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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Frio e neve? Não parece o Brasil

Em cada inverno, os telejornais do centro do país mostram os signos do intenso frio que se vive no sul do Brasil. Em 2010, uma nota na TV repetiu aquela impressão, remarcando que o Brasil é quente por natureza e as zonas em que neva são como um apêndice europeu, de natureza estrangeira. O próprio repórter, impressionado com tanta neve, pretendeu exorcizar o frio dizendo que não parecia o Brasil, e um turista carioca chegou a brincar que parecia mais a Rússia.

Foi com uma reportagem como essa que, há dez anos, Vítor Ramil teve as primeiras ideias para sua proposta da Estética do Frio, apresentada em Genebra (Suíça), em junho de 2003 (texto editado em 2004 pela Satolep Livros). Após mostrar um trio elétrico animando a festa popular no Nordeste, o noticiário falava do inverno gaúcho como de um "clima europeu". No entanto, milhões de brasileiros sentem esse frio todo ano e se identificam com os costumes de inverno que o resto do Brasil desconhece. Daí nasce toda uma visão de mundo, mais lenta, sensível, introvertida e melancólica, segundo Vítor, e que temos em comum com os países do Prata.

Esta sexta (24-8), o Globo Repórter voltará a redescobrir esse Brasil subtropical (veja o anúncio), comprovando a novidade de que "existe um Brasil abaixo de zero grau". Quem serão esses pinguins?, pergunta-se o resto do país, em seu narcisismo tropical.

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