Chegou há 20 dias a Pelotas, contratado pela UCPel, e com sua simpatia gesticuladora e sua fala acelerada está adaptando-se rapidamente a nosso clima natural e social. Mais especificamente a nosso ambiente linguístico, ao nosso texto e ao nosso discurso, o que em português normal se diria: o sotaque, as expressões, as contradições, as omissões, as ênfases da linguagem dos pelotenses.
Como aula inaugural do ano acadêmico 2009 na Faculdade de Letras, ele proferiu nesta terça (31) uma conferência com o auditório lotado, sob o título "Para uma Proposta Bakhtiniana de Estudos dos Gêneros Discursivos”, referência ao pensador russo Mikhail Bakhtin (1895-1975).
Como filósofo da linguagem, Bakhtin propõe uma translinguística, que inclui todas as formas de expressão como gêneros a ser estudados por uma disciplina comum. Não só os formatos escritos e falados (poemas, artigos, reportagens) seriam gêneros do discurso, mas toda organização de informações: lista de compras, sermão, notícia de TV, rótulo de mercadoria, canção pop, coreografia de chacrete, posts de blogue (os exemplos são meus, não de Bakhtin).
Sem sair do gênero "aula", o prof. Sobral analisou um rótulo dos Alfajores Punta Ballena, o chamado "CocoLate", quanto aos signos visuais, a organização do texto no espaço, o uso de dois idiomas, as implicâncias políticas, as duplas leituras das palavras "coco", "late" e "punta".
Da mesma forma, os textos se apresentam, em cada gênero, segundo certas regras formais e com seus conteúdos mais explícitos ou mais simbolizados. Às vezes, as mensagens já pressupõem as respostas possíveis. Por razões implícitas no gênero, no discurso ou no texto é que certos blogues têm mais leitores que outros, ou certos posts despertam mais interesse.
Fotos da web.
Conferi e a aula estava realmente muito interessante! Seja bem-vindo, prof. Adail!
ResponderExcluirParabéns pela matéria, Francisco!
Bj! Tê!