“Teoria do Te Vira” é o segundo livro de Nathanael Anasttacio, designer gráfico e estudante de Cinema e Animação na UFPel. A obra, ainda não publicada, é uma coletânea de 50 textos poéticos de conteúdo social, escritos com alto sentido da síntese e da crítica.
O livro denuncia abertamente – sem muitos enfeites nem metáforas – o abandono e a dor causada pelas hipocrisias cotidianas de nossa sociedade (leia o poema Infiltração), sem esquecer a virtude do humor, aquela capacidade de ver o lado engraçado de si mesmo e da própria tragédia.
Os recursos de Nathanael Anasttacio são, principalmente, a ironia aguda e a elegância sonora e musical das palavras, que não são exclusivos da poesia, mas que aqui se combinam, em prosa e verso, para entregar com gentileza mensagens bastante duras à consciência e ao coração. Sua arte verbal se nota no ritmo adequado à respiração do leitor, como se o texto fosse para ser declamado ou cantado.
O lançamento será na Feira do Livro de Pelotas, na sexta-feira 11-11-11, com sessão de autógrafos às 18 horas, e terá uma campanha especial de divulgação, com apoio da organização não governamental Gesto, à qual serão destinados os ingressos pela venda dos livros, por doação expressa do autor.
No poema que dá título ao livro (abaixo), aparece o desamor sentido e ressentido pelo ser humano, talvez o mais necessitado de estima e proteção e o mais desestimado e desprotegido.
Era você quem dizia
Aos cordeiros feno
Aos infiéis veneno
E aos ignorantes poesia
Divertir-se vendo-os pôr no ralo
Algo tão caro
Apenas por desconhecer sua valia
Era você quem dizia tantas outras merdas
Até eu achar meu momento e quebrar a métrica
E quebrei as metas
E quebrei as estrofes todas
Era você quem dizia “te vira”
E eu me virava do avesso procurando sair
Mas meu querer estava preso a mim
Estava preso ao que sabia e fazia
E como eu queria dizer “me revira”
Mas a ira da tua pregação e da tua soberba
Impediam que a minha verdade houvesse
Então eu desisti de você
Então eu desisti de te ouvir
E assinei lá para ter o direito de calar
E então calei
Não era você quem dizia?
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