arte e contra o patrimônio em geral (deixar marcas indeléveis ou furtar pedaços).
ResponderExcluirMas não é tão preto ou branco, pode haver formas intermediárias.
Há destruição física e destruição simbólica. Há agressões morais. São vandalismo? E há formas de expressão hoje, que os próprios artistas discutem se aceitar ou não como arte.
Senhor Vidal, uma coisa é discutir questões estéticas, outra coisa é falar a respeito de intervenções no espaço público, muitas vezes agressiva.
ResponderExcluirJá que deseja separar, teríamos por um lado as intervenções urbanas, desde as mais agressivas às mais inofensivas, e por outro as obras artísticas, localizadas em lugares apropriados para exposição, estudo e apreciação. Mas essa é uma definição clássica, não mais válida no século XXI.
ResponderExcluirHoje há artistas fazendo intervenções urbanas, aparentemente pacíficas mas que questionam conceitos e mentalidades, e por certo incomodam a parte da sociedade que quer conservar todos os valores como sempre foram.
O espaço público está em constante mudança, e não é sagrado nem imutável. Antes, é algo a ser construído coletivamente. Os proprietários e o governo deixam prédios em ruínas, e lá vão os questionadores fazer uma intervenção, para mexer com a sociedade. São os artistas de hoje. Antigamente eles também incomodavam, mesmo dentro das galerias e salas de concerto.
Todo artista propõe um questionamento, uma pergunta que a sociedade não sabe ou não quer responder nem abordar. Portanto, as intervenções urbanas, pacíficas ou não, têm uma característica própria da arte.
No entanto, aqui eu a considero como uma função artística ou um gênero novo, até um gênero menor (como as esculturas de areia, que são efêmeras e espontâneas, mas ocupam um espaço público), mais do que como uma disciplina ou algo que possa ficar nas galerias.
É claro que isso é para ser debatido; a intervenção urbana é muito mais poderosa, pois mexe com habitação, convivência, construção, estética, sociedade, filosofia.
Muito diferente é dizer: "Isso eu acho muito feio, portanto não é arte". Aí o debate ficou anulado e a evolução se paralisa.