Entre 1948 e 1950, o templo católico passou por importantes reformas de estrutura, ganhando nova cúpula, altar e pinturas. Os vitrais foram colocados em anos posteriores, na década de 1950.
Não sei se os leitores sabem (os mais jovens, talvez não), a Catedral somente tinha as torres da frente, as dos sinos.
Aquela maior, no fundo, sob a qual está o belíssimo altar confeccionado em mármore, na Itália, e coberta de ladrilhos azuis, foi agregada ao prédio nessa época [anos quarenta].
Pelo esforço notável e incansável do bispo dom Antônio Zattera [1899-1987, veja nota biográfica], a reforma deu, à igreja maior pelotense, um padrão de elevado valor arquitetônico e pictórico, digno mesmo de um templo.
O que acabou por ter grande expressão foi a pintura afresco, pela mão do grande pintor italiano Aldo Locatelli [1915-1962]. Ele veio da Itália, acompanhado de um auxiliar e começou o trabalho que resultou na beleza que agora contemplamos.
Conheci pessoalmente Aldo Locatelli por uma circunstância especial: ele residia, como inquilino, em uma casa situada na rua Benjamin Constant, entre Félix da Cunha e Gonçalves Chaves, de propriedade de um grande, querido e saudoso amigo meu - Joaquim José de Assumpção Osório - e nós, adolescentes, mais de uma vez fomos até a Catedral vê-lo pintar. Ele usava, não é fantasia, um típico gorro de veludo, como é comum vermos em filmes que retratam pintores célebres.
Não tenho certeza de quanto tempo duraram as reformas, mas datam daí os belíssimos vitreaux, que ainda lá estão e que foram doados por pessoas de destaque na cidade.
Não sei ao certo: dizem que ele pintou anjos com rostos de meninas daqui. Mas sei, com certeza, que ele pintou, na cúpula, o rosto de uma jovem que eu conheci. Neste dia em que estive lá, de visita, ainda procurei e encontrei a pintura.
A Catedral, por sua arquitetura e por suas pinturas, disso não há dúvida, é um monumento de raro valor que encanta os turistas. Acho mesmo que carece de cuidados para que se não danifiquem mais as pinturas. Por isso, penso que a cidade tem um compromisso sério com a recuperação da Catedral.
Em algum momento, antes da reforma, ela foi pintada, por fora, de cor-de-rosa, se não estou enganado. Eu adoraria, perdoem-me os arquitetos pela indevida intromissão, de vê-la, quem sabe voltar ao rosa ou com aquela cor característica dos prédios históricos de Roma. Ainda mais agora que ela foi elevada à categoria de Catedral Metropolitana da novel Arquidiocese de Pelotas.
José Rodrigues Gomes Neto
Catedral antiga: Facebook
Locatelli: Prof Círio Simon
Cúpula: Ricardo Gruppeli
Porta e vitrais: F. A. Vidal
Também gostaria de ver a nossa Catedral pintada na cor branca, rosada ou amarela, que, certamente faria jus, ainda que acrescido de elementos ecléticos, ao seu estilo original, entre o barroco tardio e o colonial brasileiro. Infelizmente, entre a década de 30/40, houve o surto do revestimento "cimento-penteado", com a promessa de nunca mais existir a necessidade de pintura. Porém com o passar dos anos, esse "cimento-penteado" vai ganhando essa cor indefinida, pelo acúmulo de sujeira,mofo, umidade etc. E, ainda, anos atrás, houve uma lei/decreto proposto por uma arquiteta que "PROÍBE" a pintura sobre o "cimento-penteado", defendendo que este material (horrendo, no meu ponto de vista, pois nem tudo que se produz no passado é necessariamente BELO)seria um elemento típico da arquitetura de Pelotas. Então, resta olhar para a Catedral tal como ela é... cinza e triste! Contrariamente, em Porto Alegre, vemos diversos prédios, anteriormente revestidos do "cimento-penteado", hoje, pintados, devolvendo a beleza e ressaltando alguns detalhes arquitetônicos que se perdiam no tom cinza-negro do revestimento.
ResponderExcluirCaro Vidal:Não vou falar de cores para a nossa Catedral, até porque é preciso disso entender.Queria evocar as recordações do grande pintor Aldo Locatelli. Lembro-me que todos os dias quando passava para meu trabalho as 7,30 hs., quando vi Aldo, pintando São João Batista, ali no Batistério, l*., esboçando com carvão preto o afresco que lá está.A cada dia eu notava o progresso daquela pintura.Vi esboçá-la e pintá-la.Locaelli era um tipo afável. Depois o vi pintando as pinturas mais altas, sempre naquela minha bendita rota para o trabalho.Quando ele terminava, saia em uma lambreta para casa. As vezes carregava na garupa a sua senhora, que tinha um porte avantajado. Também levava, às vezes, sua cunhada, uma italiana bonita de seus l8/20 anos.Lembro-me de Sasso, um italiano baixinho, da equipe que D.Antonio trouxe da Itália,. Ele era o dourador. Vi-o várias vezes pondo ouro em lâminas nas colunas, na parte cima. Lá estão.Este teu trabalho, Vidal, me evocou essas lembranças lindas de um passado - como todo- que jamais vai voltar.Senti um pouco de nostalgia.Abrs. Rubens Amador.
ResponderExcluirAlguem da minha época pode me confirmar se houve um Congresso Eucaristico pelos anos de 1948? Não acho nenhuma informacao sobre isso mas lembro de estar na praca e lembro ate hoje da musica que cantavam.. " Medianeira de todas as graças que na terra ...aos ceus. Esperamos em ti que nos faça oh Maria subir ate Deus...
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