O café que eu frequento
é todo janelas
e é grande
e é sujo, o vidro,
por dentro e por fora.
de dentro,
as moscas batem querendo sair
de fora,
os mendigos batem querendo entrar,
e ambos trocam olhares
sobre o meu café.
esse muro transparente
separa tudo
miséria e miséria
decadência e decadência
solidão e solidão
estranho espelho.
e de repente percebo
"tudo lá fora é um reflexo meu"
assim
mantenho os olhos na xícara
ignoro
o zumbido da mosca
a fome do mendigo
evitando
eu.
é todo janelas
e é grande
e é sujo, o vidro,
por dentro e por fora.
de dentro,
as moscas batem querendo sair
de fora,
os mendigos batem querendo entrar,
e ambos trocam olhares
sobre o meu café.
esse muro transparente
separa tudo
miséria e miséria
decadência e decadência
solidão e solidão
estranho espelho.
e de repente percebo
"tudo lá fora é um reflexo meu"
assim
mantenho os olhos na xícara
ignoro
o zumbido da mosca
a fome do mendigo
evitando
eu.
Alexandre Vergara
Foto: M. F. SoaresTexto: Grito embalado a vácuo
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