Azul, de Arlinda Nunes (mar, ilhas e caminhos) |
Nesse ateliê também estão expostas, de modo permanente, duas mandalas vazias, uma verde e uma vermelha, que lhe recordam a bandeira de Portugal, país de origem de seus ascendentes.
Buscando uma relação possível entre as três obras, me pareceu descobrir por que Arlinda reteve o quadro azul e por que o exibe em conjunto com as duas mandalas: a conexão está no coração da artista, filha de Portugal, e na coloração das obras. As cores da bandeira e a cor do oceano representam o espírito de navegação e empreendimento, que sempre animou os portugueses em suas viagens e anima os artistas em sua busca de novas visões e novos caminhos.
Outra simples associação nos leva ao poema de Fernando Pessoa que define a alma portuguesa de forma tão bela e sintética.
Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa
Do livro Mensagem (1934)
Composição de Darrell Kastin para o poema de Fernando Pessoa
Shawna Lenore (voz), Darrel Kastin (piano), Luis Sá Pessoa (violoncelo)
Imagem: F. A. Vidal
Shawna Lenore (voz), Darrel Kastin (piano), Luis Sá Pessoa (violoncelo)
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