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domingo, 22 de janeiro de 2012

Clayr Lobo Rochefort

Faleceu este domingo (22) Clayr Lobo Rochefort, ex-diretor do Diário Popular (veja a notícia no sítio do jornal). Nascido em 25 de maio de 1928, chegou de Piratini em 1941 para seguir os estudos médios (no Colégio Gonzaga) e superiores (Curso de Direito). Sua carreira começou como revisor de textos em 1948, época em que não existia o curso de jornalismo no Brasil.

Na década de 1930, o Diário Popular esteve fechado em dois períodos (1932 e 1937), em choque com o Estado Novo, reabrindo definitivamente em 1938, já sem a atuação político-partidária que tinha no início. Clayr veio conhecer o Diário Popular nessa segunda época, de ações sociais, anúncios comerciais, reportagens do cotidiano e colunas de opinião. Também foi redator-chefe do vespertino A Opinião Pública, de 1952 até 1961.

O jornalista entrou na vida político-partidária em 1963, como vereador pelo PSD, sendo, após o golpe militar, chefe de gabinete de Edmar Fetter, quando este foi prefeito em Pelotas (1966-68) e depois, em Porto Alegre, quando Fetter foi vice-governador (período Euclides Triches, 1971-75). Ainda no regime militar, Clayr fez a opção pelo jornalismo, deixando a função política, e radicado em Pelotas. Desde então, passou a conduzir o Diário, em sua terceira fase, de modernização (pós 1977).

Foi sob sua direção que o Diário Popular se pôs em dia com os tempos, deixando atrás os linotipos em favor do off-set, adotando o formato tabloide e a impressão em cores. O jornalista da velha máquina de escrever adaptou-se aos computadores e levou o jornal que nascera no século XIX a um público mais amplo e menos ideologizado.

Em 2002, o redator de editoriais e reportagens tomou posse de uma cadeira na Academia Pelotense de Letras, tendo como patrono o jornalista Antônio Joaquim Dias (leia notícia).

Em 2008, completando 60 anos de atividade no Diário Popular, recebeu homenagens (leia a reportagem com testemunhos de amigos) e em 2010 despediu-se da vida jornalística com o que melhor sabia fazer: um artigo em forma de uma crônica autobiográfica sobre seus 62 anos de trabalho, Jornalismo, escola de vida.

No primeiro semestre de 2011, fragilizada sua saúde, retirou-se do trabalho silenciosamente, como era seu estilo. Em janeiro, contou-me um detalhe que o Diário jamais publicou: desde 1977 estão guardados, numa gaveta, os originais ainda inéditos do livro que o cronista Irajá Nunes havia terminado em vida. O texto foi digitado após sua morte, mas os arquivos digitais ficaram desatualizados e voltaram à estaca zero, ainda esperando edição e publicação.

Hoje (22) Manoel Soares Magalhães anunciou em seu blogue Cultive Ler o falecimento do ex-colega de jornal:
Natural de Piratini, Clayr tinha um jeito interiorano de ser, calmo e pacifico, afeito à diplomacia. Em noites de boêmia, décadas atrás, quieto a um canto, meio aos veteranos do Diário, mais de uma vez ouvi Clayr cantar e tocar violão na companhia de Irajá Nunes, Honório Sinot, Hernani Cavalheiros, entre outros jornalistas, de uma época em que fazer jornalismo confundia-se com romantismo, idealismo. Em sua passagem pela direção da Gráfica Diário Popular, o velho matutino engrenou uma "primeira" e entrou de vez na modernidade.
Leia O guardião da memória de Pelotas, de Clayton Rocha.

Fotos: Diário Popular (1-2), Facebook Rest Bavária (3)

POST DATA 
- 9 maio 2012
Leia o artigo Lição de Amor, da jornalista Iracema de Rochefort.

- 15 fevereiro 2013
Reminiscência de Ubirajara Timm num artigo sobre Clayr e os anos 50.

Um comentário:

  1. FRANCISCO CARLOS COUTO DE MORAES23/01/2012, 17:20

    Em nome de minha mãe, HERMÍNIA COUTO DE MORAES, e em memória do meu pai, FRANCISCO JOSÉ BRUSQUE DE MORAES, que sempre foram muito amigos do CLAYR (como se referiam a ele, frequentemente), quero expressar meus pêsames ao DIÁRIO POPULAR pela perda dessa figura histórica do jornalismo pelotense.

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