Padre Malomar Lund Edelweiss
Por Francisco Dias da Costa Vidal
Eis um nome que, digno de destaque, aqui viveu boa parte de sua existência, plena de conhecimentos e atuações, e que deixou entre nós uma valorosa e saudosa memória.Malomar organizou e dirigiu o Instituto de Psicologia, unidade cultural que, posteriormente, contribuiu para a legalização da Universidade Católica, da qual foi o primeiro reitor. Residiu em Pelotas antes de se transferir para Belo Horizonte, onde prolongou seu trabalho, deixando aqui muitos amigos e várias e notáveis iniciativas pedagógicas. Entre elas, sobressaiu o Círculo Brasileiro de Psicanálise, inspirada no homônimo Círculo Vienense, conduzido pelo renomado cientista Igor Caruso. A convite de Malomar, este autor austríaco pronunciou em nossa cidade importantes e muito freqüentadas séries de palestras de cunho científico.
Malomar esteve inicialmente ligado ao escotismo, do qual era também adepto o francês, Pe. Paul Chabanon, O.M.I. (Oblato de Maria Imaculada), então vigário coadjutor de Santa Vitória do Palmar. Coordenando as atividades regionais desse importante setor da educação de jovens, com ele Malomar compartiu a nobre tarefa pedagógica.
Como fundador e primeiro coordenador do Círculo Brasileiro de Psicanálise, supervisionava os diversos núcleos pelo país. Esses grupos de estudo, formação e psicoterapia, exigiam de seus participantes intensa preparação formativa, tanto em leituras quanto em trabalhos de grupo, para – só após considerados aptos, através de escritos e pesquisas – podermos exercer a atividade para a qual nos candidatávamos: a de psicoterapeutas. Trabalho preparatório cujas pesquisas arrematam em monografia conclusiva ao ingresso na entidade científica.
Sendo assim e ao deixar um renome aureolado pela seriedade de propósitos e o competente preparo, tudo alicerçado num permanente aprofundamento e atualização, Malomar foi exemplo de permanente atualização numa das mais exigentes áreas do saber, para a qual soube atrair a quantos pendíamos para a atividade científico-terapêutica.
Por todos estes motivos, sua partida nos faz evocá-lo como uma figura de inegável competência, digna de apreço de todos que o conhecemos e com ele labutamos na área do conhecimento humanístico e da saúde psíquica e espiritual!
O artigo acima transcrito foi enviado há 3 semanas ao Diário da Manhã - que o publicou - e ao Diário Popular, jornal pelotense em que o autor colabora desde 1953, mas que há alguns anos não publica todos seus textos.
Francisco Dias da Costa Vidal (dir., foto atual) é psicanalista formado em Pelotas na década de 1960 pelo padre Malomar. Naquele tempo, também dirigiu o antigo Instituto de Psicologia da UCPel (fundado por Malomar), o qual existia antes de ser aberto o curso de Psicologia em 1970.
Malomar foi psicanalisado em Viena por Igor Caruso, e trouxe a Psicanálise ao Brasil. No entanto, não deixou mais discípulos em Pelotas. Mudou-se em 1970 para Belo Horizonte, onde faleceu em 6 de outubro último, com 91 anos. Veja uma entrevista dada por Malomar em 2008. A 1ª foto (acima) é de 1945, desfilando com os escoteiros em Porto Alegre.
O Círculo Brasileiro de Psicanálise-RJ conta a história de sua criação por Malomar. Há outro relato feito por uma psicóloga do Círculo baiano (veja o artigo).
Este post destaca os dois psicanalistas como produtores e promotores da cultura de Pelotas.
Fotos: Maristas (1), CBP-RJ (2) e Ana T. Vidal (3).
O artigo do Francisco Dias da Costa Vidal, aqui transcrito, é uma homenagem, a única, que se viu por aqui a um homem como o Padre Malomar, que teve uma atividade muito intensa nos meios psicanalíticos locais. Pronunciou palestras e publicou trabalhos no Diário Popular.
ResponderExcluirE que excepcional psicologista foi Caruso! Que, ainda em Viena, psicanalisou o Pe. Malomar, numa análise didática, como a que Francisco fez. Nos anos 30, Caruso cogitava REPENSAR FREUD, isto acho notável; foi um precursor do tema, pois hoje Sigmund Freud está sendo muito repensado no mundo todo. Sua genialidade, na "descoberta" do inconsciente, será sempre considerada uma conquista basilar para o entendimento de nossa mente, mas há outros aspetos em que, parece, as pesquisas e a prática exaustiva estão mudando certos conceitos freudianos.
Registro também a minha surpresa de que o órgão jornalístico em que o Francisco atuou com grande frequência, já por quase 60 anos, não tenha acolhido o artigo sobre o Padre Malomar, que tanto colaborou em seminários na cidade, e artigos nesse mesmo órgão. Creio que foi uma desatenção para com o velho colaborador.
Rubens Amador