O compositor pelotense Alessandro Goularte Ferreira, de 35 anos, foi selecionado para participar na XIX Bienal de Música Brasileira Contemporânea, realizada no Rio de Janeiro de 10 a 19 de outubro (veja a programação). Sua obra Cordamadeira (2008), para violão e sons eletroacústicos quadrafônicos, foi apresentada no recital de terça (11). A notícia foi divulgada somente pelo Diário Popular (edição impressa de 11-10-11, Caderno Zoom, p. 6).
Alessandro é graduado em Violão na UFPel (2004) e mestre em Teoria e Criação Musical, com a dissertação Aspectos de referencialidade na composição de música eletroacústica (Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010).
Com duração de uns 7 minutos, Cordamadeira foi interpretada, nesta Bienal, por Mario di Silva na parte do violão; os sons pré-gravados foram difundidos por Marcelo Carneiro de Lima. Em 2010, a peça foi destacada com o Prêmio Funarte de Composição Clássica. No sítio web de Alessandro Ferreira há acesso ao áudio de algumas composições, partituras em pdf, biografia do autor, fotos e textos.
Segundo anotado na reportagem citada, Cordamadeira representa a imagem sonora da derrubada de uma árvore, com três gestos musicais: golpe do machado, corte da madeira e caída do tronco. O nome da obra também alude a três elementos do violão: a corda (onde nasce o som), a madeira (material de suporte) e a cor da madeira (timbre sonoro, imaterial).
O compositor se inspirou no artigo Timbral praxis: when a tree falls in the forest is it music?, de Paul Rudy, publicado pela revista Organised Sound (veja resumo).
Segundo a definição clássica de som, uma árvore na floresta cairia em silêncio, pois ninguém estaria ali para ouvi-la; a nova polêmica é se esse som poderia ser considerado musical ou não, já que a madeira rachando pode ter notas melódicas e uma organização rítmica. Outra discussão poderia versar sobre um paralelo entre o violão, a árvore e os diversos instrumentos musicais.
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