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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Cães na entrada do shopping

Ontem (13-11) às 14h, dois cães permaneciam na entrada do shopping, barrados pela segurança, sem poder compartilhar com seus irmãos humanos no interior do hipervalorizado centro comercial pelotense. Não esperavam esmolas em alimento; somente mendigavam companhia e inclusão. Mesmo longe da área central, eles chegaram ali e talvez transmitam a novidade deste espaço a outros vagantes da cidade. Fica assim marcado o moderno lugar com este traço da cultura local (a tolerância à vagabundagem), relacionado à acomodação e ao autodesprezo.

Os espaços urbanos como igrejas, lojas e clubes atraem os mais necessitados, e o sistema está pensado para impedir sua entrada a partir da porta, deixando-os ali em máxima visibilidade. Os bichos de rua simbolizam a baixa autoestima da população, a falta de destino e a desunião social, como dizendo que a cidade é uma grande selva ou um hospício aberto, e não um espaço para o desenvolvimento de todos.

Os defensores dos animais promovem a adoção e a vacinação destes seres, para que eles sigam coabitando com os humanos no mesmo espaço, partindo da ideia de que o amor é universal e pode incluir a todos. Mas mesmo havendo a boa vontade de todos, um segmento rebelde insistirá em acomodar-se na passividade e mostrar-se como excluído.

Um comentário:

  1. Falta muito para que o tão propalado espírito ecumênico realmente exista. Como já escrevi em crônica, a natureza do ser humano não muda. Apenas o teatro social. O que aparece no palco. Mas, a vida é a que está nos bastidores: e aí vemos a falta de humanidade, caridade, fraternidade, entre humanos, estendendo-se aos animais. Seres que ligam afetivamente, são sociais. Quem tem um cão, por exemplo, sabe o quanto ele se apega à família.
    Parabéns pela reportagem/denúncia. Pois uma sociedade engendra e mantém o que lhe é próprio. Como o cuidado com seu semelhante (todos os seres vivos, seja uma árvore ou um cão, são nossos semelhantes), com sua cidade, com seu espaço pessoal.
    A foto do que somos ainda deixa muitíssimo a desejar!
    Prof.ª Loiva Hartmann

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