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sexta-feira, 22 de abril de 2011

A eterna violência humana (crônica)

O cronista Rubens Amador traz um texto atual, em que interpreta nossa natureza e nosso futuro, à luz dos fatos históricos do último século.

Caim matou Abel, num ato de violência. David atingiu Golias noutro ato desses. Dos hunos, bárbaros antigos, até os nazistas, bárbaros modernos, este pequeno globo em que vivemos nunca teve uma paz duradoura. Conhecemos os kamikazes, armas humanas em que com o próprio corpo se tornavam petardos, levados pela intolerância mesclada com o fanatismo. Não faz muito tempo que estiveram na ativa, esses pobres homens. Pearl Harbor foi seu palco e sua finalização daquela prática.

Depois, em dose gigantesca, vieram Hiroshima e Nagasaki, o superlativo da violência, em que não foram respeitados crianças, velhos, civis, em sua maioria amainando a terra naquele momento do cogumelo.

Foi esta a violência mestra, que haverá de marcar para sempre o lado negro da humanidade. Os japoneses praticavam a violência convencional, como os seus inimigos, até as bombas, sem jamais pensarem que a ciência poderia causar uma hecatombe contra seu povo, como aquela que até hoje ainda medica vítimas dela.

Hoje, por inabilidade de governantes e intrigas entre os muçulmanos, divididos em religiões diversas em cada tribo, os fundamentalistas terroristas (“arma” difícil de combater) são o novo fulcro que se instala, e que, pior do que os kamikazes, estão se imolando e levando consigo dezenas de inocentes. Fanáticos, foram capazes de causarem o 11 de setembro, de triste memória.

Não esqueçamos das duas guerras mundiais, outro indicativo de que o homem é um ser violento e agressivo, capaz de, entre uma sinfonia e uma ópera, construir foguetes capazes de destruir uma cidade. E lembremos que os gases venenosos estiveram em evidência na Segunda Guerra Mundial. Todos nós lembramos as máscaras contra gases, que a cada sirene que tocava, crianças e cidadãos as colocavam. Mas, quando os dois lados se deram conta de que cada um poderia usar do mesmo processo, cessaram; num átimo de bom senso ante o ensandecimento de que estavam possuídos, sob a tutela da Convenção de Genebra.

Desde menino que eu ouço falar no “perigo amarelo” (Yellow Peril), referindo-se aos chineses, que talvez por terem descoberto a pólvora, sempre foram um povo temido, que procuraram manter sob a incultura e o servilismo. Os ingleses – que os dominavam – tinham à porta de seus clubes sociais um letreiro: "Proibida a entrada de chineses e cachorros." A vitória de Mao Tsé-Tung teve muito a ver com este passado de injustiças sofridas por seu povo, em mãos dos estrangeiros. Expulsaram-nos, e exerceram a violência de forma inaudita, até que as gerações posteriores se deram conta de era preciso uma forma de convivência, para saírem da miséria em que se encontravam, com seus bilhões de habitantes para alimentarem.

Hoje os chineses se tornaram polidos e espertos. Mas eu acho que ainda são o “perigo amarelo” de que ouvi falar desde criança. Será o comércio, mais uma vez, que desencadeará a nova guerra que todos nós sentimos no ar. Tem sido quase sempre a economia o pano de fundo das guerras.

Pelo meu modo de ver, estamos caindo na armadilha dos amarelos, pois, enquanto eles compram aos demais matérias-primas importantes, como o ferro, o manganês, e outras matérias estratégicas, ficamos a importar quinquilharias copiadas, de má qualidade, mas muito baratas. Estão conquistando o mundo com esses balangandãs e enriquecem de tal forma, dado que não têm uma legislação trabalhista, com um salário mínimo equivalente a 200 reais.

Mas lá a ONU e os seus aliados nada fazem como estão fazendo com Khadafi na Líbia, e já fizeram com Sadham no Iraque, até porque esses tinham muita “gasosa”, e estão comprando empresas e TERRAS em países estrangeiros, principalmente no Brasil. Nos EUA, três trilhões de dólares são empregados pelos chineses em títulos do Governo Americano, que necessita de muita grana para sair da imensa crise do capital. A sociedade comunista, hoje extinta, há setenta anos já previa que um dia isso iria acontecer, no embate capitalismo e comunismo. Os americanos estão em recessão apesar da sua grandeza, ainda hoje.

Deus queira que eu esteja errado, mas o próximo período de violência mundial que se aproxima terá o velho “perigo amarelo” como um dos principais participantes. E a história de Caim e Abel se repetirá, de tempos em tempos, até a consumação dos séculos.
Fotos da web

2 comentários:

  1. FRANCISCO CARLOS COUTO DE MORAES22/04/2011, 20:43

    Sou suspeito para elogiar este artigo, porque ele corresponde, no essencial, a uma observação minha – a humanidade não passa de uma raça de predadores hipócritas (uma questão com a qual estou literalmente familiarizado). (As referências são de memória; pode haver algum lapso.) Este problema é o assunto da famosa correspondência de Einstein com Freud. Einstein perguntou a Freud se a psicanálise poderia impedir as guerras – e Freud, que era realista e não prometia milagres, respondeu que NÃO. Por que? Esta é uma das descobertas mais importantes de Freud, que, por ser tardia e politicamente incorreta, geralmente é ignorada. Com o tempo e a experiência, Freud descobriu que a agressividade – em outras palavras, o que, na linguagem comum se chama de “maldade” - é um instinto autônomo, não resultando de frustrações e repressões. No meu entender, isto está na herança genética da humanidade – o DNA de predadores; bem ou mal, somos descendentes de alguém que sobreviveu ao matar o irmão para roubar-lhe a caça. Por isso, acredito que a humanidade só será viável, nos termos de “O Mal-Estar na Civilização” (a obediência ao imperativo categórico de consciência), quando for geneticamente modificada. Fora da engenharia genética não há salvação. Por outro lado, não temo o “perigo amarelo”, que já foram os japoneses. (Os japoneses começaram imitando as máquinas fotográficas alemãs, e hoje têm a melhor tecnologia, com a máxima qualidade. Eu dizia para o Sr. Germano Becker que os japoneses são a raça superior.)

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  2. Pois é, a agressividade é natural ao ser humano; a frustração pode aumentá-la, mas é algo necessário para a sobrevivência animal.
    No entanto, a finalidade da ciência psicológica não é nem pode ser eliminar essa tendência, mas sim canalizá-la desde possíveis destruições e explosões (psicóticas) para a construção de coisas boas, amorosas, solidárias. Isso não se faz pela repressão simples, mas pela conscientização (seguindo a proposta de Freud).

    Creio que pela mudança genética (sonho para um futuro distante) fabricaríamos algo não humano. A salvação é pela mudança mental ou espiritual; mudanças físicas excluindo o lado superior terminam como os sonhos nazistas de cientistas loucos.

    Quanto ao perigo oriental, é uma paranoia ocidental. Antes eles se defenderam pela violência convencional, em escala humana. Mas depois do imperialismo americano, eles assimilaram que a violência física os terminaria matando, e entraram no jogo comercial. Por suas caraterísticas, eles entram pra ganhar. Mas se houver violência, não partirá deles, mas de algum caubói ou xerife psicótico.

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