O artista colombiano Daniel Gómez Naranjo concebeu a exposição 5x5 ("cinco por cinco"), alusão ao tamanho único das obras participantes: liberdade para criar em 5 centímetros quadrados (ou cúbicos), com qualquer técnica e os materiais mais diversos.
A primeira fase do projeto foi organizada por ele na Universidad de Caldas (cidade de Manizales, província de Caldas, Colômbia), com artistas daquele país; a dimensão formal pretendia adaptar a coleção em diversos espaços e facilitar o transporte (veja nota no Diário Popular).
Num segundo momento, realizado em junho passado, 10 brasileiros expuseram trabalhos, criados no Brasil e enviados à Colômbia por correio. Organizadas pela artista Francis Silva, as obras foram expostas no evento Zona de Encuentro (leia nota), num total de 500 participantes.
A terceira parte ocorre em Pelotas até este sábado (30), na Escola Idiomas (Tiradentes 2582), com curadoria de Francis Silva. As obras brasileiras voltaram, e algumas das colombianas fizeram sua primeira turnê internacional. Sendo a exposição agora em nosso país, o título "Brasil 5 x 5 Colombia" brinca com a nossa linguagem futebolística.
As 29 pequenas criações contêm grandes jogos de significados, como a moeda que abre portas (acima à esq.) e os dados viciados na origem (dir)., que nunca caem nos extremos (números 1 ou 6). Os cigarros desenhados (abaixo) fazem uma volta pela má fama do tráfico de maconha, que "queima" a imagem de um país.
Daniel também construiu uma alusão musical, colocando as miniaturas (soltas, a maioria) em suportes de seis fios em linha, que sugerem as cordas de um violão sem fim.
Por sua parte, o espectador se vê obrigado a aproximar-se muito de cada obra, talvez à distância dos mesmos 5 cm estipulados pelo curador, como se tivesse um alto grau de miopia (cegueira às questões interculturais?). Essa aproximação física evidencia e, ao mesmo tempo, induz um maior interesse de parte do observador, e funciona como um gancho de sedução para envolver a pessoa curiosa.
Talvez o trabalho menos chamativo visualmente - e, no entanto, mais polêmico - seja a cápsula de cocaína (esq.) trazida pelo artista em seu próprio corpo, como fazem as "mulas" do tráfico: o mesmo objeto que é transportado em contrabando ilegal aqui está para simples observação e reflexão.
Os 29 autores estão identificados numa lista, mas seus nomes não aparecem ao lado das obras, o que requer a presença de mediadores para falar dos trabalhos e recolher impressões dos visitantes. Até porque o conceito da exposição e a maioria dos trabalhos mexe muito com pensamentos e emoções das pessoas. A mostra ficou entre nós somente 5 dias (outra sutil alusão numérica), e deixará sentir sua lembrança por muito tempo.
Fotos de F. A. Vidal
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