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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Café ou água (conto)

Ele pensa, e a menina aguarda, se no resto da xícara vai café ou água.

Quer afastar o cheiro do bolor e o peso dos móveis herdados: madeira pura, amanhecer e rua.

Precisa de algo que o desperte e agrade. Assim, enquanto não corre com os fantasmas dos armários, busca apoio na luz do dia ou na juventude destas moças, mesmo frias, como distração à parte.

— Hoje quero "carioquinha", por favor, complete com água!

Imagem e conto para cafetômanos
celebram Dia do Café (veja post de 2009).
Pela vitrine, a cerração esconde o lado oposto da calçada, a fluorescente sombreia o guardanapo, dando mistério aos rabiscos que substituem os ponteiros do relógio. Não há hora para nada!

A conversa alheia trouxe todas as novidades: placar, morte e atentado. Permanecem as lembranças noturnas e o clima que não devia estar fechado. Sono, sonho ou cansaço?

Cuida no espelho se a veste está adequada, pelo reflexo o apelo vem da silhueta do engraxate.

Esfria o líquido sem libertação ou companhia, mais, então, um "quem sabe?"

— Mocinha... outro café!

Ele pensa, e a menina aguarda, se no resto da xícara vai café ou água.

Marcelo Freda Soares
Foto: M. F. Soares

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