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quarta-feira, 1 de abril de 2009

Padre Malomar em Pelotas

Padre Malomar Lund Edelweiss
Por Francisco Dias da Costa Vidal
Eis um nome que, digno de destaque, aqui viveu boa parte de sua existência, plena de conhecimentos e atuações, e que deixou entre nós uma valorosa e saudosa memória.

Malomar organizou e dirigiu o Instituto de Psicologia, unidade cultural que, posteriormente, contribuiu para a legalização da Universidade Católica, da qual foi o primeiro reitor. Residiu em Pelotas antes de se transferir para Belo Horizonte, onde prolongou seu trabalho, deixando aqui muitos amigos e várias e notáveis iniciativas pedagógicas. Entre elas, sobressaiu o Círculo Brasileiro de Psicanálise, inspirada no homônimo Círculo Vienense, conduzido pelo renomado cientista Igor Caruso. A convite de Malomar, este autor austríaco pronunciou em nossa cidade importantes e muito freqüentadas séries de palestras de cunho científico.

Malomar esteve inicialmente ligado ao escotismo, do qual era também adepto o francês, Pe. Paul Chabanon, O.M.I. (Oblato de Maria Imaculada), então vigário coadjutor de Santa Vitória do Palmar. Coordenando as atividades regionais desse importante setor da educação de jovens, com ele Malomar compartiu a nobre tarefa pedagógica.

Como fundador e primeiro coordenador do Círculo Brasileiro de Psicanálise, supervisionava os diversos núcleos pelo país. Esses grupos de estudo, formação e psicoterapia, exigiam de seus participantes intensa preparação formativa, tanto em leituras quanto em trabalhos de grupo, para – só após considerados aptos, através de escritos e pesquisas – podermos exercer a atividade para a qual nos candidatávamos: a de psicoterapeutas. Trabalho preparatório cujas pesquisas arrematam em monografia conclusiva ao ingresso na entidade científica.

Sendo assim e ao deixar um renome aureolado pela seriedade de propósitos e o competente preparo, tudo alicerçado num permanente aprofundamento e atualização, Malomar foi exemplo de permanente atualização numa das mais exigentes áreas do saber, para a qual soube atrair a quantos pendíamos para a atividade científico-terapêutica.

Por todos estes motivos, sua partida nos faz evocá-lo como uma figura de inegável competência, digna de apreço de todos que o conhecemos e com ele labutamos na área do conhecimento humanístico e da saúde psíquica e espiritual!


O artigo acima transcrito foi enviado há 3 semanas ao Diário da Manhã - que o publicou - e ao Diário Popular, jornal pelotense em que o autor colabora desde 1953, mas que há alguns anos não publica todos seus textos.

Francisco Dias da Costa Vidal (dir., foto atual) é psicanalista formado em Pelotas na década de 1960 pelo padre Malomar. Naquele tempo, também dirigiu o antigo Instituto de Psicologia da UCPel (fundado por Malomar), o qual existia antes de ser aberto o curso de Psicologia em 1970.

Malomar foi psicanalisado em Viena por Igor Caruso, e trouxe a Psicanálise ao Brasil. No entanto, não deixou mais discípulos em Pelotas. Mudou-se em 1970 para Belo Horizonte, onde faleceu em 6 de outubro último, com 91 anos. Veja uma entrevista dada por Malomar em 2008. A 1ª foto (acima) é de 1945, desfilando com os escoteiros em Porto Alegre.

O Círculo Brasileiro de Psicanálise-RJ conta a história de sua criação por Malomar. Há outro relato feito por uma psicóloga do Círculo baiano (veja o artigo).

Este post destaca os dois psicanalistas como produtores e promotores da cultura de Pelotas.
Fotos: Maristas (1), CBP-RJ (2) e Ana T. Vidal (3).

Um comentário:

  1. O artigo do Francisco Dias da Costa Vidal, aqui transcrito, é uma homenagem, a única, que se viu por aqui a um homem como o Padre Malomar, que teve uma atividade muito intensa nos meios psicanalíticos locais. Pronunciou palestras e publicou trabalhos no Diário Popular.

    E que excepcional psicologista foi Caruso! Que, ainda em Viena, psicanalisou o Pe. Malomar, numa análise didática, como a que Francisco fez. Nos anos 30, Caruso cogitava REPENSAR FREUD, isto acho notável; foi um precursor do tema, pois hoje Sigmund Freud está sendo muito repensado no mundo todo. Sua genialidade, na "descoberta" do inconsciente, será sempre considerada uma conquista basilar para o entendimento de nossa mente, mas há outros aspetos em que, parece, as pesquisas e a prática exaustiva estão mudando certos conceitos freudianos.

    Registro também a minha surpresa de que o órgão jornalístico em que o Francisco atuou com grande frequência, já por quase 60 anos, não tenha acolhido o artigo sobre o Padre Malomar, que tanto colaborou em seminários na cidade, e artigos nesse mesmo órgão. Creio que foi uma desatenção para com o velho colaborador.

    Rubens Amador

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