Todo visitante que chega a Pelotas para aqui fixar residência deveria receber, no primeiro dia nessas terras, um folheto com duas regras básicas de convivência pacífica. Dois artigos simples, suficientes para traduzir o modo pelotense de pensar e facilitar a vida de quem tem pressa em se adaptar, longe das confusões.
Artigo 1º - Os pelotenses odeiam que pessoas de outras regiões falem mal da cidade.
Artigo 2º - Os pelotenses adoram falar mal da própria cidade.
Ao escrever esta crônica, portanto, já estou infringindo o artigo 1º, pois não sou natural daqui e estou fazendo uma crítica. Porém, como sou pelotense por opção há 25 anos, automaticamente estou absolvido e imunizado pelo artigo 2º.
Meu comentário nada mais é do que a observação de muitos “estrangeiros” radicados na Princesa do Sul. Há algum tempo participei de uma conversa que, sem qualquer estímulo, rumou para críticas ao local onde vivemos. E 99% dos presentes exercitaram, sem dó, a política do “eu só enxergo os defeitos do chão onde piso”. Até que um dos participantes da conversa, não pelotense, falou e deixou todos mudos. Na verdade, constrangidos.
– Onde eu morava os problemas de vocês são pequenos demais. Como vocês reclamam!
Muitos tiveram de engolir a resposta que gostariam de ter dado à colocação afrontosa do autor, pois nada nos deixa mais furiosos do que ouvir a verdade que sempre renegamos jogada na cara, sem piedade e sem filtros.
Não defendo fechar os olhos ao que atrapalha a vida de toda a comunidade. Ao contrário, é preciso sim reclamar, se revoltar, lutar por direitos, soluções. Debater o que está errado e, nossa, como tem coisa errada em Pelotas. Mas gostaria de ver, um pouco que fosse, maior distanciamento desse modo de agir. Virou hábito, um péssimo hábito, a ponto de rejeitarmos até o que é bom.
Nossa fama já ultrapassa as fronteiras. Longe daqui escuta-se que o pelotense é um povo “reclamão” e nada faz para mudar, só chora e não se mexe. E quem gosta de conviver com pessoas assim? Ninguém. A tendência do ser humano é fugir de quem só se queixa e carrega, para onde vai, uma nuvem cinza sobre a cabeça.
Pelotas, cidade boa demais para viver, tem muitos problemas, uma lista infindável de problemas. E a lista oposta, de nossos orgulhos, está sempre reprimida. Poderia haver mais equilíbrio. Não podemos sorrir para tudo e achar que vivemos no mundo perfeito. Agir assim aproxima qualquer pessoa da idiotice. Mas escolher ficar com a testa encostada no muro de lamentações, sem sair do lugar e nada fazer para mudar algumas situações, já parece caso para tratamento.
Artigo 1º - Os pelotenses odeiam que pessoas de outras regiões falem mal da cidade.
Artigo 2º - Os pelotenses adoram falar mal da própria cidade.
Ao escrever esta crônica, portanto, já estou infringindo o artigo 1º, pois não sou natural daqui e estou fazendo uma crítica. Porém, como sou pelotense por opção há 25 anos, automaticamente estou absolvido e imunizado pelo artigo 2º.
Meu comentário nada mais é do que a observação de muitos “estrangeiros” radicados na Princesa do Sul. Há algum tempo participei de uma conversa que, sem qualquer estímulo, rumou para críticas ao local onde vivemos. E 99% dos presentes exercitaram, sem dó, a política do “eu só enxergo os defeitos do chão onde piso”. Até que um dos participantes da conversa, não pelotense, falou e deixou todos mudos. Na verdade, constrangidos.
– Onde eu morava os problemas de vocês são pequenos demais. Como vocês reclamam!
Muitos tiveram de engolir a resposta que gostariam de ter dado à colocação afrontosa do autor, pois nada nos deixa mais furiosos do que ouvir a verdade que sempre renegamos jogada na cara, sem piedade e sem filtros.
Frase de Geissy Araujo |
Nossa fama já ultrapassa as fronteiras. Longe daqui escuta-se que o pelotense é um povo “reclamão” e nada faz para mudar, só chora e não se mexe. E quem gosta de conviver com pessoas assim? Ninguém. A tendência do ser humano é fugir de quem só se queixa e carrega, para onde vai, uma nuvem cinza sobre a cabeça.
Pelotas, cidade boa demais para viver, tem muitos problemas, uma lista infindável de problemas. E a lista oposta, de nossos orgulhos, está sempre reprimida. Poderia haver mais equilíbrio. Não podemos sorrir para tudo e achar que vivemos no mundo perfeito. Agir assim aproxima qualquer pessoa da idiotice. Mas escolher ficar com a testa encostada no muro de lamentações, sem sair do lugar e nada fazer para mudar algumas situações, já parece caso para tratamento.
Jarbas Tomaschewski
imagem do blogue Mariguedes |
Bah!!! Incrível !!! faço minhas essas palavras.
ResponderExcluirSou pelotense - apaixonada pela cidade, diga-se de passagem - e sinto pena de não ter podido nela permanecer por motivos vários, desde meus 19 anos até então (tenho quase 60)...Nesse intervalo, porém, voltei a viver em Pelotas por mais uns 10 a 12 anos. Agora estou fora e, mesmo de longe, estou ligadíssima na querida Princesa, pois, por uma grande força do destino, meus três filhos casaram-se com pelotenses e residem na cidade.
Pelotense é mesmo reclamão, sempre percebi assim. E eu, acreditem ou não, sempre defendi minha cidade natal - morando ou não por aí.Nunca falei mal de Pelotas!Apesar de saber de todos os problemas que ela tem (mas qual cidade no Brasil não os tem?!)
Hoje vivo em Santa Catarina e, não fosse o que ainda me prende aqui, digo com propriedade aos pelotenses que aqui, sim, é a utopia dos que reclamam de um lugar excepcional - Pelotas - que, ainda, é uma das cidades que preserva em si e no seu povo, o de que esse país carece - cultura e educação.
Pelotas...sempre Princesa do Sul - altiva, bela e elegante.