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sábado, 5 de fevereiro de 2011

Padroeira de navegantes, Rainha do mar

A religiosidade popular confunde divindades e costumes rituais de origens diferentes. No caso de Nossa Senhora dos Navegantes, o costume de fazer procissão pelas águas chegou com os portugueses, no início do século XVIII, e no Brasil juntou-se às religiões africanas. Na Bahia, a equivalência católica é com Bom Jesus dos Navegantes e Nossa Senhora da Boa Viagem; no Paraná, a padroeira é Nossa Senhora do Rocio; em outros lugares, a denominação é "da Boa Esperança".
Cada 2 de fevereiro, em Porto Alegre e no litoral do Rio Grande do Sul, os católicos caminham e navegam com a imagem de um templo a outro, e os africanistas fazem oferendas diretamente nas águas a Iemanjá (o que não impede que alguns de um lado participem da festa do outro).

São tantas as semelhanças entre uma Orixá que preside o mar e uma Senhora que protege navios e pescadores que é mais difícil pensá-las como duas separadas do que como uma única figura com duas manifestações. Estudiosos da cultura encontram nelas uma só percepção da Mãe arquetípica, com traços divinos de amor e onipotência.

Além dessa duplicidade que se dilui no sincretismo, é maravilhoso ver como a romaria se conserva ou se transforma segundo seja terrestre ou aquática. Todos somos caminhantes/navegantes e temos a esperança de que a boa viagem não seja interrompida e sim aproveitada, como a vida deveria estar protegida de angústias. Essa esperança fica depositada na figura da Boa Mãe, o lado feminino de Deus.
Fotos de Norma Alves

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