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domingo, 27 de abril de 2014

A chuva é a escrita do céu


Gosto de ler a escrita da chuva no terreno seco.
Metáforas de alcance! Registro de sonhos... Medos e angústias.
Mas não é qualquer chuva, não.
Tem de ser chuvinha mansa, acariciando a terra.

Mas isso não quer dizer que as grandes chuvaradas não saibam escrever.
Sabem, sim.
Enquanto as chuvinhas miúdas escrevem poemas, as torrenciais registram epopeias.

Chuva com vento, então, que fortuna! Quanta revelação.

A invenção do guarda-chuva diminuiu um pouco a invenção da chuva.

Não é por outra razão que as crianças gostam de chuvaradas.
E odeiam guarda-chuvas!
Querem ler.
Ler histórias que os adultos, sob os guarda-chuvas, evitam.

Enquanto houver o impulso juvenil de correr à chuva, miúda ou não, a literatura está salva.

Manoel Soares Magalhães

Texto: Facebook
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