Com sua ampla experiência em arranjos musicais e pesquisa musicológica, Pedro e Isabel conceberam um pequeno mosaico de canções hispano-americanas, com representação de diversas épocas e países, desde o repertório tradicional de tangos (década de 1920) até as mais recentes canções de autor, como as do uruguaio Jorge Drexler e seu contemporâneo argentino Fito Páez.
As músicas foram praticamente reconstruídas por e para este duo de voz e violão (sendo que Pedro também canta). O público poderá apreciar a riqueza violonística dos arranjos, em união a uma expressividade da emoção contida em cada letra. A impressionante figura de Isabel desperta admiração de homens e mulheres, e sua voz toca as almas mediante um timbre aveludado e uma expressão intimista.
Como gaúchos de área platina, ambos dominam perfeitamente o espanhol, de modo que somente falantes nativos dessa língua poderiam distinguir resquícios de sotaque brasileiro. Um aspecto crítico de tipo técnico pode referir-se ao manejo da respiração estando sentados (é costume em grupos de flamenco, mas não no tango) e a mínima expressão corporal da cantora (a notar-se mais nos olhos e lábios).
O projeto tem uma proposta educativa, musicológica e sociocultural, pois - além do efeito emocional das músicas - traz explicações sobre as letras e seus significados, unifica as canções a seu contexto latino-americano e estimula a aproximação entre as nações. O programa traz no bojo a sugestão implícita de ser levado a outras cidades do Brasil e especialmente da fronteira.
Naquela noite de dezembro, Pedro abriu a apresentação tocando em solo instrumental Adiós, Nonino (Piazzolla). No primeiro bloco de canções, Isabel interpretou: Lo feo (Teresita Fernández), Y Mariana (Silvio Rodríguez), Fina estampa (Chabuca Granda), Mano a mano (Gardel/Razzano), Sur (Troilo/Manzi), Un vestido y un amor (Fito Páez) e a milonga Silueta porteña.
A cantora fez um intervalo enquanto o versátil Pedro cantava Plegaria a un labrador (Victor Jara) e Cuesta abajo (Gardel/Le Pera). Isabel voltou com: Como dos extraños (Contursi/Laurenz), Milonga del moro judío (Drexler), Malena (Demare/Manzi), Alfonsina y el mar (Ramírez/Luna) e Volver (Gardel/Le Pera). O inibido público daquela noite não pediu bis, mas a intérprete ofereceu uma surpresa, fora do repertório americano: uma feminina e carinhosa versão de I will (Lennon/McCartney).
Neste show do Sete ao Entardecer, às 18h30, a dupla refará este programa, somente trocando a música do chileno Victor Jara por outras duas: a chacarera La olvidada (Hermanos Díaz/A.Yupanqui) e o tango Bandoneón arrabalero (Deambroggio/Contursi), que ficou conhecido na voz de Gardel (ouça no clip abaixo).
Fotos de F. A. Vidal
gracias pelo apoio à divulgaçao, caro amigo! estivestes ontem?
ResponderExcluirabraço!
Isabel, não pude ir por estar fora da cidade, mas o distinto leitor Francisco Moraes me pediu que te transmitisse os seus cumprimentos.
ResponderExcluirah, obrigada! foi bem melhor! ja verifiquei alguns pontos a melhorar que comentastes e ja trabalhamos!
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